Ao legado da concessionária Tauro Motors, responsável por distribuir veículos Mitsubishi em Cuiabá, devem ser atribuídos não apenas sucessos, como a recém inaugurada estrutura de 11 mil metros quadrados, o quadro de funcionários altamente qualificados e a média de faturamento que se sobrepõe a muitas outras médias, mas sobretudo uma longa trajetória. Carlos Boscolo, 73, já foi boy, já foi executivo, e até político. Hoje ele é diretor presidente.
Ainda aos 14 anos de idade, Boscolo ingressou em seu primeiro emprego: office boy da sessão de peças da Mesbla, em São Paulo. Foi sua primeira experiência no mercado de trabalho, e também no ramo automobilístico, ao qual desde criança ele se interessou. O ditado popular já diz que “a pressa é inimiga da perfeição”, e foram com lentos, mas determinados passos, que hoje, passados 59 anos, sua imagem é associada ao sucesso de sua própria concessionária.
Fotos: Mayke Toscano/Hipernotícias |
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Da Mesbla, grande loja de departamentos, Boscolo foi trabalhar na montadora da Ford, também em São Paulo, como representante de vendas, onde mais tarde passou a gerenciar as distribuições de Mato Grosso. A visão do paulista era clara: São Paulo, apesar de possuir muitas opções, estava em processo de inchamento.
Durante as viagens a trabalho que fez por muitos estados do Brasil, Mato Grosso foi o local que mais se sobressaiu. “Percebi que as metas e objetivos referentes a Mato Grosso eram muito bem atendidas, enquanto que os outros estados criavam muitas dificuldades”. O desenvolvimento espontâneo do Estado estimulou ainda mais a vontade do empreendedor em buscar novas oportunidades e um futuro promissor.
Em 1978, Carlos Boscolo transfere sua residência e inicia sociedade na Grecovel, concessionária Ford, em Cuiabá. Três anos depois, devido a problemas de relacionamento, acabou rompendo sociedade. O caminho mais curto, que seria o de retornar a São Paulo, ele nem cogitou tomar, e continuou em Cuiabá, terra que escolheu para viver e educar seus filhos. “Hoje tenho a honra de ser cidadão cuiabano e mato-grossense. Aqui tive meus filhos, aqui eles fizeram faculdade e se formaram. Eu acreditei no estado”.
Àquela altura, seus filhos estavam iniciando a vida acadêmica. O mais velho, Paulo Boscolo, era jogador de vôlei da seleção do Estado.
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Carlos Boscolo mostra sua carteira de administrador, seu registro é o número 101 |
Em uma ocasião Carlos Boscolo conheceu o governador Frederico Campos, e se tornaram bons amigos. O “pau rodado”, como ele mesmo define, acabou ingressando na carreira política. “Foi uma opção que eu encontrei para continuar no Estado”, explica.
Do período de 83 a 94, Boscolo foi secretário de comunicação social e secretário de trabalho e desenvolvimento social. A experiência, que não atingia a seus interesses principais – o ramo automobilístico – serviu-lhe como uma grande escola “social”. E enquanto não surgiam oportunidades, Carlos Boscolo foi fixando suas raízes. “O fato de eu estar trabalhando no governo me deu uma experiência muito boa”, conta. “Facilitou o meu relacionamento com as pessoas”.
Em 1993, a presença dos carros importados passou a se tornar uma realidade. Até então, o mercado automobilístico dependia apenas das fábricas existentes na época. Fiat, Volkswagen, GM e Ford. “Com esse fluxo de veículos importados, eu me interessei em retornar às minhas origens”, conta Carlos.
O presidente do Conselho de Administração da Mitsubishi do Brasil, Eduardo Souza Ramos, foi um dos contatos de Carlos Boscolo para garantir o seu pedaço de bolo frente àquela nova conjuntura do mercado. Carlos já o conhecia desde a época da Ford, o que facilitou a aproximação. “Por conhecer o importador da Mitsubishi no Brasil, nós pegamos a concessão dos veículos da marca”, explica.
A empresa de Eduardo Souza Ramos cresceu, e hoje é uma montadora. A Mitsubishi, além da importação de veículos, conta também com a montagem da linha de camionetes. Em Cuiabá, a Tauro Motors fez parte desse processo de importação, que hoje tem a honra de representar.
Inaugurada em 1994, a Tauro Motors abriu as portas com oito funcionários, ditos “faz-tudo”. De 17 anos pra cá, a maior mudança no que se refere ao quadro de profissionais está no campo de especialização. “O mecânico antes entendia tudo de carro. Hoje temos um mecânico para a parte eletrônica, um para o motor, um para a suspensão”.
Hoje são 70 funcionários, distribuídos entre os setores de peças, vendas de veículos novos e usados, serviços (manutenção) e serviços complementares, como seguro, consórcio, equipamentos e acessórios.
A FILA ANDA
A Mitsubishi oferece formação profissional aos profissionais de todas as concessionárias. São cursos na área técnica, mecânica, administrativa, que servem como um processo de atualização teórica. “E quem não se atualiza fica pra trás, porque todo dia tem uma coisa nova”.
