A probabilidade de ocorrer uma cheia chamada de “década milenar” é de uma a cada dez mil anos – garante o engenheiro Hélio César Monti, superintendente regional de Engenharia da Centrais Elétricas Norte do Brasil S/A – Eletronorte, em Mato Grosso. E mesmo que um dia ocorra uma cheia da dimensão da “década milenar”, a estrutura do reservatório da APM tem condições de suportá-la, afirma Monti.
Segundo o engenheiro da Eletronorte, como na medicina, o coeficiente de segurança da ciência e da engenharia na construção de hidrelétricas é muito alto, não se justificando, portanto, a preocupação da população sobre a possibilidade da barragem principal ou um dos seus seis diques se romper com a pressão de um grande volume de água. Para garantir a segurança necessária do reservatório, é feita permanentemente uma manutenção em sua estrutura. “Tudo que o homem faz desgasta com o tempo, como acontece também com o ser humano, se ele não se cuidar”, compara Monti.
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Há muitos anos trabalhando em barragens, inclusive de grande porte, como Itaipu e Tucuruí, Gustavo Reis Lobo de Vasconcelos, da coordenação do Comitê Gestor Estadual do Programa Luz Para Todos em Mato Grosso, da Eletronorte, tem a mesma opinião de Monti: a tecnologia e a ciência utilizadas na construção de hidrelétricas no Brasil eliminam qualquer possibilidade de ocorrência de uma catástrofe da dimensão que a população da Baixada Cuiabana imagina. “Em quarenta anos de trabalho nessa área eu nunca vi o rompimento de uma barragem...”, declara.
Revela Vasconcelos que o cuidado com a segurança dos reservatórios é tanta que antes de uma carreta carregada de cimento sair da indústria que o processa o produto é submetido a um rigoroso exame em laboratórios dotado de equipamentos da mais alta tecnologia para avaliação de sua qualidade. E quando chega na barragem o procedimento técnico é repetido côo o mesmo para se atestar se as características do produto, muito diferentes do cimento comum, não sofreram alterações durante o transporte, antes de virar concreto armado das barragens.
VOLUME DE ÁGUA ARMAZENADO NA APM É FANTÁSTICO
Quem vê o Rio Cuiabá bufando de cheio fica com apavorado, com a perspectiva de um transbordamento como aconteceu na grande enchente de 1974. Mas certamente não faz a menor ideia do volume de água que está armazenado na represa da APM, que ocupa uma área de 387 km2, com extensão de 40 km, e onde funcionam 4 turbinas de 52,5 megawatts cada: 7 bilhões e 337 milhões de metros cúbicos.
Como o metro cúbico tem 1 mil litros, os 7,3 bilhões de m³ somam 7 trilhões e 337 bilhões de litros (7.337.000.000.000). “É água pra mais de metro...” – como dizem os cuiabanos. Conforme cálculos de Monti, para transportar esse inimaginável volume de água seriam necessários 366.850.000 caminhões-pipa com capacidade de 20 mil litros cada um.
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A represa está com um grande volume de água no atual período chuvoso. Mas ainda pode armazenar muita água, seja das chuvas ou dos dois rios que a formam – o Manso e o da Casca. Esses dois rios entram com 90% da água do reservatório, e que têm como principais tributários o Palmeiras, o da Conceição e o Bom Jardim.
Por causa da topografia da área inundada, em algumas locais foram construídos diques – sete no total – com blocos com até 18 m de altura para evitar a “fuga” de água do reservatório. Para maior segurança, os diques são feitos de rocha (random) compactada extraída de escavações da fundação da barragem principal e de pedreiras.
A barragem principal, que é a que causa mais medo à população, em parte é feita de cimento armado e sua altura máxima é da ordem de 75 metros. Essa seria altura das ondas se a barragem se rompesse, causando uma catástrofe na área de sua abrangência. Outra parte da barragem é feita de rocha com núcleo impermeável de random (material misto composto de solo e rocha), explica o engenheiro Monti.
Para tranquilizar a população da Baixada Cuiabana, o engenheiro da Eletronorte afirma que é interessante destacar a grande segurança com que são projetadas, construídas e monitoradas 24 horas por dia tipos de barragem como a de Manso e que “não podem despertar pânico nas pessoas que já estão assustadas, porque os números sobre o volume de águas represadas no gigantesco reservatório são realmente assombrosos”, ressalta..
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Além de todos os dispositivos de segurança que envolve a APM, para evitar o aquecimento do cimento e o eventual surgimento de fissuras nas rochas, foi colocado nos blocos equipamentos para fazer permanentemente o monitoramento da temperatura dessas estruturas da represa.
A APM foi construída não com finalidade explorar economicamente seu potencial energético, mas para regular os períodos de secas e cheias do Rio Cuiabá. Quando chove muito, como no atual período, a represa controla a saída da água para evitar enchentes, como a catastrófica de 1974; na seca, libera água suficiente para manter “vivo” o rio de grande importância social e econômica para milhares de pessoas ao longo do seu curso, desde a sua nascente em Nobres, até chegar ao Pantanal Mato-grossense.
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Luiz 09/03/2014
Uma usina como Manso tem que receber uma segurança grande. Deve ter um policiamento propria para segurança. Caso essa barragem rompa por motivo construtivo ou decorrente de algum ato pode inundar Cuiabá e toda região O senado deve analisar logo a criação do sistema de vigilancia equipado para usinas
1 comentários