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Cuiabá, sem dúvida, exerce esse papel de liderança. Pode tanto ajudar nas soluções para a região, que compreende cerca de 1 milhão de habitantes - o que a torna no mais importante conglomerado econômico, social e cultural de Mato Grosso -, como, no sentido contrário, pode retardar os processos de recuperação e revitalização deste espaço geográfico.
A política e a economia sempre determinam os demais aspectos. Vivemos um tempo, creio, que a política, se não ajuda, não deveria atrapalhar iniciativas não governamentais e privadas. A região tem potencial, já cria uma economia em escala, o que atrai investidores, e terá no advento da Copa do Mundo uma oportunidade histórica de se reposicionar definitivamente.
É neste contexto que encontra-se o prefeito Chico Galindo. Sua presença na principal cadeira do palácio Alencastro ainda gera um certo desconforto. Afinal, Galindo ascendeu ao cargo com apenas 10 anos depois de vir para a cidade que já tem quase 300 anos. Isso significa que a política nem sempre cria relações orgânicas. Esta, definitivamente, foi inorgânica, inscrevendo-se no campo dos conchavos sob a concepção fantasiosa do ex-prefeito Wilson Santos.
Isso, no entanto, explica o passado, mas é insuficiente para nos fazer entender o presente e desenhar o futuro. O fato é que Galindo, mesmo sem ter capilaridade e base de apoio política e social próprios, é o prefeito de Cuiabá. Dele, a sociedade nunca esperou muita coisa, exatamente por praticamente nem conhecê-lo direito. Muitos acreditam que ele, ao terminar seu mandato, ponha a viola no saco e vá cantar em outra freguesia, afinal, não tem raízes aqui.
É nessa falta de expectativas e perspectivas sobre seu governo que, creio, reside a grande oportunidade de Chico Galindo. Como todos não esperam nada – ou esperam o pior -, ele tem a oportunidade, sem tanta pressão, de surpreender positivamente. Ainda mais com sua insistência em negar-se candidato a reeleição. Menos pressão ainda.
Algumas medidas amargas que talvez se façam necessárias para a cidade, somente alguém nessas condições poderia tomá-las. Um exemplo é a concessão da Sanecap. Um político com lastro e capilaridade local e com projetos políticos de curto prazo jamais tomaria a decisão de efetivar a concessão, porque o custo político seria muito alto. Criou-se um sentimento popular muito refratário a ideia de concessão ou privatização. Roberto França e Wilson Santos tentaram e depois recuaram. Este último, inclusive, já teria confidenciado a amigos mais chegados que seu grande arrependimento da vida pública foi ter feito campanha contra a “privatização da Sanecap”, quando deputado federal. Pela simples razão de ter-se tornado refém da própria língua, quando, como prefeito, tentou fazer o que houvera condenado.
Galindo já surpreende positivamente ao iniciar um processo de recomposição de sua base de apoio. Ao contrário da posição belicista e isolacionista de Santos, o atual prefeito, devagarinho e com uma diplomacia perfeita, vem costurando apoio da Câmara, dos partidos, do governo do Estado e da bancada federal. Ainda falta a base de apoio popular. Esta exige resultados práticos para acontecer - e de tempo. O programa Multiação – viabilizado por meio dessa primeira ação diplomática com Governo do Estado e Agecopa -, já começa a distencionar um pouco sua crise de popularidade ao tapar os buracos da cidade. Falta ainda acertar na saúde, que está caótica; no saneamento (o que passa pela Sanecap); e no trânsito (e as obras de mobilidade da copa farão isso).
Galindo também vem investindo em algo que Wilson não deu muita importância: a comunicação, colocando gente que entende do assunto para planejar e administrar essa difícil relação com a mídia e a opinião pública, especialmente em tempos de crise – quando mais se precisa dessa relação funcionando bem. Mas este tema ficará para a próxima semana.
Por hora, basta dizer que Galindo não tem o que perder. Mais desgastes do que os que já tem, impossível. Se der errado, todos já esperavam. Mas, se der certo, vira herói municipal com direito a busto de bronze na Praça da República.
(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso e diretor de Hipernoticias. E-mail: [email protected]
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Honéia Vaz 14/05/2011
Kleber, olá! Ótimo artigo. Mas, acrescento: para mim desconforto é o prefeito da cidade achar que tem que receber convite para tratar de assuntos muito importantes e exclusivo de Cuiabá e Várzea Grandde. Precisamos de mais o que para estarmos desconfortáveis?
Hneia Vaz 14/05/2011
Kleber,olá! O desconforto gerado é pelo fato de que Galindo acha que tem que receber convite para discutir até o que se refere exclusivamente a Cuiabá e Várzea Grande (VLT x BRT), sendo ele a autoridade da cidade. Esperar mais o que do nosso querido prefeito?
2 comentários