A decisão de manter os juros no atual patamar era uma previsão de consenso entre analistas consultados pelo Estadão/Broadcast. Os analistas avaliavam que os dirigentes do BC americano adotariam uma postura de "esperar para ver" os efeitos das tarifas e de tensões geopolíticas sobre as expectativas inflacionárias dos EUA.
Os 19 dirigentes do Fed que participaram da reunião de política monetária se dividiram ontem em relação à expectativa para os juros em 2027, conforme o gráfico de pontos divulgado com a decisão.
Cinco membros projetam que a taxa básica terminará o ano que vem na faixa entre 3,75% e 4%, enquanto quatro disseram acreditar que será entre 3,5% e 3,75%. Dois dirigentes defendem que a referência deve estar entre 3% e 3,25% no período. Apenas um diretor vê os juros em cada um dos seguintes cenários em 2027: nível entre 4% e 4,25%; faixa entre 2,75% e 3% e intervalo entre 2,50% e 2,75%.
Ao mesmo tempo, as autoridades elevaram sua projeção para o fim do ano para a inflação básica, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia e é considerada o indicador mais preciso das pressões subjacentes de preços, que excluem as categorias voláteis de alimentos e energia, para 3,1%. Isso representa um aumento em relação aos 2,8% de março e 2,5% de dezembro.
A inflação geral permaneceu contida nos últimos meses e agora está bem próxima da meta de 2% estabelecida pelo Fed - em abril o índice ficou em 2,1%. A inflação subjacente, porém, segundo analistas, permanece elevada, por volta de 2,5%.
Por sua vez, antes da reunião Trump voltou a atacar o Fed ontem e cogitou nomear a si mesmo como chefe da autoridade monetária.
Tarifas
Já o presidente do Fed, Jerome Powell, voltou a dizer que o tarifaço imposto pelo titular da Casa Branca aos parceiros comerciais dos EUA devem elevar a inflação no curto prazo.
"As expectativas de inflação de curto prazo subiram. As tarifas são um fator relevante", afirmou, em coletiva de imprensa após decisão de política monetária. "Os efeitos das tarifas vão depender do nível, mas aumentos neste ano provavelmente pesarão sobre atividade econômica e empurrarão a inflação para cima." Segundo Powell, "alguém tem de pagar pelas tarifas". Ele alertou que esses efeitos podem ser "mais persistentes", e que a obrigação do Fed é evitar que "um aumento pontual de preços se transforme em um problema inflacionário contínuo".
Para isso, segundo ele, é essencial preservar a confiança nos rumos da política monetária. O presidente do Fed reconheceu que a inflação "tem rodado um pouco acima da meta de 2%" e que "as expectativas subiram recentemente".
PIB
Já em relação ao desempenho da economia, as autoridades do Fed agora esperam que a economia dos EUA cresça 1,4% neste ano, abaixo dos 1,7% de março. Eles também preveem que o desemprego suba para 4,5%, acima da taxa atual de 4,2%.
Trump sugere assumir cargo de Powell
Antes da reunião que decidiu pela manutenção dos juros pelo Fed, o banco central americano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a cobrar o corte das taxas, mesmo admitindo que isso seria difícil de ocorrer. Ele também se perguntou em voz alta se poderia se autoproclamar como chefe da autoridade americana. "Posso me nomear para o Fed?", repetiu o titular da Casa Branca, afirmando em seguida que a inflação estava baixa.
"O (Jerome) Powell provavelmente não vai cortar (os juros) hoje, ele tem feito um trabalho ruim. Ele deve me odiar porque peço para que ele corte os juros, mas ele é atrasado. Seria bom estar 2,5 pontos porcentuais abaixo (da taxa atual)", disse, ao responder a perguntas de repórteres. O presidente americano repetidamente chamou Powell de "estúpido".
Trump disse que vai esperar até que o presidente do Fed saia do cargo para, então, "pensar em longo prazo". "Vou focar no curto prazo, reduzir bastante as taxas e depois focar no longo prazo", afirmou.
Em 2017, Trump quebrou uma tradição de décadas e anunciou que não iria reconduzir Janet Yellen ao comando do Fed e a substituiria por Powell, um advogado multimilionário de 64 anos que fez carreira no mercado financeiro e integra o board de governadores da instituição desde 2012. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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