Cheguei! Cheguei! você deve estar se perguntando onde… mas, infelizmente, devo admitir que eu cheguei ao fundo do poço. Mesmo com toda vergonha, desespero, e falta de amor próprio, eu fui fisgada pelo AA. - que eu chamo carinhosamente de aliança de amor.
Minha mãe me implorou e depois de muita insistência eu me propus a participar das reuniões, coloquei meu preconceito no bolso e fui lá achando que só encontraria andarilhos e pessoas que ao meu ver não se pareciam comigo. Ledo engano, nas reuniões eu tenho me deparado com pessoas maravilhosas, essencialmente amorosas, muito sábias e acolhedoras.
Mas ainda assim eu me perguntava, por que eu? eu, uma alcoólatra? nunca… minha psiquiatra já havia dito que eu tinha compulsão pela bebida, mas que ainda não era alcoólatra; e acrescentava que isso era uma comorbidade consequência da minha bipolaridade, mas mesmo assim resolvi seguir o plano e me prometi que iria ficar seis meses sem beber. Mas com um mês eu recaí.
O que me surpreende é que não havia falado dele (meu padrinho) que me acolheu e tratou com amor e compreensão, sem julgamentos…
Voltando à recaída, eu pedi a uma companheira para ser minha madrinha! Ela é uma pessoa incansável, que se propõe a ser melhor todos os dias. Se você não tem padrinho ou madrinha procure um… é imprescindível para a recuperação! Sou grata aos meus.
Eu estou há uns 30 dias limpa e graças à força superior e ao apoio dos meus colegas de AA, meus pais, amigos e meu filho não estou sentindo vontade de beber.
Eu amo cantar, sou uma artista (risos). Segundo meu padrinho, alcoólicos não podem com muitos elogios, pois ficam com o ego inflado e correm o risco de recair na bebida.
Mas vamos ao que importa… essa vida boêmia, essa saídas para bares, essas bebedeiras desregradas, más amizades, os meus traumas e minha falta de caráter formaram um combo para que hoje eu seja uma alcoólica, felizmente agora em recuperação.
A minha vida chegou ao ponto em que eu não sentia mais graça sem o álcool, e tudo que eu fazia na vida era com o fim de conseguir o meu primeiro e o meu 1000º copo, pois eu não queria parar antes de ficar embriagada.
Cometi uma série de insanidades, tais como misturar medicamento com bebida, sair com pessoas desconhecidas, beber com meu filho junto de mim, envolver-me em brigas, enfim, poderia preencher um livro com todos os vexames que dei. A ingestão do álcool provoca no meu organismo uma transfiguração, eu realmente acabo virando outra pessoa.
Eu me transformo em uma pessoa vulgar, que provoca as pessoas que estão por perto para que sintam ciúmes, tento chamar atenção para mim, entre milhares de outras coisas que faço como resultado da insanidade que assume o controle de minha vida.
Não posso mentir para ninguém, mas eu amo beber. Contudo, a derrota para o álcool tornou-se uma dura realidade para mim. Eu realmente perdi. Perdi amigos, perdi familiares, quase perdi meus pais e meu filho mas, graças a Deus, sobraram-me força e muito boa vontade para não desistir de mim.
Para ser sincera, não é nada fácil parar de beber, estou reaprendendo a achar alegrias na minha vida, nas pequenas coisas do dia a dia, principalmente junto ao meu filho e aos meus familiares que são as coisas mais importantes pra mim.
Passei por violência familiar e quero quebrar esse ciclo com meu filho; sei que somente sóbria isso será possível.
Segundo a minha madrinha nós podemos mil coisas só não podemos uma: beber! Então só por um dia eu não irei beber e eu desejo 24 horas de sobriedade para vocês assim como desejo pra mim.
(*) BIANCA é nome fictício em respeito à tradição do Anonimato.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.