O Rio ganha neste domingo (5) um novo transporte: o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Junto com o primeiro trecho a ser inaugurado — 18 km entre a Rodoviária e o Aeroporto Santos Dumont, ambos no Centro —a cidade recebe também uma nova Avenida Rio Branco e um novo Passeio Público. Sendo que nesta primeira fase, os três só vão circular de segunda a sexta-feira, das 12h às 15h, da Parada dos Museus, na Praça Mauá, ao Aeroporto Santos Dumont, no Centro.
A viagem oficial de inauguração começou por volta das 11h. "Esforço de mobilidade, inspirado pela Olimpíada. Poderíamos fazer os jogos sem o VLT, mas aproveitamos este momento para melhorar o Centro da Cidade", disse o prefeito Eduardo Paes, que reiterou pedidos para a população ficar atenta, e que o novo transporte é silencioso. "Fizemos um boulevard no Centro, para que a população circule por ele e não pelos trilhos", disse o prefeito, garantindo que até a Rio 2016, os dois trajetos estarão funcionando plenamente.A inauguração foi uma festa. Além do prefeito e do secretário de Governo Rafael Picciani, autoridades, políticos, celebridades e ritmistas de escolas de samba participaram da viagem inaugural. Segundo o prefeito, o Dia Munidial do Meio Ambiente foi perfeito para a estreia de um veículo moderno e não poluente e que vai ajudar a mudar a cara da cidade.
Para a inauguração, a Avenida Rio Branco será fechada integralmente das 8h às 18h e se transformará numa grande área de lazer. A via só volta a ter tráfego na segunda-feira (6). O prefeito descerrou a placa de inauguração do novo boulevard da avenida ao lado do ex-secretário de Governo Pedro Paulo Carvalho, que deixou o cargo e é pré-candidato à prefeitura do Rio.
O novo transporte vai integrar todos os meios de transporte do Centro e da Região Portuária - barcas, metrô, trem, ônibus, rodoviária, aeroporto, teleférico, terminal de cruzeiros marítimos e, futuramente, o BRT Transbrasil.
Lembrança dos bondes
Ele é uma atração enquanto cruza, quase sem ruído, a Avenida Rio Branco, no Centro do Rio, numa manhã chuvosa de outono. Não há pescoço que fique parado, nem celular que fique guardado. E para quem tem mais de 60 anos, é uma viagem de volta no tempo.
Foi assim que se sentiu o advogado aposentado, Marcos Muniz, 73 anos, ao entrar pela primeira vez no Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), na última quinta-feira (2), convidado pela reportagem do G1. Veja imagens da viagem.
O passeio reuniu jornalistas que acompanharam os últimos acertos do VLT antes da entrada em circulação do primeiro trecho – rodoviária ao Aerporto Santos Dumont – neste domingo (5).O advogado carioca disse que achou o VLT moderno e bem mais confortável do que os bondes antigos. Enquanto conhecia o trem, ele relembrou os tempos em que usava o antigo meio de transporte, que parou de circular no final dos anos 1960. Tudo bem vivo na memória.
"Tô muito feliz, viu. Como carioca, vivi minha infância nos Pilares, no Méier, e viajando de bonde o Rio de Janeiro. A volta, sinceramente, está me deixando encantado", afirmou Muniz.
Atenção no trajeto
O VLT, com sua modernidade e tecnologia, é o mais novo integrante de uma já tumultuada paisagem onde estão ônibus, carros, motos, bicicletas e pedestres.
E esse será um dos grandes desafios para Elivelton da Silva Alves, 38 anos, ex-motorista de caminhão-reboque da Ponte Rio-Niterói, um dos 28 condutores dos trens.
Ele vai ter que usar todos os conhecimentos do curso que fez durante um mês na França para evitar situações como as que nossa equipe flagrou durante o teste nesta quinta: pedestres que atravessam fora da faixa; ônibus que ficam parados sobre os trilhos; e entregadores de mercadorias que invaSegundo ele, a buzina é acionada uma ou duas vezes em cada cruzamento dependendo da quantidade de pessoas em cada cruzamento. Ele confessa que durante os testes já usou muito o freio, principalmente por causa das selfies dos curiosos. "Nossa intenção é que a pessoa olhe para nós e veja que o VLT vai passar".
