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Cuiabanália Domingo, 20 de Abril de 2014, 11:58 - A | A

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Domingo, 20 de Abril de 2014, 11h:58 - A | A

CULTURA

Várzea Grande desperdiça a chance de recuperar a memória cultural de sua gente

Escritores como Moacyr de Lannes, cronista do dia-a-dia várzea-grandense, arcam sozinhos com custos de publicação

NELSON SEVERINO


Várzea Grande está desperdiçando uma grande oportunidade de continuar resgatando seu rico passado histórico e folclórico, através de narrativas do médico Moacyr de Lannes, que transforma causos e fatos do dia a dia dos várzea-grandenses em deliciosas crônicas.

Aos 78 anos de idade, aposentado, vida bem tranqüila e cuja única atividade se resume em cuidar de um sítio de sua propriedade, Moacyr de Lannes tem tempo e material suficientes para escrever um segundo volume do seu livro Causos e Fatos – Histórias populares de Várzea Grande.

Mas só de pensar que por falta de apoio das autoridades ligadas à cultura de Várzea Grande ele teve que pagar do próprio bolso, em três parcelas mensais, os R$ 6 mil da impressão de sua obra, Moacyr de Lannes rechaça a idéia de partir para um novo projeto para continuar mantendo viva, através do resgate do passado, a memória várzea-grandense.

Divulgação

Moacyr de Lannes (esq.), médico aposentado, dedica-se agora a escrever os causos e fatos do dia a dia dos várzea-grandenses


Publicado em 1991, com 140 páginas e algumas ilustrações, a obra Causos e Fatos – Histórias populares de Várzea Grande é resultado de muitas estórias e relatos que ele foi ouvindo e memorizando ao longo de 20 anos em contatos com a população como médico da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, Pronto- Socorro e Hospital Municipal de Cuiabá e de Várzea Grande, seu consultório, policlínicas e hospitais da Grande Cuiabá pelos quais passou, incluindo o São Lucas-VG, que fundou.

Várzea-grandense da gema, Moacyr de Lannes formou-se em 1969 pela Faculdade Federal de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Depois da formatura ficou mais dois anos na própria escola-hospital da FFMC fazendo pós-graduação e especializações.

Retornou a Várzea Grande em 1971e foi o primeiro médico especialista em reumatologia de Mato Grosso. Muito querido pelos pacientes que atendia, por causa de sua simplicidade, conforme depoimentos de seus amigos, Moacyr de Lannes atuou durante muitos anos como médico do Clube Esportivo Operário Várzea-grandense, do qual foi também presidente. Foi ainda vice-prefeito de Várzea Grande na administração de Gonçalo Pedroso Branco de Barros (1977-1983)

Decorridos mais de 23 anos da publicação do livro Causos e Fatos – Histórias populares de Várzea Grande, Moacyr de Lannes, que dedicou quase quatro décadas à medicina de Mato Grosso ainda tem muitos causos e fatos pitorescos para contar para enriquecer a cultura várzea-grandense.
No entanto, se depender dele tirar dinheiro do bolso para bancar os custos da edição de um novo livro, incluindo a impressão, os causos e fatos vão continuar inéditos, provavelmente para sempre, porque o tempo está apagando irremediavelmente as lembranças armazenadas nos neurônios já envelhecidos dos personagens hilariantes que construíram a memória folclórica de Várzea Grande. É uma perda que não tem tecnologia e ciência capazes de recuperar. Lamentavelmente!

O HiperNotícias reproduz abaixo uma das crônicas do livro de Moacyr de Lannes

Reprodução

Causos e Fatos, do Dr. Moacyr de Lannes, publicado em 1991



O Jogo na Estrada

Num certo dia, o seo Joaquim e filho Netinho foram buscar uma porcada numa fazenda. Foram de madrugada, carregaram o caminhão e voltaram ainda bem cedo. Estrada de chão, pedaços ruins, alguns atoleiros.
Vai que vai... na passagem de um córrego, o caminhão carregado, pesado, atola.

Só os dois, pra desatolar um caminhão é um sofrimento!

Quando já cortavam galhos de uma árvore, paus de lixeira, ouviram barulho de outro carro.

Aproximava-se e pelo ronco estava carregado e era caminhão também! Esboçaram um sorriso e ansiosos esperavam e torciam para que fosse de algum conhecido. E era...

Seo Gonçalo, com seu caminhão cheio de bananas verdes, verdolengas ou quase maduras! Parou, desceu, cumprimentou... Fizeram guaraná, tomaram, acenderam um cigarro e qual a pergunta?! Ao invés de – tem uma corda ou cabo de aço para me puxar? – foi a seguinte:

– Tem um baralhinho aí, compadre?!

– É, por acaso, tenho!

– Vamos experimentar uma mãozinha?

– Vamos!

Sentaram no chão e para mesa, um caixão de querosene! Vai daqui, vai dali, carta pra cá e carta pra lá e o sol subindo...

Meio dia, sol a pino, o filho:

– Pai, os porcos estão com sede!

– Dá água pra eles, filho!

Passam das três horas da tarde:

– Pai, os porcos estão com calor!

– Joga água neles, filho!

Reprodução

Imagem extraída do livro 'Causos e Fatos'


Cai a tarde e entra a noite, liga as luzes dos carros; porco começa a morrer; banana a amadurecer; as luzes a enfraquecer e o jogo continua ferrado! Mão de cá, mão de lá, sou pé, não sou bagaço...

A noite passa, descarrega a bateria dos carros, acaba a luz, rompe um novo dia e os dois ‘de testa’, sem se levantar!

Tomando guaranazinho, fumando, de cócoras ou com as pernas cruzadas e a bunda no chão.

Olha, para encurtar a estória, ficaram dois dias nessa contenda, um querendo vencer o outro e nenhum aceitando a derrota.

Chegaram com o socorro, juntas de bois arrastaram o carro para o seco, e os dois tiveram que saír carregados, com as pernas duras e adormecidas pela posição... Bananas e porcos, nenhum aproveitado!

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Luciano Campos 24/04/2014

Grande Dr. Moa , meu amigo , homem integro de palavras mansas e fala fácil , realmente é um grande desperdício , Dr. Moa sabe de tudo e mais um pouco da historia de várzea grande .

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Reinaldo Thommen - Administrador Cuiabá/ 23/04/2014

Causos típicos gostosos/pitorescos de ouvir foram narrados pelo falecido Neco Caolho lá do Livramento, tem que mandar alguém pesquisar e publicar, são muito engraçados. Em Livramento certamente há alguém disposto a contá-los.

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Neco 21/04/2014

Caso verídico, era Manequinho do Mata Cavalo (Monteiro),

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3 comentários

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