O senador Blairo Maggi (PR) foi convidado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa da Fifa 2014 a prestar esclarecimentos sobre o processo de escolha da capital como cidade-sede, pois era ele o governador do Estado quando isso aconteceu. A decisão foi aprovada nesta quarta-feira (30).
Com o ex-governador, também foram convocados Marcelo Rosemberg, engenheiro do Castro Mello Arquitetos Ltda, que participou da elaboração do projeto básico de arquitetura do Estádio José Fragelli (Verdão) apresentado à Fifa como o estádio que sediaria os jogos; Luiza Gomide de Faria Vianna, que à época ocupava o cargo de diretora de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, denunciada por ter adulterado o processo que tinha a proposta do governo para alteração do modal de transporte de ônibus (BRT) para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT); Higor de Oliveira Guerra, à época analista de infraestrutura do Ministério das Cidades, responsável pela elaboração de nota técnica que foi contrária à alteração de BRT para VLT, e Ivo Carlos Zecchini, então Superintendente Regional da Caixa Econômica Federal (CEF), responsável por firmar contrato de financiamento e repasse para custeio das obras.
Marcos Lopes/HiperNotícias

Para Oscar Bezerra, depoimento de Blairo Maggi é essencial para as investigações sobre as supostas irregularidades nas obras da Copa
Para o presidente da CPI, deputado estadual Oscar Bezerra (PSB) o contexto histórico da Copa do Mundo irá consolidar a investigação. “O Blairo é peça fundamental nesse processo histórico de construção da Copa do Mundo, ele foi o idealizador, o pensador. É de fundamental importância o seu depoimento, pois vai nos informar de todas as indicações, dos cargos que foram criados e assumidos, o porque de cada um dos nomes. É fundamental a participação dele”, explicou.
DEPOIMENTOS
Na sessão de ontem, foram colhidos os depoimentos do ex-secretário-adjunto de Obras Públicas Jean Nunes e do ex-secretário municipal de Esportes e ex-secretário extraordinário sobre Assuntos da Copa em Cuiabá, Pedro Sinohara. Sinohara destacou que atuou no processo embrionário para escolha da cidade-sede, enquanto secretário de Esportes, e que participou da elaboração de um documento para apresentar à Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) em que demonstrava interesse de Cuiabá em ser sede, que foi encaminhado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Em janeiro de 2009, Sinohara entregou o cargo e, em outubro do mesmo ano, assumiu o comando da Secretaria Extraordinária para Assuntos da Copa e Turismo, no município de Cuiabá. Em 2010, entregou o cargo, que se tornou uma diretoria da Copa e outra do Turismo, ligadas diretamente ao gabinete do prefeito. Conforme Sinohara, a Prefeitura de Cuiabá entregou a responsabilidade na execução das obras da Copa em sua totalidade ao Governo do Estado, porém, não soube informar se houve um acordo ou pedido para repassar esta responsabilidade.
“A Agecopa foi criada para isso e o governo era quem administrava a condução da vinda da Copa. Não acredito que houve favorecimento para o município abrir mão desta prerrogativa, e sim pela preocupação que o Estado teria mais capacidade para gerir estas obras”, disse.
A função da Secretaria Extraordinária da Copa no município auxiliava ações da Agecopa com fornecimento de documentos, questões de infraestrutura e meio ambiente. “Porém, o interlocutor entre município e Agecopa era o Agripino Bonilha Filho, que foi um dos diretores da Agecopa”, destacou.
SEM DEVANEIOS
Outro que depôs foi o ex-adjunto de Obras Públicas Jean Nunes, que destacou os pontos abordados no Caderno de Encargos apresentado à FIFA. Documentos foram apresentados à CBF para concorrer à pré-qualificação. Depois veio a pré-seleção de Cuiabá enquanto cidade-sede, em que apresentou projeto, de fato, na cidade do Rio de Janeiro, com as demais candidaturas. “O então governador Blairo Maggi destacou decisões totalmente técnicas, e elaboramos um anteprojeto com bases reais, mostrando o que podia ser feito, sem grandes sonhos ou devaneios”.
Sobre o Caderno de Encargos, Jean Nunes afirmou que, no projeto, o estádio precisava comprovar a existência de uma capacidade para 43 mil torcedores, ao que o Estado demonstrou que atenderia as especificações da Fifa mediante adequação. Sobre mobilidade urbana, os corredores foram usados para estimar o tempo de deslocamento entre estádio, aeroporto e rede hoteleira, e este podia ser melhorado.
Quanto ao modal de transporte, também foram apresentados corredores, porque não havia definição quanto a isso. Sobre os Centros Oficiais de Treinamento (COT) foram apontados possíveis locais para construção, assim como aconteceu com a infraestrutura turística (até hoje inexistente, aliás), limitada a um potencial, hoje se sabe, jamais explorado. Por fim, sobre o aeroporto foram apresentados meramente dados técnicos sobre pista, voos, etc.
Por fim, Nunes afirmou que sua contribuição para o processo de escolha da sede se limitou à elaboração do Caderno de Encargos, e que voltou a atuar apenas na homologação da licitação para a construção da Arena Pantanal. “Posso garantir que a comissão de licitação atuou com total lisura ao processo, não havendo qualquer interferência de empresas ou agentes políticos, tanto que conseguimos desconto de 23%, diminuindo de R$ 423 milhões para R$ 357 milhões. O projeto básico da licitação foi feito pela GCP, e o recebemos da Sedtur”. Segundo Jean, as medições da Arena Pantanal eram realizadas pela própria Agecopa, que repassava então à Secretaria de Infraestrutura (Sinfra) enfim liberar o pagamento.
O presidente Oscar Bezerra encerrou lembrando que esta fase é crucial na CPI e por isso a convocação do senador Blairo Maggi tornou-se imprescindível. “Na fase em que estamos, a fase histórica de antes da Copa e da criação do comitê e secretaria, é que ele entra, pois a execução toda já foi com o Silval à frente do executivo. Se houve direcionamento ou não, isto irá aparecer a partir deste contexto histórico. Estes depoimentos tem sido produtivos, mesmo que pareça moroso. O resultado virá assim que entrarmos na licitação, pois seguimos o Sumário de Sistematização do Processo de Investigação, que é uma linha do tempo”, observou.
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Pedro da Boleia 02/10/2015
É SILADA BINO.
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