Perda do controle, dano em algum aspecto da vida - física, familiar, não cumprir os compromissos. Esses são alguns dos critérios para uma pessoa ser considerada alcóolatra, segundo o médico hepatologista, Dr. Antônio de Barros.
A dependência de substâncias tóxicas e a emocional têm uma matriz comum - a compulsão em repetir ciclos de se distanciar da realidade, buscar em outra coisa ou no outro a atenção, a estima, a solução dos problemas e o amor. Dessa forma, o vício emocional é um distúrbio psicológico que ocorre quando uma pessoa se torna emocionalmente dependente de outra.
No livro Mulheres que Amam Demais, de Robin Norwood, explica que mulheres que sofrem de dependência amorosa muitas vezes experimentam falta de autoestima, controle excessivo nas relações íntimas, pavor de serem abandonadas. Não só, atraem parceiros emocionalmente carentes, pois homens gentis e estáveis são “enfadonhos”. E ainda, elas tendem psicologicamente a se tornar dependente de drogas, álcool e/ou certos tipos de alimento, principalmente, doces. O livro foi direcionado às mulheres, mas homens também são sujeitos a sofrer de tal distúrbio.
Na abordagem sistêmica, as causas do vício do amor podem ser muitas vezes decorrentes de experiências traumáticas na árvore genealógica, tais como, a perda de uma figura de apego, abuso emocional ou narcisismo cíclico. Feridas na infância que foram toleradas e não resolvidas. Por isso, ficam presas na consciência coletiva e invadem o sistema familiar. Por consequência, a criança cresce com pensamentos limitantes: “minhas necessidades não importam, eu não posso ser amado, eu não sou digno de ninguém, ninguém me entende...”. Assim, torna-se um adulto que espera que alguém cuide dela e depende dos outros para seu bem-estar psicofísico.
Importante mencionar, que ele não afeta apenas os relacionamentos amorosos, mas também pode se manifestar nas relações entre pais e filhos ou de amizade.
O primeiro passo para tratar o vício emocional é reconhecer a própria limitação e vulnerabilidade e buscar auxílio de programas de recuperação, como Mulheres que Amam Demais Anônimas; profissionais de saúde mental - psicólogos, psiquiatras e outras pessoas, que podem dar forças para melhorar. Além de ter a vontade de querer mudar, a confiança para fazê-la e a responsabilidade na tarefa. Parece complexo, mas é possível. Já dizia São Tomás de Aquino: Três coisas são necessárias para a salvação do homem: Saber o que deve crer, O que deve querer, O que deve fazer!
Por meio da constelação sistêmica familiar é possível quebrar o ciclo de abuso daqueles que lhes precederam, constatar a origem da tendência inata de repetir os mesmos dramas afetivos dos antepassados e ressignificá-los. Com isso, aprender a se valorizar, parar de querer tentar modificar os outros para satisfazer as próprias necessidades. Por conseguinte, ter uma base para relacionamentos saudáveis e autênticos. Assim, sair do “fundo do poço”, porque como afirma o psiquiatra espanhol Enrique Rojas, ser livre, e não simplesmente sentir-se livre, implica uma responsabilidade.
(*) BRUNA BERTHOLDO é Advogada e Terapeuta facilitadora em Constelação Sistêmica Familiar Individual e Neuroconstelação Familiar. Escreve para HiperNotícias às terças-feiras. Instagram e facebook: brunabertholdocf/E-mail:[email protected]
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Mariana 17/08/2023
Adoro seus artigos. Só queria parabenizar pelos temas abordados e a forma como discorre.
Marcos 17/08/2023
Perfeito.
Vívian Ochove 17/08/2023
Excelente abordagem nos tempos atuais em que o diagnóstico dessas pessoas “carentes afetivamente” muitas vezes é tardio, ou porque elas mesmas não reconhecem que precisam de ajuda ou sabemos disso quando já é tarde demais. Parabéns Bruna! Seus artigos mais do que bem escritos podem ajudar pessoas a se encontrar na vida!
Aline 17/08/2023
Excelente artigo.
4 comentários