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Artigos Quinta-feira, 14 de Abril de 2016, 08:51 - A | A

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Quinta-feira, 14 de Abril de 2016, 08h:51 - A | A

A cor da cadeia

A sociedade entende que quem fez algo de errado e está nos presídios deve pagar não só com o tempo na cadeia

PEDRO FÉLIX

arquivo pessoal

pedro felix

 

Cadeia neles! Essa é a frase mais dita e ouvida nos meios televisivos e na boca do povo.  A cadeia é no imaginário popular o lugar onde deve ir todo criminoso que feriu o código de ética de nossa sociedade.

 

A quantidade de criminosos nas cadeias do Brasil em junho de 2015 era de 615.933 pessoas. Dados mostram que em dez anos a população brasileira cresceu em média 10% e o encarceramento dobrou.  Faltam cadeias e a superlotação é uma realidade em todas as unidades da federação.

 

Mato Grosso do Sul, alguns estados do Nordeste e o Amazonas lideram a superlotação com mais que o dobro de presos em locais inadequados e vivendo em condições insalubres. Pratica-se em verdadeira “Vendeta” social contra quem fez miséria contra a sociedade.

 

A sociedade entende que quem fez algo de errado e está nos presídios deve pagar não só com o tempo na cadeia, mas também com doenças, maus tratos e todo tipo de falta de direito ao preso. A criminalidade realizada pelos órgãos públicos nos encarcerados é vista como normalidade.  A perversidade do Estado é aplaudida por muitos e vista como ato regulador ao infrator.

 

A justiça cria processos e põe inúmeros “reeducandos” em isolamentos tirando deles a dignidade e a perspectiva de uma vida futura melhor. Segundo a mesma pesquisa, quase a metade dos presos, estão em situação provisória.

 

Em Mato Grosso 10.334 estão encarcerados, mas só temos 6.432 vagas  (dados de 2015), o que corresponde à média de 2% da população mato-grossense. O número ai inclui os regimes fechado, semiaberto e aberto.

 

Dados de 2013 revelam que quase a metade dos presos em Mato Grosso  não tinha o ensino fundamental completo e de cada 10 infratores, sete são reincidentes. Não se reeduca, ensina-se criminalidade dentro da cadeia. A maioria dos crimes está ligado a crimes contra o patrimônio ou as drogas.

 

O que fizeram estas pessoas para viverem neste ostracismo? Quais os crimes mais comuns, qual classe social é mais afetada neste infortúnio?  Qual a faixa etária e sexual mais delinquente?  Temos que continuar massacrando o outro que cometeu o crime a sofrer muito na cadeia ao ponto de torná-lo um bicho irracional, tornando-o mestre e ou doutor em criminalidade? Como será que andam as estatísticas de recuperação de presos no Brasil?

 

A cor em nosso país demonstra claramente quem está na cadeia. São pobres que não conseguem advogados e os defensores públicos estatais seguem com poucos índices de soltura. Cadeia é para pobre! Para pobre negro, pardo e que não tem dinheiro para sua soltura. Não existe uma politica pública para os nossos presos, o Estado entende que aprisionar é um ato em si completo que vai recuperar pessoas.

 

Enquanto isso, milhões de pessoas reprisam o que assistem, lê, o ouve  nas notícias sobre crimes, que na sua maioria falam apenas de pobres coitados que morando na periferia têm apenas uma só diversão, praticar o crime. Como disse Lula, pobre quando rouba vai para cadeia e rico quando o faz, vira Ministro. Quase que ele virou não é?

                               

*PEDRO FÉLIX é historiador em Cuiabá.

  

  

 

 

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