Como será que alimentavam as pessoas durante as décadas passadas, onde não havia a ditadura da magreza e da “alimentação supostamente saudável”, será que era pior, ou melhor?
Hoje tudo faz mal, e as pessoas passaram a viver de recomendações e orientações, e estão declarando guerra contra a obesidade, e na tentativa de viver de “alimentações saudáveis”, seguem orientações de profissionais que propõe um novo mundo da “cadeia” alimentar.
O simples prazer de alimentar, para muitos se tornou uma forma de castigo, porque muitos vivem seguindo e ingerindo alimentos diferentemente dos seus desejos e comendo sem sabor, e como isso, produz insatisfação ao corpo, principalmente em relação aos pecados da carne.
Muitos alimentos estão sendo colocados para escanteio, e aquela alimentação do tempo da vovó, hoje é inteiramente reprovável, e provavelmente por isso, as pessoas vivem em busca de modismo, e por não viver do óbvio, mesmo sabendo que homem é um ser carnívoro, mas tentam incluir em suas refeições folhas e fibras, castanhas e sementes, e que fatalmente o levará a ter depressão “pós prato”. É aquela tristeza ao alimentar sem sabor, e comer uma alimentação que nada tem a ver com a sua cultura alimentar, mas que em nome da “alimentação saudável”, muitos vivem calculando calorias de todos os alimentos e vendo “o mal” em toda a cadeia alimentar, que sustentou gerações e gerações, usando simplesmente o tradicional: feijão com arroz, um ovo frito e um bife.
Os meus antepassados fizeram da alimentação tradicional, um dos fatores para viver até próximo de um centenário, com alimentação simples e saborosa, e sempre diziam que a arte de comer começa no prazer de fazer, e que a alimentação começa bem antes da primeira garfada, ou seja, ao sentirmos o cheiro do alimento, faz com que comece a salivação que ajuda na mastigação, e o sabor faz com que possamos ficar mastigando os alimentos por muito mais tempo. Isso naturalmente facilitará na digestão. Mas ao ingerir um alimento sem cheiro e sem sabor, essas etapas são atropeladas.
Não existe uma pesquisa que promova uma comparação do que será melhor para as pessoas no futuro, se as folhas, castanhas, sementes e fibras, em relação às alimentações tradicionais, e qual das duas aumentará a longevidade, ou mesmo, qual delas é mais rica em nutrientes para a saúde humana.
As pessoas estão descartando o simples e estão se especializando em coisas sofisticadas, difíceis e inúteis, e decididamente esses são os nossos maiores problemas ao participar do espetáculo da vida: que é não enxergar as respostas óbvias, simplesmente por não querer viver na simplicidade.
Como dá saudade das “comidas” tradicionais desta terra, um “ensopadão” de costela, tendo com ingredientes: banana da terra madura, batata doce, espiga de milho verde, mandioca, folhas de repolho, abóbora, maxixe e o tempero a gosto, tudo cozido no caldeirão de ferro.
Sem falar da “Maria Izabel” com farofa de “banana bem madura”; ou costelinha de porco com arroz e pequi; ou carne seca com banana verde; e as tradicionais linguiças cuiabanas assadas no forno; sem esquecer ainda das feijoadas cuiabanas feitas com “osso de corredor com muito tutano” e tendo como componentes: a carne de peito “seca” e a ubre de vaca gorda também seca ao sol, cozida no fogão de lenha até que o feijão ficasse no “djeito”.
Como deixar tudo isso perdido no tempo e aderir a ditadura da “alimentação saudável” sem cheiro e sem sabor? Será que o processo de alimentar sem prazer vai virar moda em 2020?
*Wilson Carlos Fuáh é economista, especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.
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