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Polícia Quarta-feira, 27 de Outubro de 2021, 09:47 - A | A

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Quarta-feira, 27 de Outubro de 2021, 09h:47 - A | A

OPERAÇÃO DESOLATA

PF desarticula organização especializada em extração e comércio ilegal de ouro em MT

Medidas judiciais são cumpridas no Estado e outros nove. O grupo criminoso atuava no sul do Pará, especialmente, na Terra Indígena Kayapó.

DA REDAÇÃO

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (27) a 'Operação Terra Desolata' para desarticular organização criminosa especializada em extração e comércio ilegal de ouro. Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão e prisão em Mato Grosso e outros nove estados.

O grupo criminoso atuava no sul do Pará, especialmente na Terra Indígena Kayapó. Conforme a PF, cerca de 200 policiais federais estão cumprindo 62 mandados de busca e apreensão e 12 mandados de prisão preventiva, expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da SJPA.

Além de Mato Grosso, as medidas estão sendo cumpridas no Pará, Amazonas, Goiás, Roraima, São Paulo, Tocantins, Maranhão, Rondônia e Distrito Federal. A Justiça Federal determinou ainda o bloqueio e indisponibilidade de valores em aproximadamente meio bilhão de reais das contas dos investigados, via sistema BACENJUD (sistema que interliga a Justiça ao Banco Central e às instituições financeiras); o sequestro com bloqueio de 5 aeronaves; suspensão da atividade econômica de 12 empresas; sequestro com bloqueio de bens imóveis de 47 pessoas físicas e jurídicas; sequestro com bloqueio de outros 14 bens móveis.

As investigações tiveram início em 2020 e apontam que a organização criminosa atua em três níveis diversos. O primeiro nível se refere aos garimpeiros comuns que extraem o ouro, sem Permissão de Lavra Garimpeira-PLG, e vendem o minério para os intermediários, os quais estão no segundo nível. Estes, por sua vez, revendem o ouro para grandes empresas, que estão no terceiro nível, para no fim injetá-lo no mercado nacional, ou então destiná-lo para exportação. Durante a investigação, foi constatado que sai das terras indígenas do sul do Pará aproximadamente uma tonelada de ouro extraído de forma ilegal, todos os anos.

No curso da investigação, foi identificada a existência de garimpo ativo em áreas particulares, que serão objeto de busca e apreensão em ação conjunta com o Ministério Público do Trabalho, locais em que há suspeita de se ter trabalhadores em condições análogas à de escravo.

Caso confirmadas as hipóteses criminais, os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, pelo crime de usurpação de bens da união, por explorar matéria-prima pertencentes ao referido ente (art. 2º da Lei 8.176/1991); por executar pesquisa, extração de recursos minerais sem a competente autorização (art. 55 da Lei 9.605/1998); por integrarem organização criminosa (art. 2º da lei 12.850/2013); e pelo crime de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei 9.613/1998). Além disso, poderão responder por outros crimes a serem apurados no curso da investigação, como os previstos na Lei n° 9.605/1998 - Lei de Crimes Ambientais, bem como o crime de redução a condição análoga à de escravo, tipificado no artigo 149 do Código Penal.

O nome da Operação “Terra Desolata” é uma referência à expressão italiana equivalente à expressão em português “Terra Devastada”, uma vez que o ouro extraído de forma ilegal no sul do Pará é enviado para Europa, tendo a Itália como porta de entrada, deixando aqui apenas a terra devastada, em italiano: Terra Desolata. (Com Assessoria)

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