Mais que regional, Regionalíssimo é o 'sabor' de Cuiabá

Não há quem negue que a comida de uma região é uma das características mais marcantes dela. Arroz com pequi, maria isabel e farofa de banana são alguns dos pratos típicos de Cuiabá que, certamente, quem já os provou sabe o quanto são deliciosos. Sinônimo dessa culinária cuiabana tradicionalíssima surge na história de Mato Grosso, Jean Biancardini.

Idealizador de um dos restaurantes mais antigos e conhecidos de Cuiabá, Jean foi o precursor de estabelecimentos que atuam especificamente no segmento de comidas regionais. Ele lembra que o início de sua entrada no mercado foi devido à matriarca da família, dona Elza Fortunato Biancardini. Na época, acadêmico de engenharia com seus 27 anos, ele percebeu que a ideia de sua mãe em montar um buffet poderia dar certo e assim o fez.

Realizando aniversários, casamentos e os mais variados eventos, o buffet Elza Biancardini permaneceu em funcionamento durante 13 anos e o melhor, com sucesso. E só deixou de existir nos últimos 15 anos, em 1996, quando surgiu uma nova empreitada que Jean assumiu: o restaurante Regionalíssimo.

Fotos: Mayke Toscano/Hipernotícias

O COMEÇO

O restaurante Regionalíssimo foi criado em 1982 por meio de um projeto do governo do Estado de Mato Grosso para divulgar a culinária de Cuiabá e Mato Grosso. “A ideia era abrir um restaurante focado somente com comida regional”, salienta Jean.

Mas antes que se possa pensar, o restaurante não possui vínculo financeiro com o governo e abriu suas portas na Casa do Artesão, local escolhido por representar um pouco da cultura cuiabana. Neste local, o restaurante só foi comandado por Jean em 1997 e permaneceu em funcionamento por nove anos. Após esse período o Regionalíssimo mudou de local partindo para um ambiente mais temático, segundo Jean Biancardini.

Ele lembra que a intenção era achar um lugar onde a cultura e tradição cuiabana fosse aflorada ou mesmo ressaltada, isso contribuiria para a presença e bom “caminhar” do restaurante. “Aí escolhemos o Museu do Rio porque tem tudo a ver com a nossa culinária”, assegura Jean.

Após a mudança de local em 2006, as coisas não foram nada fáceis, principalmente porque muitos não acreditavam e apoiavam a nova localização do Regionalíssimo, pois antigamente o bairro do Porto era tido como ambiente pesado. “Foi difícil, mas sempre acreditei no bairro e no restaurante porque sou persistente. Era só uma questão de tabu, uma barreira que existia e que nós quebramos“, conta.

No Museu do Rio, o Regionalíssimo já permanece há cinco anos com os mais variados pratos e a uma comida típica do cotidiano dos cuiabanos. O restaurante oferece desde o saboroso pastelzinho aos domingos até o prato mais nobre da mesa regional, que é o pacu assado com farofa de couve e também a maria isabel com farofa de banana e a mojica de pintado.

CARDÁPIO VARIADO

"Maria Isabel", farofa de banana, paçoca, arroz com pequi, mojica de pintado e peixe seco com arroz. Essas são algumas das opções para quem quer se deliciar com os sabores de Cuiabá. Mas estes não são somente os pratos que pode encontrar no Regionalíssimo, afinal, o restaurante oferece comidas regionais, mas isso não significa somente pratos tradicionais.

De acordo com Jean Biancardini, o cardápio do restaurante é o mais variado possível, principalmente porque ele, como amante de uma boa comida e de fazê-la, adapta, inova e traz pratos mais que surpreendentes, deliciosos! “Eu crio pratos que só o Regionalíssimo tem, é exclusivo. Todos regionais”.

Algumas das invenções que deram certo e já são preferência de inúmeros clientes são o mousse de bocaiúva, paella pantaneira, escondidinho de pacu defumado e salada de manga com pacu defumado e castanha da Amazônia. Pratos que diferentes, mas que carregam consigo todas as frutas, peixes e alimentos que são características e símbolo de Cuiabá.

HOJE

A culinária de Jean Biancardini conquista os cuiabanos há 29 anos, embora o Regionalíssimo esteja sob seu comando há 14 anos. Atualmente, o restaurante possui 14 funcionários, capacidade de atender 130 clientes e funciona com o sistema de buffet, no qual os clientes servem-se a vontade.

Tão tradicional quanto à própria culinária mato-grossense, o restaurante Regionalíssimo já visa o futuro. O proprietário Jean Biancardini garante que com a vinda da Copa do Mundo em 2014, restaurantes bem como estabelecimentos que valorizem a cultura regional irão deslanchar no mercado. Isso porque os turistas não buscam em outras regiões aquilo que podem encontrar na sua. “O estrangeiro não vai querer comer filé nem frango. Vão querer comer uma 'Maria Isabel' farofa de banana. Comida da região em que eles estão visitando”, assegura.

Por isso, ele já pretende inaugurar em 2012 mais um Regionalíssimo que será localizado na beira do rio Cuiabá em Várzea Grande. Segundo Jean Biancardini, mesmo com o novo projeto que já está se tornando realidade, não se pode dizer que o restaurante Regionalíssimo Sabor de Cuiabá alcançou o sucesso, o ideal. “Ainda não descobri o que é o ideal, mas eu sei que falta alguma coisa. Porque você nunca vai satisfazer um freguês 100% e sempre vai haver correções”, afirma.

Embora Jean acredite que ainda faltam melhorias, o restaurante Regionalíssimo já conquistou a premiação por três anos seguidos do Top Of Mind. Além disso, foi reconhecido pela revista Quatro Rodas como um dos melhores restaurantes em Cuiabá para se comer pratos realmente mato-grossense.

Para Jean Biancardini empreender é: Comida Regional!

1. Dica para quem quer iniciar um empreendimento

A dica principal é acreditar no que vai fazer. Acreditar na sua própria capacidade mesmo quando todos são contras, como foi o meu caso.

2. O Custo Brasil é realmente um obstáculo para o empreendedor?

Para quem vai começar, os impostos são altíssimos. Mas quem está no mercado e já se estabeleceu tem o seu lucro reduzido, mas não prejudica a empresa. São muitos encargos, principalmente para uma microempresa.

3. O que é mais importante: dinheiro ou criatividade?

A criatividade, com certeza. Porque com a criatividade você busca o dinheiro e quando eu comecei eu tive de ter criatividade, senão eu não seria nada hoje. Eu tinha que ter um diferencial.

4. O que é mais difícil: fidelizar um cliente ou conquistar um novo 

É mais difícil fidelizar porque você tem que agradá-lo. Você precisa fazer com que ele volte mais vezes. Você conhecendo o cliente, você pode prender ele ao seu estabelecimento. E eu já posso dizer que tenho clientes fiéis. Você pode ir para lua que eles vão atrás de vocês. Eles acreditam na pessoa que eu sou. Porque eu tenho três públicos: o turista, o empresário e a família tradicional cuiabana que não dispensam uma comida tradicional.

5. Qual o diferencial

Nosso diferencial é que trabalhamos com comida regional. Os mais diversos pratos, mas somente comida regional.

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