Foi ao som do Cururu, tocado pelo avô Hortêncio na viola de cocho, que Adriano Figueiredo Ferreira rabiscou os primeiros desenhos no papel. O cenário inspirador, com pés de manga no quintal e redes tecidas nos fins de tarde, rumou o menino que, anos mais tarde, se tornaria uma das promessas das artes plásticas de Mato Grosso.
Hoje, aos 32 anos, Adriano tenta conter a ansiedade ao organizar a primeira exposição de suas obras. “Vou realizar um sonho e, ainda por cima, será no dia do meu aniversário de 33 anos”, revelou.
Em uma conversa despretensiosa, o artista plástico brincou com o amigo e advogado Eduardo Mahon que se pudesse expor seu trabalho, teria que ser em seu aniversário. Ele jamais imaginava que Mahon “mexeria os pauzinhos” para a brincadeira se tornar realidade. E deu certo: no dia 18 de setembro Adriano apresenta “Sotaque do mato”, às 19h, na Academia Mato-grossense de Letras.
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Serão 40 obras, pintadas ao longo de 10 anos, que ficarão expostas para apreciação na Secretaria de Cultura de Cuiabá de 20 a 30 de setembro. Os traços marcantes das pinturas contornam ícones da cultura mato-grossense, evidenciando um mosaico do olhar tradicionalista do artista. “Quando estou envolvido com uma obra, meu maior desejo é mostrar nossas características e, claro, as cores demonstram o que temos de mais marcante: o calor”, explicou.
Mas até atingir um estilo próprio de pintar, Adriano passou por muitas fases. Quando criança, gostava de desenhar histórias em quadrinhos, inspiradas por personagens famosos como os do Cavaleiros do Zodíaco. Aos 14 anos, a necessidade de trabalhar veio também com uma dúvida. “Eu pensei: preciso de um emprego, e agora? Bom, a única coisa que sei fazer é desenhar. Então, fui até uma loja de decoração de festas e lá passei a desenhar personagens infantis. Nesse trabalho fiquei durante quatro anos”, contou.
Um fato curioso levou Adriano a continuar investindo nas pinturas em tela. Foram dezenas de quadros, mas nada parecia representar aquilo que sentia. Num sonho, por fim, o artista se encontrou. “Eu já estava desistindo de pintar, mas acordei de madrugada depois de um sonho no qual eu mergulhava em tintas. Levantei e fiz um esboço das imagens que estavam na minha cabeça. Sei que aquele foi um sinal de Deus me guiando pelo caminho que eu deveria seguir”, confessou emocionado.
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A partir de então a sensibilidade e a evidente vontade de mostrar Mato Grosso por meio de sua arte conduziram Adriano a criar um blog na internet. Não foi preciso muito tempo para que várias pessoas começassem a admirar seu trabalho: a venda das telas aumentava a cada mês. Mas o artista tinha um pé atrás com a nova realidade: “eu pensava que se colocasse meu trabalho na internet, alguém poderia copiar aquilo que produzi, mas hoje sei que o que está na minha cabeça já está muito mais evoluído que as coisas que já fiz”.
A constatação de que a publicidade gratuita proporcionada pela internet era um ponto positivo, aliada à ascensão das redes sociais como o Facebook, fizeram com que Adriano alçasse voo. Hoje, pessoas de várias partes do país e até da Argentina fazem pedidos de telas a ele.
“Eu vi que as coisas estavam indo pra frente, mesmo, quando pessoas que eu admirava como artistas começaram a me elogiar. Para mim, foi uma honra!”, revelou o artista.
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Mas as cores vibrantes do trabalho de Adriano vão além das características de Mato Grosso. As curvas desenhadas pelos pincéis do artista acabam por retratar também o aspecto religioso regional, quando os traços, em um panorama geral, podem ser comparados a vitrais de igreja. O bom gosto e o talento de Adriano já são apreciados por pessoas da Coreia do Sul, Itália e Irã.
Nesse momento crucial da carreira, Ferreira conta com o apoio especial das filhas Samara (7), Sabata (5) e da pequena Sayuri (6 meses). “Eu ainda não pinto, mas quando crescer também vou pintar”, revelou a filha do meio de Adriano.
O incentivo para a produção artística se concretizar dentro e fora de casa pode ser atribuído ao conceito que o artista plástico mato-grossense carrega consigo e visa passar aos demais: “Tem que ter identidade e fazer com verdade”.
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