Investidores estão em compasso de espera pelo dado mais importante da semana, o relatório de emprego dos EUA de agosto, o payroll, que sairá na sexta-feira, e poderá indicar os cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Com o retorno dos mercados dos EUA, espera-se que a liquidez melhore na B3, após ficar reduzida ontem.
O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, divulgado mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), concentram as atenções.
"É um pregão mais cauteloso por conta do exterior e do início do julgamento", diz Bruna Sene, analista de renda variável da Rico. Segundo ela, ainda que o mercado esteja colocando "no preço" o resultado do julgamento, há certo desconforto, devido a possibilidade de novas sanções dos EUA ao Brasil.
Na Europa e nos EUA, os índices de ações cedem. "Temos um início de setembro ruim, de medo, de receio. E setembro é historicamente o pior mês para Wall Street. Nos últimos 10 anos, o S&P caiu no mês de setembro", destaca em nota Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos.
Quanto ao PIB brasileiro, houve alta de 0,4%, ficando acima da mediana de expansão de 0,3% das projeções do mercado financeiro (entre zero e 0,5%), o que demonstra certa resistência da atividade. No trimestre passado, houve crescimento de 1,4%.
"O PIB frustrou porque o mercado contava com uma desaceleração mais forte, o que fez a curva preficifar de forma mais negativa. Isso se somou um pouco ao sentimento de frustração fiscal", diz Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez. Às 11h13, o Ibovespa caía 0,41%, aos 140.692,64 pontos.
Conforme a economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, o resultado do PIB garante um carrego estatístico de 2,4% do PIB de 2025, tornando uma alta de 2,5% no ano mais plausível. A SulAmérica está revisando a projeção inicial de 2,2% para o PIB de 2025.
"Cerne da mensagem é resiliência. Mensagem de desaceleração segue válida. PIB só coloca em dúvida a velocidade da mesma", afirma Victal em nota. Em termos de política monetária, o resultado do PIB do segundo trimestre confirma o cenário de estabilidade da taxa Selic em nível contracionista, "reforçando a visão de cortes apenas em 2026."
A indicação de arrefecimento da atividade reforça estimativas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciará em breve o ciclo de queda da taxa Selic. A dúvida é quando isso se dará. Por isso e em meio à cautela externa, os juros futuros têm viés para cima e o dólar à vista chegou a subir hoje a R$ 5,5017, na máxima.
Além disso, fica no foco o início do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-presidente e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado após a eleição presidencial de 2022.
Há temores de que se houver uma condenação, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prepare novas sanções ao Brasil, elevando ainda mais a tensão comercial entre os países.
Entre as possíveis medidas estão ações contra o Banco do Brasil, segundo a CNN Brasil. Em 21 de agosto, o banco estatal ofereceu ao ministro do STF Alexandre de Moraes, afetado pela Lei Magnitsky, um cartão da bandeira Elo, após o ministro ter um cartão de bandeira americana cancelado. As ações do BB caíam 2,66% às 11h23.
"Após a sentença, como que se dará, em que grau piorará o relacionamento dos Estados Unidos-Brasil? Esse é o grande ponto, essa é a grande expectativa", pontua Correia, da Dom Investimentos.
Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,10%, aos 141.283,01 pontos.
Às 11h34 desta terça, o Índice Bovespa caía 0,42%, aos 140.685,82 pontos, ante recuo de 1,17%, na mínima aos 139.625,25 pontos, depois de abertura na máxima aos 141.279,12 pontos, com variação zero.
(Com Agência Estado)
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