Em coletiva de imprensa após a operação contra o Comando Vermelho (CV) que deixou ao menos 64 mortos, Castro afirmou que o Estado que comanda enfrenta o crime organizado "sozinho", uma vez que forças federais, segundo ele, não o ajudam.
A nota do MJSP lista uma série de medidas tomadas entre o governo federal e o Rio de Janeiro, como operações integradas, investimentos e apoio de agentes. E diz que, desde 2023, primeiro ano do atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), todas as 11 solicitações de renovação da Força Nacional no território fluminense foram acatadas.
O ministério, chefiado por Ricardo Lewandowski, também menciona 178 operações da Polícia Federal no Rio de Janeiro em 2025, com 210 prisões efetuadas e apreensão de 10 toneladas de drogas e 190 armas de fogo; 855 mandados de prisão cumpridos entre 2024 e 2025; e dezenas de milhares de objetos apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal desde 2023, de veículos a armas, munições e drogas.
A nota provoca Castro ao dizer que o Fundo Penitenciário Nacional repassou mais de
R$ 99 milhões ao Estado entre 2016 e 2024, dos quais "apenas cerca de R$ 39 milhões foram efetivamente utilizados, restando mais de R$ 104 milhões ainda em conta". Também menciona um saldo de R$ 174 milhões não usado dos repasses do Fundo Nacional de Segurança Pública.
Entre os acordos de cooperação firmados entre as duas administrações, o MJSP menciona a integração do Estado à Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim) e à Rede Nacional de Recuperação de Ativos de Facções Criminosas (Recupera), um acordo de cooperação técnica para a criação da Célula Integrada de Localização e Captura de Foragidos, e outro para a criação do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (CIFRA).
"Ainda, em 5 de fevereiro deste ano, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, esteve no Ministério da Justiça e Segurança Pública para uma reunião com o ministro Ricardo Lewandowski. À ocasião, o ministro atendeu a um pedido do Estado e ofereceu dez vagas em presídios federais para alocar lideranças criminosas do Rio de Janeiro", informou o ministério.
Acusações contra Brasília
Castro disparou as acusações contra o governo Lula numa coletiva de imprensa em meio ao estado de guerra a que se submeteu o Rio de Janeiro nesta terça. Após a prisão de membros da facção, o CV determinou o bloqueio de vias importantes na cidade.
"As nossas polícias sozinhas. É uma operação maior do que a de 2010 e, infelizmente, dessa vez, como ao longo desse mandato inteiro, não temos o auxílio nem de blindados, nem de nenhum agente das forças federais, nem de segurança, nem de defesa. A gente sozinho nessa luta, estamos fazendo a maior operação da história do Rio de Janeiro", afirmou Castro.
Questionado se o governo estadual pediu ajuda ao governo federal para a operação, Castro disse que não foi solicitado nenhum apoio "desta vez" porque já houve três negativas de ajuda ao Estado.
"Não foram pedidas desta vez, porque nós já tivemos três negativas. Nós já entendemos que a política é de não ceder. Falam que tem que ter GLO (Garantia da Lei da Ordem), que tem que ter isso, que tem que ter aquilo, que podiam emprestar o blindado e depois não podiam mais emprestar porque o servidor que opera o blindado é um servidor federal. O presidente já falou que ele é contra GLO. A gente entendeu que a realidade é essa e a gente não vai ficar chorando pelos cantos", afirmou Castro.
Mais cedo, o secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, disse em entrevista à TV Globo que o seu Estado não tem condições de enfrentar sozinho o crime organizado. Ele afirmou que o governo solicitou ajuda federal em uma operação anterior contra o CV, mas teve o pedido negado.
"São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem. Casas construídas de forma irregular, becos que é impossível fazer o patrulhamento. Isso causa risco maior à população e obviamente aos policiais. Esses criminosos dominaram essa região. Hoje, por exemplo, utilizaram drones lançando artefatos explosivos contra os policiais e a população. Essa é a realidade, esse estado de guerra que a gente vive no Rio de Janeiro", disse Santos.
O secretário afirmou que "sozinho ninguém consegue fazer nada" e que há quase 1900 favelas no Rio de Janeiro, no quarto menor Estado, mas o terceiro mais populoso. "Seiscentos fuzis apreendidos na mão de criminosos. É um diagnóstico muito ruim do Rio de Janeiro. E o Estado vem fazendo esse papel de combate sozinho há anos. É importante, sim, que o Estado, a prefeitura e a União sentem à mesa, sem ideologia", declarou.
(Com Agência Estado)
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