Carlos Boscolo, que além de diretor-proprietário e amante de carros é também administrador de empresas graduado, acredita que a descentralização é importante. “Temos gerentes competentes com autonomia para agir de acordo com os critérios que ditamos para o desenvolvimento da empresa”.
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O campo do automobilismo passa por evoluções simultâneas, e acompanhá-las é quase um dom. “O comprador tem opções de compra, vários modelos. E para isso o mercado se profissionalizou muito mais, tornou-se mais sensível, e o cliente mais exigente.”
O fascínio que Boscolo sente pelo dinamismo do seu mercado é o que faz com que dia após dia seu interesse se renove, permeando a sua paixão antiga por carrinhos, quando ainda era um menino. “Comparando um carro fabricado há 30 anos com um carro atual, a diferença é absurda. Hoje a tecnologia tem recursos infinitamente maiores. Que serão menores, comparados com os próximos cinco, 10 anos. O processo é muito dinâmico, crescente.”
LEI DA IMPORTAÇÃO
Quando a empresa tinha apenas um ano, em 1995, o então ministro do Planejamento e Orçamento, José Serra, mudou a lei de importação. As regras do jogo agora eram outras. O que antes havia motivado o empreendedor a “voltar às suas origens”, agora passou a ser sua maior preocupação. A taxa de importação, que era de 20%, subiu para 70%, e com isso houve uma queda muito grande no volume das importações.
“Nós, como recém-nomeados, iniciando uma atividade, sofremos, assim como todos os distribuidores de veículos importados. Passamos por uma dificuldade muito grande”, desabafa. “Mas como nesse país tudo se recupera, nós conseguimos sobreviver àquele período”.
FAMÍLIA TAURO MOTORS
Paulo Boscolo, o ex-jogador de vôlei da seleção, hoje divide o mesmo espaço com o pai, na sala da diretoria. São sócios. “Ele é meu companheiro de sucesso”, pontua. O dia 20 de outubro de 2006 foi um dia de comemoração para Paulo e Carlos, quando ficaram sem sócios, e passaram a ser os únicos donos da Tauro Motors. O Banco do Brasil fez uma homenagem à concessionária, com direito a troféu que leva a frase “A Tauro é nossa”. A concessionária Suzuki, em Várzea Grande, também é gerenciada pela família.
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A REALIZAÇÃO DE UM SONHO
Segundo Carlos Boscolo, o momento de maior satisfação da equipe foi com a inauguração da nova sede, em outubro do ano passado. “Foi a realização de um sonho. Tudo aquilo que eu projetei, que eu queria realizar para a marca, se concretizou”. A nova sede conta com 11 mil metros quadrados, sendo 4.900 de área construída. Na outra, onde foi inaugurada a concessionária, o espaço era de 3.200 metros quadrados.
A gigante – e bela - estrutura traz retorno. São vendidos em média 40 carros novos por mês. E 25 carros usados. E seu faturamento mensal é de R$ 3,8 milhões.
POSICIONAMENTO NO MERCADO
Apesar de ser a única concessionária Mitsubishi em Cuiabá, não há como desprezar a existência de concorrência neste ramo, por parte de outras concessionárias e comércios paralelos. Os carros comercializados estão voltados para o 4x4, off-road, mas num futuro próximo também serão inclusos modelos sedans.
Para divulgar os automóveis da marca, a Tauro Motors promove rallies de regularidade, onde participam donos de veículos da marca. A intenção dos eventos é instruir os usuários sobre como utilizar seus 4x4 em adversidades que não as comumente encontradas nos cenários urbanos.
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Para Carlos Boscolo, empreender é: FORÇA DE VONTADE
Dicas para quem quer iniciar um empreendimento
Primeiramente, procurar entender daquilo que vai iniciar. Fazer antes uma boa pesquisa, e ver se as suas aptidões se enquadram àquilo que vai fazer. Não adianta querer entrar no ramo se não tem conhecimento. A concorrência é cada vez mais difícil. Primeiro é preciso ter vocação e conhecimento daquilo que vai fazer.
O Custo Brasil é realmente um obstáculo para o empreendedor?
Ah, lógico que é. Mas eu penso o seguinte: o custo é para todos. Então vence o que sabe melhor trabalhar com esses custos. Mas o custo é muito maior do que aquilo que seria ideal, sem dúvidas.
O que é mais importante: dinheiro ou criatividade?
Eu acho que os dois. Mas a criatividade fica em primeiro plano. Porque você pode ter dinheiro e não ter criatividade, e ficar estagnado. E com a criatividade, você tem possibilidades de aumentar seu dinheiro.
Quais são as forças e fraquezas do empreendimento?
Um aspecto forte é a novidade. O processo dinâmico, lançamentos, novos produtos, técnicas. Isso é algo que dá uma força no trabalho. As fraquezas são as instabilidades da política e economia do governo, que felizmente ultimamente não tem ocorrido tanto, mas no passado nós sofremos.
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