No dia do teste, Elivelton usou velocidades entre 5 e 27 km. Além da buzinha, guardas do Centro de Operações da prefeitura orientam pedestres e motoristas sobre a aproximação do trem. O período em que ele fica mais tempo parado é no cruzamento da Avenida Rio Branco com Avenida Presidente Vargasdem o espaço do VLT com suas bicicletas. Por isso, Elivelton passa boa parte do percurso com o dedo na buzina do trem.Na quinta-feira (2), a Justiça negou o pedido feito pelo Ministério Público. Uma audiência especial foi realizada na quarta-feira (1º), quando a prefeitura esclareceu que a CET-RIO já monitora a sinalização semafórica instalada pela Concessionária do VLT Carioca.
Na decisão, a juíza destacou que há riscos em qualquer lugar em que haja tráfego de veículos e pedestres, mas que podem ser reduzidos com a instalação de sinalização adequada – o que a prefeitura afirma ter cumprido.
Funcionamento em etapas
De acordo com a prefeitura, serão oito fases de implantação até o início da Olimpíada, no dia 5 de agosto. Nesta etapa que inaugura domingo, serão oito paradas — Parada dos Museus (ao lado do Museu de Arte do Rio), São Bento, Candelária, Sete de Setembro, Carioca, Cinelândia, Antônio Carlos e Santos Dumont. Quando estiver totalmente pronto, o percurso terá 28 paradas e três estações.
O passageiro vai viajar de graça até 1º de julho, durante esse período de funcionamento. Inicialmente, batedores da CET-Rio acompanharão os VLTs, para alertar as pessoas na rua.
Na primeira semana, a circulação será de três horas (de 12h as 15h), com meia hora de intervalo entre as viagens e somente nos dias úteis. Três trens vão fazer esse percurso. A circulação será entre a Parada dos Museus, na Praça Mauá, até o Aeroporto Santos Dumont.
Na segunda semana, o horário será ampliado para 11h até 16h.
Na terceira semana, os trens vão sair da Parada dos Navios até o Santos Dumont, de 10h até 16h, com intervalo de 30 minutos. Na semana seguinte, os trens partem da parada da Praia Formosa, no Santo Cristo, até o Santos Dumont, de 9h até 17h, com intervalo de 15 minutos e sete veículos.Na sexta e na sétima semana, também será ampliado o horário de início e de término das viagens. Primeiro eles vão circular das 7h às 21h, com intervalo de 15 minutos. Em seguida, das 6h às 24h.
E no início do período olímpico, a circulação será feita da Parada dos Navios ao Santos Dumont, nos horários de pico, com intervalo de 15 minutos e três veículos. Haverá nessa fase a conexão com outros transportes.
Tarifa x Bilhete Único
Com passagens a R$ 3,80, os novos trens terão integração com todos os outros transportes públicos da cidade: trens da SuperVia, metrô, barcas, teleférico do Morro da Providência, ônibus e BRT.
Em operação plena, a capacidade do VLT deve chegar a 300 mil passageiros por dia. O VLT vai operar 24 horas por dia nos sete dias da semana. Cada vagão vai comportar 420 passageiros.
Agentes uniformizados estarão em todas as paradas orientando os usuários sobre o novo sistema. Não haverá cobrador no trem e por isso o passageiro terá que validar o seu bilhete em máquinas instaladas dentro das composições.
Quem não validar o bilhete dentro do VLT, poderá ser multado no valor de R$ 170. A secretaria alerta que não será possível comprar o bilhete dentro dos trens. Para isso, serão instalados postos de vendas próximos das paradas na Avenida Rio Branco.
O mecanismo de pagamento será diferenciado. Será adotado o sistema de validação voluntária no qual, o passageiro, ao entrar no veículo, deve utilizar um dos autenticadores disponibilizados no vagão para efetuar o pagamento da passagem.
A segunda etapa de implantação do VLT – entre a Central do Brasil e a Praça 15 – está prevista para o segundo semestre, após as Olimpíada.
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