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Toma-se por legítimo que o partido do governador do Estado reivindique espaços mais generosos no governo. No mínimo, era de se esperar que o PMDB não ficasse inferiorizado na correlação de forças com os demais partidos da coalizão governista, especialmente o PR, que ainda é predominante nos espaços de poder do Executivo Estadual.
Há, todavia, que se compreender que um governo de coalizão deve dividir o bolo de poder com todos, provocando um certo equilíbrio nessa correlação. Não é o que acontece, contudo. O PR tem espaço demais, o PMDB de menos, e outros partidos – os considerados nanicos -, estão praticamente excluídos. Nessa engenharia, Silval Barbosa ainda não acertou.
Primeiro, porque perdeu tempo demais com gente inepta na prancheta da articulação política. O rascunho da composição do governo foi responsabilidade da Casa Civil, que até esses dias era negligenciada. Houve mais preocupação em lotar a secretaria com delegados e fazer contratos de assistência oftalmológica, do que, propriamente, com a articulação política. E quando se metia nesses assuntos, o que se via era um borrão no papel. E há também que se reconhecer que José Lacerda ainda não teve tempo para arrumar a Casa – se é que terá respaldo para fazê-lo.
Voltando ao PMDB, apesar dessa relação de poder no seio do governo ser uma preocupação justa e constante, ela não deveria ser a única dimensão de atuação do partido. O PMDB está com problemas sérios nas administrações dos maiores municípios que dirige.
Os prefeitos de Sinop, Rondonópolis e Sorriso, respectivamente Juarez Costa, Zé do Pátio e Chicão Bedin, estão amargando índices de impopularidade altos. Em alguns menores, casos de Rosário Oeste e Alto Paraguai, a instabilidade política está criando um caos administrativo.
Logo, até na simplicidade da visão parnasiana, o problema não é dos prefeitos, mas do PMDB. Considerando que este é o partido do governador do Estado, da segunda maior bancada da Assembléia Legislativa, e cujo presidente, Carlos Bezerra, é um dos políticos mais influentes da bancada de Mato Grosso no Congresso Nacional, o problema é ainda mais grave, porque revela que a legenda pode ter-se tornado um gigante de pés de barros ou um partido cupulista.
Como fica a imagem do partido se, nas eleições do ano que vem, o PMDB sair menor do que entrou? Que reflexos negativos isso trará ao Governo? Que influências isso terá nas eleições de 2014?
O conflito entre partido e governo no exercício do poder é clássico. As formas mais bem-sucedidas mostram partidos com vida orgânica, que buscam nessa vida dinâmica, a partir da base, oferecer respaldo político do Governo, municiando seus membros a travarem essa disputa interna de conteúdo programático, político. De novo, não é o que se vê na relação do PMDB com o governo Silval Barbosa.
Ao que tudo indica, o PMDB está compartimentado em “bloco do governo”, “bloco da assembléia”, “bloco de prefeitos” e “bloco dos excluídos” - que congrega a imensa maioria dos militantes, inclusive vereadores. Claro que governo é um navio no qual não cabe todo mundo. Mas, os que embarcam precisam ter alguma sinergia com os que ficam no cais. Caso haja ruptura nessa relação, o barco pode afundar ou navegar sem rumo. É o que já estamos vendo.
(*) KLEBER LIMA é jornalista, consultor de marketing e diretor de Hipernoticias. E-mail: [email protected]
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