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Artigos Sábado, 24 de Dezembro de 2011, 12:00 - A | A

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Sábado, 24 de Dezembro de 2011, 12h:00 - A | A

Os patins de Noel!

É assim que o Natal toca os corações daqueles que já sabem. Que mesmo diante da realidade - onde não há nenhum velhinho gorducho, de inadequadas roupas vermelhas, enorme e esquisita barba branca, acompanhado de duendes e renas - a vida vale a pena!

KAROL ROTINI

 

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Tenho algumas lembranças da infância, e com a proximidade do Natal, compartilho a mais importante. Começou porque eu queria uns patins, mas não era qualquer um: era daqueles em que se punha o tênis dentro, de ferro, com rodinhas. Então escrevi para Papai Noel pedindo!

Ah, como queria aqueles patins! Já grafava mentalmente as cenas: eu descendo as ruas do Boa, com os amiguinhos, em alta velocidade (disputando quem se esfarrapava primeiro! Essa conseqüência eu não previa, mas a realidade seria esta, como o fora com a bicicleta: eu espatifada no asfalto! Mas quem se importa?)!

Tinha sete anos então. Carta escrita e já esperando! Ceia de Natal, família reunida, Jingle Bell e Noite Feliz tocando a toda e repetidamente. Roberto Carlos logo ao amanhecer. Acordei esperançosa, afinal, mocinha bonita não falava palavrão, e eu nunca dizia nenhum. Com ótimas notas, boa filha, merecidamente eu aguardava.

Corri para a árvore! Tínhamos duas: a normal, que ficava na sala, toda enfeitada - prata com bolas rosa; e uma de madeira, toda esquisita - coisa de quem tem mãe artista plástica. Não estava na primeira. Corri para a outra. Que decepção! Havia ali uma caixa de sapatos. Parece, afinal, que havia feito algo errado, ou, como sempre dizia a verdade, havia confessado algo que deveria ter calado. Ouvira algo sobre ações e conseqüências...

Desanimada, chego perto do meu novo par de sapatos, entregues, rindo, por minha tia. Pegando, estava pesado! Ao tempo de renascer a esperança, abri! Ali estavam meus mais novos patins! Era prata com vermelho! Sorrindo de orelha a orelha, pergunta minha tia: - Gostou da surpresa? Nós te enganamos! Eu que tive a idéia! Eu, ainda aos gritinhos, quase que em semi-histeria: - Mamãe agradeça a Papai Noel! Obrigada, Papai Noel!

Lembro de minha mãe se retirando e minha tia dizendo: - Venha aqui! Segredo: não foi Papai Noel quem te deu! Foi seu pai! E eu: - Por que papai me daria os patins, tia, e não Papai Noel? Ela: - Você já está na idade de saber: Papai Noel não existe!

Foi ali. Parada, boquiaberta, sem querer entender: o impacto! Foi o fim. Onde deixei de acreditar. Naquele momento.

Ainda com um restinho de esperança e tentando reter inocência perdida, corri para minha mãe. Na sala, com meus amiguinhos chegando, para mostrarmos uns aos outros os mesmos patins. De súbito, perguntei: - Mamãe, quem me deu os patins foi papai, porque Papai Noel não existe?

Pronto! O mal não somente estava feito, como havia se espalhado! A choradeira começou. Um voltou para casa. Outros, murmurantes ou letárgicos, absorviam ali o fim desta parte da infância, como eu havia suportado apenas segundos atrás! Minha mãe ainda tentou contornar, mas... Fui juntando os fatos, alguns foram acrescendo detalhes a eles. Então era isso! Papai Noel não existe.

Muitos anos se passaram desde aquele dia. Tive, três décadas depois, uma vida abençoada, com inúmeros momentos felizes, cuja esperança, por fim, como colher do merecido, finalmente se confirmara. E, por muita sorte, tão mágicos e sensacionais como aquele, ao abrir a pesada caixa de sapatos e encontrar o tão esperado, como aqueles patins.

Houve momentos também onde não entendi ou não quis absorver de pronto seu significado, e, ainda, tenta-se voltar ao menos um segundo atrás, antes do momento da aceitação definitiva, para quem sabe, numa outra realidade, nesse milissegundo, fazer ser diferente. Esta fração temporal que permitiria mudar tudo, e assim obter um novo final, mas que jamais veio! E nestes, resta a lição, aprendida a um custo por vezes alto demais.

Ainda hoje, quando alguém diz que tem más notícias, eu, não somente por ceticismo, mas por peculiar ironia nata, respondo: - Depois que eu descobri que Papai Noel não existe, sou capaz de suportar qualquer coisa! E sorrio.

O final? Não poderia parar por aqui. Ele é feliz! Todo ano minha família se reúne em minha casa. Tenho uma árvore de Natal enorme! Ela é inteira decorada, verde com bolas vermelhas e enfeites dourados, e, como deve ser: tem uma estrela dourada e um lindo anjo no topo!

À meia noite nos reunimos em volta dela. Uns montes de sobrinhos pequenos, que, com o maior dos sorrisos, gritam: - Tia, olha o que Papai Noel me deu! Eu passei de ano, fui bom filho! Um monte de presentes! Olha, tia! Ho, ho, ho! E riem.

É assim que o Natal toca os corações daqueles que já sabem. Que mesmo diante da realidade - onde não há nenhum velhinho gorducho, de inadequadas roupas vermelhas, enorme e esquisita barba branca, acompanhado de duendes e renas - a vida continua e ela vale à pena ser vivida!

E Natal é isso: acreditar e renovar, a fé e a esperança, em dias melhores, que por certo virão! Feliz Natal a todos!

(*) KAROL ROTINI é defensora pública em Mato Grosso e já exerceu os cargos de Defensora Pública-Geral e Presidente da Amdep.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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joao jose 24/12/2011

Tadinha dela, será que ficou traumatizada?!

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