Marcos Lopes/HiperNotícias |
É certo que a população repudia os atos criminosos praticados nestas manifestações (por uma pequena parcela dos presentes), fato que prejudica a imagem do movimento, que é legítimo. Porém, pegando carona na indignação nacional diante do crime, o Senado tenta aprovar, a toque de caixa, a chamada lei “antiterror”, cujo cunho generalista terá como conseqüência a criminalização das manifestações do povo e das entidades organizadas por melhores condições de vida e de trabalho. Algo que tem cunho completamente político, já que, na prática, o “quebra-quebra” nos protestos não poderia ser enquadrado como crime de terrorismo, visto que já ser crime de 'vandalismo'. E afinal, qual será o critério para definir o que é ou não terrorismo, caso seja aprovada a lei?
A manifestação pacífica é legítima e deve ser defendida desta tentativa de abrir precedentes para a violência policial gratuita e para outros atos extremos do Estado contra o direito de livre manifestação do cidadão.
Ao mesmo tempo, o episódio lamentável da morte do cinegrafista (e os desdobramentos que daí advieram) traz de volta a questão que já tinha se apresentado na época em que os protestos começaram: a presença das entidades sindicais e de outras organizações sociais - que foram rechaçadas à época - teria dado rumo diferente ao movimento? Ao se definir como um movimento sem lideranças, não se teria aberto espaço para a proliferação de diferentes correntes e oportunistas, muitos dos quais totalmente avessos aos ideais defendidos, o que culminou em situações como a citada acima?
Está fazendo falta a presença das entidades sindicais e das organizações sociais que, em seu longo histórico, acumularam experiência na organização e formação política das massas para articular demandas junto aos representantes do poder público. As mesmas entidades cujas ações foram e são ignoradas (ou deturpadas) pela grande mídia.
Um movimento sem lideranças é como um corpo sem cabeça. A quantas mortes ainda teremos que assistir?
*RONEI DE LIMA é vice-presidente da Nova Central Sindical - Mato Grosso
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