Investigado por apologia ao crime e por envolvimento com o tráfico de drogas, o MC Poze do Rodo, que foi preso nesta quinta-feira (29), afirmou para a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) ter ligação com a facção Comando Vermelho.
Toda pessoa que entra no sistema penitenciário fluminense precisa preencher uma ficha com informações básicas sobre a prisão. Um dos campos, “ideologia declarada”, diz respeito à facção à qual esse preso diz pertencer.
Não se trata de uma confissão de culpa: a fim de evitar conflitos, as cadeias do RJ também são divididas entre facções. Uma unidade, por exemplo, abriga só presos declarados do Comando Vermelho, longe das alas que recebem os rivais do Terceiro Comando Puro.
Há 9 opções na ficha:
Neutro — sem facção;
ADA — Amigo dos Amigos;
TCP — Terceiro Comando Puro;
CV — Comando Vermelho;
Milícia — qualquer grupo paramilitar;
federal ou estrangeiro;
servidor ativo;
ex-servidor;
LGBTQIA+.
O g1 teve acesso ao prontuário preenchido pelo cantor. O MC marcou a opção Comando Vermelho.
Com a declaração, ele foi levado para a Penitenciária Serrano Neves, conhecida como Bangu 3, no Complexo de Gericinó, uma das unidades prisionais onde estão membros do CV.
Poze jamais escondeu o envolvimento com o CV no passado. Em entrevista ao Profissão Repórter, ele chegou a falar sobre o assunto.
“Já troquei tiro, fui baleado e preso também. E eu pensei: vou querer ficar nessa vida aqui ou viver uma vida tranquila? Então, eu foquei em viver uma vida tranquila, batalhei e hoje em dia eu passo isso para a molecada: o crime não leva a lugar nenhum”, relata.
O que diz a defesa de Poze
A defesa do MC divulgou a seguinte nota:
“O sistema penitenciário divide presos provisórios e sentenciados por critérios determinados em relação a comunidades de origem ou supostas relações com determinações territoriais.
Essa prática via de regra pretende garantir a segurança e ordem de celas e galerias, evitando a ação de terceiros.
Alguém que teme ser confundido ou tido como participante de determinada denominação, via de regra é orientado a dirigir-se a mesma para evitar tumulto, sendo medida de segurança para si e para outros.
Esta prática, todavia, em nenhuma hipótese, traz ou poderia trazer qualquer grau de certeza sobre afiliações, associações ou qualquer vínculo do gênero.
Até o momento, tem-se uma decisão judicial que terá seus fundamentos discutidos no Poder Judiciário por meio de um Habeas Corpus.
A preocupação maior é estar diante de uma ação policial completamente espetacularizada e diversos atos de abuso de autoridade cometidos pela Policia Civil, como uso indevido e desnecessários de algemas, busca e apreensão fora dos limites legais com subtração de bens não especificados, como as joias que o próprio Poder Judiciário deixou na posse do artista em outra investigação, assim como a exposição cinematográfica de uma prisão temporária, cujo objetivo ideal é garantir investigação, cujo sigilo e lisura, próprios do interesse de um serviço público que deve ser conduzido com inteligência, foram completamente escanteados com a realização de coletivas de imprensa e entrevistas sobre dados da investigação que sequer foram revelados no pedido cautelar.”
A prisão
A Justiça manteve em audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (29) a prisão do cantor; a audiência foi realizada na cadeia de Benfica, para onde o MC foi levado após a prisão.
O artista foi preso no fim da madrugada desta quinta-feira (29) por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do RJ.
Policiais cumpriram o mandado de prisão temporária na casa dele, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Poze não quis dar declarações ao sair de casa nem ao chegar à Cidade da Polícia — apenas reclamou estar algemado. Na transferência para a Polinter, por volta das 11h40, Poze disse que sua prisão é uma perseguição.
Quem é Poze do Rodo, cantor preso por apologia ao crime e envolvimento com o tráfico
"Isso é perseguição, mané. Cara de pau, isso aí é perseguição. É indício, mas não tem prova com nada. Manda provar aí"
"Isso é perseguição, mané. Cara de pau, isso aí é perseguição. É indício, mas não tem prova com nada. Manda provar aí", disse o MC, afirmando que a polícia deveria ir atrás dos criminosos e dos traficantes que estão nas comunidades, não dele.
Ao g1, o advogado Fernando Henrique Cardoso Neves declarou que se trata de “uma narrativa antiga”.
“Queremos entender o motivo dessa nova prisão. Essa é uma narrativa já antiga. Se ele não for liberado, vamos entrar com um habeas corpus”, disse.
Poze foi levado para a DRE descalço, sem camisa e com as mãos imobilizadas pelos agentes.
Atração do CV
De acordo com as investigações, Poze realiza shows exclusivamente em áreas dominadas pelo Comando Vermelho (CV), com a presença ostensiva de traficantes armados com fuzis, a fim de garantir a “segurança” do artista e do evento.
Ainda de acordo com a DRE, o repertório das músicas de Poze “faz clara apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas de fogo” e “incita confrontos armados entre facções rivais, o que frequentemente resulta em vítimas inocentes”.
A delegacia afirma que shows de Poze são estrategicamente utilizados pela facção “para aumentar seus lucros com a venda de entorpecentes, revertendo os recursos para a aquisição de mais drogas, armas de fogo e outros equipamentos necessários à prática de crimes”.
“A Polícia Civil reforça que as letras extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas. As investigações continuam para identificar outros envolvidos e os financiadores diretos dos eventos criminosos”, declarou a instituição.
FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/05/30/poze-do-rodo-bangu.ghtml
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