O cenário de dificuldades vivenciado pelos criadores de suínos no Estado aponta para crescente possibilidade do Estado sofrer um desabastecimento. O baixo valor da venda do quilo do animal vivo é tido como principal problema, segundo os produtores.
Atualmente, o custo de produção - formado em 70% pela alimentação e desse total 80% são de milho e farelo de soja - está superior ao custo de venda do suíno. Na produção, são gastos, em média, R$2,20 por quilo vivo enquanto a venda sai a R$1,65 o quilo. Um prejuízo aproximado de R$60 por animal.
Mayke Toscano/Hipernoticias Para presidente da Acrismat , falta de dinheiro compromete a reposição do rebanho, o que pode levar ao desabastecimento da carne suína, e o consequentemente o aumento de preços
Isso aponta, de acordo com o presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Paulo Cézar Lucion, para um prejuízo de R$ 11,90 milhões mensais no Estado, ponderando o abate mensal de 170 mil suínos.
“O dinheiro que não entra está impactando na falta de reposição de animais nas granjas, de investimentos em geral, e agora terá um novo desdobramento, criadores deixando a atividade e demitindo funcionários. Diferente dos outros segmentos do agronegócio, estamos sem qualquer apoio do governo do Estado, em forma de incentivos e medidas emergenciais já solicitadas, como da União, que não facilita a aquisição de milho e nem enquadra a suinocultura dentro de uma política de preço mínimo”.
Mato Grosso tem o maior rebanho suíno em escala do Brasil, 1,5 milhão de animais, sendo 120 mil matrizes, atrás apenas de plantéis do Sul do país como Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. No entanto, é um dos estados em que não há uma política que favoreça o criador.
Ele lembra que devido à proibição da Rússia em 2011, maior mercado da carne do estado, a situação dos criadores piorou aliado aos preços que não evoluíram e ao alto custo de produção. Para agravar ainda mais a situação, o governo do Estado retirou os 50% de isenção na taxa de energia elétrica e adotou uma taxação de 17% referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) de milho comprado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Pagamos R$ 18,44 pela saca da safra 2008, milho velho, e na hora de carregar fomos surpreendidos com o imposto. Todas as despesas elevaram a saca para R$ 23, cotação para o milho novo que virá nesta nova safra. Mesmo com o Estado sendo o maior produtor de grãos nós não temos privilegio na compra desses, aí acabamos comprando tudo mais caro”, afirma.
MELHOR PREÇO
Para findar com a crise, Paulo Lucion aponta que a principal medida é que o governo do Estado implemente ações emergenciais que possam aliviar o custo de produção e amenizar as perdas.
Segundo ele, é necessário que o animal seja comercializado ao valor de R$ 3,10, que daria para remunerar todos os custos.
Até hoje o melhor preço registrado foi em 2010, quando o quilo chegou a R$ 3,80.
BRASIL
Mas não é somente Mato Grosso que passa pela crise no segmento, todo o país, de modo geral, já sente os efeitos da crise.
O Brasil é o quarto maior exportador mundial com embarques de cerca de 3,4 mil toneladas/ano. Isso significa, atualmente, a perda por quilo vivo do suíno é um pouco maior do que a do Estado, cerca de R$ 0,80. Um déficit anual de cerca de R$ 3,5 bilhões, conforme contabiliza o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes.
“A crise que estamos vivendo contradiz o bom momento internacional e inclusive ao aumento do consumo per capita no Brasil, no entanto tem alguém dentro da cadeia produtiva que está ganhando com isso e não é o criador”, finaliza.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.