Nunca na história do Oscar um filme de língua não inglesa havia sido tão prestigiado. Mas, como regras servem para ser quebradas, o francês “O Artista” derrubou barreiras, superou “A Invenção” de Hugo Cabret, recordista em indicações da noite, e se sagrou o grande vencedor dos prêmios da Academia de Ciências Cinematográficas neste domingo (26), em Los Angeles, na Califórnia.
Filme mudo e em preto e branco que já havia conquistado prêmios nas principais competições do cinema pré-Oscar, o longa de Michel Hazavicius levou cinco estatuetas no total, sendo três entre as quatro principais categorias da premiação: melhor filme, melhor ator (Jean Dujardin) e melhor diretor (Michel Hazanavicius).
O Oscar 2012 também consagrou Meryl Streep, 62 anos, que recebeu seu terceiro prêmio de melhor atriz por sua atuação como Margaret Tatcher em A Dama de Ferro. A atriz norte-americana é a recordista em indicações ao Oscar, com 17 aparições.
UOL |
![]() |
Meryll Streep recebeu seu terceiro prêmio de melhor atriz por sua atuação como Margaret Tatcher em "A Dama de Ferro" |
DISPUTA ACIRRADA
Apesar ter sido considerado favorito na premiação de 2012 desde antes do anúncio dos indicados, no dia 24 de janeiro, O Artista teve um concorrente bastante forte na disputa, impedindo, assim, que qualquer especialista cravasse qual seria o grande vencedor da noite. De fato, A Invenção de Hugo Cabret não só foi indicado a mais categorias - 11 contra 10 - como iniciou a noite conquistando prêmio atrás de prêmio.
De cara, o filme em 3D dirigido por Martin Scorsese levou estatuetas por fotografia e direção de arte. Na sequência, ainda vieram os prêmios por efeitos visuais, som e edição de som - o último da produção, que deixou a cerimônia com um total de cinco estatuetas.
O número de prêmios foi exatamente o mesmo do longa-metragem francês, mas as comparações param por aí. Se Hugo, com seu visual riquíssimo e enredo mais voltado para jovens, levou apenas prêmios técnicos, O Artista conquistou as estatuetas mais prestigiadas da noite - diretor, ator e filme, além de trilha-sonora e figurino.
Apesar de ser conhecida como uma premiação que reconhece produções estrangeiras - e não apenas na categoria específica com esse nome -, o Oscar nunca havia dado uma estatueta de melhor filme para um trabalho francês. Tampouco quando se tratando de uma produção muda e em preto e branco.
NADA DE CARNAVAL
O samba de Carlinhos Brown não teve apelo suficiente diante dos membros da Academia. A despeito de ter apenas um adversário na categoria canção original, Real in Rio, parte da trilha-sonora da animação Rio, composta em parceria com Sergio Mendes, não conseguiu superar os simpáticos bonecos de Os Muppets - O Filme, fazendo o Brasil deixar a cerimônia do Oscar mais uma vez de mãos abanando.
No entanto, não parecia necessário o anúncio do prêmio para ficar claro que Brown sairia derrotado do Teatro Kodak. Bem antes da entrega da categoria, os personagens do longa-metragem da Walt Disney Pictures Caco e Pinky dialogaram em frente às câmeras para dar um ar mais descontraído ao evento - deixando clara a empatia dos organizadores com eles.
Pouco depois, os comediantes Will Ferrel e Zach Galifianakis subiram ao palco para entregar a estatueta de canção, dando clara ênfase à produção dos fantoches.
BOAS NOVAS
Não foi só O Artista que ficou marcado pelo caráter de ineditismo na 84ª edição do Oscar. Na categoria melhor ator coadjuvante, por exemplo, Christopher Plummer, de 82 anos, recebeu a primeira estatueta de sua vida após mais de cinco décadas dedicadas à profissão. Ele foi honrado por sua atuação em Toda Forma de Amor.
Foi a categoria filme estrangeiro, no entanto, que viu os mais profundos rompimentos de barreiras da noite. A produção iraniana “A Separação” conquistou a estatueta e se tornou a primeira do país a vencer no evento. O drama familiar, que relata a ruptura de um casamento no Irã contemporâneo, superou a produção polonesa “In Darkness”, que aborda o holocausto judeu na II Guerra Mundial.
O Irã, que vive período de tensão com o Ocidente, já havia perdido um Oscar anos atrás, quando, em 1998, viu “Filhos do Paraíso” ser derrotado para o italiano “A Vida é Bela”, de Roberto Benigni.
Outro fator curioso ocorreu logo no início da cerimônia, após o anúncio de Octavia Spencer como vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por sua atuação em “Histórias Cruzadas”. Ovacionada pelo público, que a aplaudiu em pé, a artista de 41 anos subiu ao palco aos prantos, sem sequer conseguir ler seu discurso de agradecimento. A bela recepção de seus pares, aliada à surpresa de Spencer com o prêmio, tornou o momento um dos mais emocionantes da noite.
Confira a lista dos premiados
Melhor Filme
O Artista
Melhor Atriz
Meryl Streep, por A Dama de Ferro
Melhor Ator
Jean Dujardin, por O Artista
Melhor Atriz Coadjuvante
Octavia Spencer, por Histórias Cruzadas
Ator Coadjuvante
Christopher Plummer, por Toda Forma de Amor
Melhor Diretor
Michel Hazanavicius, por O Artista
Melhor Edição
Millenium - Os Homens que não Amavam as Mulheres
Melhor Documentário
Undefeated
Melhor Documentário em Curta-Metragem
Saving Face
Melhor Animação
Rango
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.