Duas conclusões se mostraram mais consensuais nas primeiras análises de economistas no pós-Copom. A primeira é de que, salvo uma grande surpresa nas próximas semanas, o ciclo de alta dos juros chegou ao fim. A segunda está na tendência de a taxa seguir nos atuais 15% por um bom tempo, com pouca chance de corte dos juros ainda neste ano.
As apostas mais otimistas ao afrouxamento da política monetária estão hoje no primeiro trimestre de 2026, ou até mesmo em dezembro, no último encontro do Copom deste ano. Porém bancos que trabalham com este cenário, como o Citi e o Bradesco, demonstraram menos convicção após a leitura de um comunicado em que o Copom, na visão dos analistas, deu sinalizações mais duras, ou hawkish no jargão do mercado.
Além de subir os juros, algo que não era esperado por todos, já que havia uma divisão clara nas expectativas, o comitê avisou que, para assegurar a convergência da inflação à meta, considera manter os juros altos por um período "bastante" prolongado.
Desde a reunião anterior, finalizada em 7 de maio, a apreciação do câmbio deu um refresco às previsões de inflação do mercado, mas não levou o Banco Central (BC) a mudar o seu cenário para o IPCA no horizonte relevante da política monetária. A projeção continua em inflação de 3,6% no fim do ano que vem - ainda fora, portanto, do objetivo central de 3%.
Mesmo ao sinalizar que o ciclo de aperto de juros chegou ao fim, se tudo ficar mais ou menos dentro do esperado até a próxima reunião, marcada para os dias 29 e 30 de julho, o colegiado tomou o cuidado de não fechar completamente a porta, ponderando que pode mudar de ideia se for necessário. "O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado", alerta o Copom em seu comunicado.
Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, o recado é de que o trabalho para trazer a inflação à meta vai requerer manutenção da Selic em 15%, o nível mais alto desde julho de 2006, por muitos meses. "Talvez algum início de corte no segundo trimestre ou ao longo do segundo semestre de 2026. É claro que se tivermos uma reancoragem das expectativas isso ajuda o trabalho do BC", prevê Lima.
Em seu comentário, o Citi avalia que o ciclo de cortes dos juros pode começar apenas no segundo trimestre do ano que vem, embora o banco ainda não tenha mudado a previsão de afrouxamento até março. "Vamos esperar a ata do encontro e o relatório de política monetária do segundo trimestre publicações do BC antes de ajustar nosso cenário. Mas já indicamos de antemão que a probabilidade de o Copom cortar os juros no primeiro trimestre de 2026, que é nossa previsão atual, diminuiu", afirmou a instituição.
O Bradesco, por sua vez, reafirmou a previsão de corte dos juros em dezembro, com a Selic terminando o ano em 14,5%. Os economistas do banco, porém, vão reavaliar o cenário nos próximos dias.
(Com Agência Estado)
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