Steffano Scarabottolo |
Onde está aquele aviãozinho que apareceu por aqui na semana da eleição?
Aquele mesmo que, segundo a imprensa, estava em um hangar no interior do Paraná e foi comprado pelo Brasil para fiscalizar as nossas fronteiras e assim dificultar o tráfico de drogas da Bolívia para Mato Grosso.
Todo o governo se mobilizou para recepcionar a pequena aeronave não tripulada e invisível que chegou à Cuiabá acompanhada por volumosa comitiva de Brasília, chefiada pelo Vice-Presidente da República. Lá estavam também o Ministro da Defesa, autoridades civis e militares, além de um pelotão de soldados treinados para o combate ao narcotráfico.
Após as cerimônias protocolares no puxadinho do Aeroporto de Várzea Grande, com filmagens e entrevista à imprensa, a comitiva se deslocou para a cidade de Cáceres.
Ninguém mais teve notícia da festa do aviãozinho não tripulável e invisível, e a paz voltou a reinar entre nós.
Era o cumprimento de promessa da campanha presidencial de 2010, já que o combate ao narcotráfico e a fiscalização das nossas vulneráveis fronteiras é função constitucional do governo federal.
Tempos atrás, a nossa secretaria da Copa foi à Rússia e comprou, e pagou adiantado, o valor equivalente a dez jipes para esse trabalho de fiscalização das nossas fronteiras.
Esta transação deu o maior rolo com a justiça; os jipes lands rovers não chegaram, mas o dinheiro, até agora que é bom, não foi devolvido para o seu devido lugar, que é o cofre público.
Fomos surpreendidos - com menos de uma semana da festa do aviãozinho do governo federal - com uma notícia preocupante, mas tão comum nos nossos dias.
Um pequeno avião boliviano, comandado por um piloto boliviano, realizou um pouso forçado em uma fazenda muito próxima a Cuiabá por falta de combustível.
O avião do narcotráfico é visto até a olho nu, e facilmente detectável pela mais primária torre de controle de um modesto aeroporto do interior do Brasil.
Não é que ele não foi observado pela ‘sofisticada’ torre de controle de um dos aeroportos da Copa do Mundo?
Por muito pouco o avião boliviano não pousa tranquilamente em Cuiabá.
Pelo visto, o avião invisível não está nas nossas fronteiras, mas ninguém explicou ainda nada sobre o motivo da sua retirada extemporânea.
A verdade é que o pequeno e velho avião boliviano transportava quatrocentos quilos de droga para abastecer o mercado interno e o internacional.
Enquanto isso, os bandidos organizados, diariamente, dominam uma cidade do nosso interior, espalhando a morte e o medo nos ruralistas que produzem a riqueza deste Estado.
Bancos são invadidos e os clientes feitos de escudo humano aos criminosos.
O número de mortes produzidas pela violência em Cuiabá atingiu níveis alarmantes.
Percentualmente, a nossa capital está classificada entre as cinco cidades com o maior índice de criminalidade do Brasil. O principal fator dessa desgraça social é o tráfico de entorpecente.
O pior que nenhuma providência é adotada pelo governo, que conta com um número reduzido de combatentes ao narcotráfico. As políticas públicas direcionadas ao mal do século, ainda estão em estado gasoso com fortes tendências a se transformarem no nada.
Por muito menos, notícias como essas são divulgadas pela mídia internacional, exigindo providências da ONU e ameaça de intervenção.
O caos está instalado no Estado da Copa, impotente de uma ação propositiva, na luta contra o crime.
A população não suporta mais trabalhar, pagar pesados impostos e não receber nem a paz como contrapartida.
Será que estamos à beira de uma intervenção pelas tropas da Força Nacional em Mato Grosso?
Motivos não faltam.
(*) GABRIEL NOVIS NEVES é médico, professor fundador da UFMT e colaborador de HiperNoticias. E-mail: [email protected]
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