Registra a história memorial – que já vai para mais de 200 anos e tem sido passada de geração para geração – que foi por volta de 1813 que Manoel Antonio de Conceição, fincou os pés em Passagem (do, da) Conceição à margem direita do rio Cuiabá, à jusante para cultivar um roçado de subsistência.
Conceição chegou de batelão, uma canoa de maior porte, naturalmente, porque naquele tempo não existiam estradas. Com o correr do tempo, Conceição passou a fazer a travessia de quem precisava se deslocar de Várzea Grande para Cuiabá e vice-versa e queria encurtar distância.
Habilidoso no manejo da zinga (vara comprida de taquara que toca o fundo do rio para o canoeiro impulsionar a embarcação e também chamada de varejão), o local onde ele vivia passou a ser chamado de porto ou passagem do Conceição e cuja ligação com Cuiabá se dava na altura da Barra do Pari, nas imediações da qual surgiram depois bairros densamente povoados como Santa Amália, Santa Isabel e Araçá.
Marcos Lopes/HiperNotícias |  | O local passou a ser chamado Passagem do Conceição, em homenagem ao habilidoso barqueiro que fazia a travessia mais rápida para quem queria ir de Cuiabá a Várzea Grande | |
A Barra do Pari ficou famosa há umas duas décadas quando a Escola de Samba Mocidade Independente, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) levou para a avenida Mato Grosso o enredo “Minhocão do Pari”, cujo samba foi composto por Neguinho da Beija-Flor, que esteve em Cuiabá fazendo pesquisas para dar vida à bela música que sacudiu a multidão no carnaval.
Apesar da lenda do “Minhocão do Pari”, que sempre foi tido como um ser maldoso que vira canoas pelo prazer de ver os pescadores se afogarem, com Conceição não tinha tempo ruim: era só chamá-lo mesmo à noite, na base do grito ou balanceio de uma lamparina no caso de quem estava na outra margem do rio Cuiabá, que ele estava pronto para fazer a travessia.
TRADIÇÃO MANTIDA
A tradição da travessia da Passagem da Conceição/Barra do Pari é mantida até hoje. Só que agora não mais nos pesados batelões de outrora, mas em leve barco de alumínio impulsionado por remos. A travessia é feita por dois funcionários da Prefeitura de Várzea Grande, que se revezam na tarefa, um trabalhando no período da manhã e o outro à tarde.
Marcos Lopes/HiperNotícias |  | A tradição da travessia da Passagem da Conceição/Barra do Pari é mantida até hoje, feita por dois funcionários da Prefeitura de Várzea Grande, que se revezam na tarefa | |
O encurtamento da distância na ligação entre as duas cidades é muito grande: do trevo de Guarita, que fica nas proximidades da Ponte Mário Andreazza, até Passagem da Conceição são 4,5 quilômetros. Pelos pouco mais de 200 metros de largura do rio naquele trecho, a travessia é feita em poucos minutos.
Neta de pioneiros do distrito de Passagem da Conceição, a pedagoga Rita de Cássia Silva, 42 anos, dos quais 20 como professora da Escola Municipal João Ponce de Arruda, ardorosa defensora da cultura local, afirma que muito pouco se sabe de Manoel Antonio de Conceição, apesar das tentativas de resgate do passado mais distante da comunidade, que é muito frequentada por banhistas nos finais de semana.
Marcos Lopes/HiperNotícias |  | Professora Rita de Cássia afirma que há tentativa de recuperar história de patriarca local, Manoel Antonio de Conceição | |
Durante muitos anos, a bucólica Passagem da Conceição foi distrito de Cuiabá. E só foi anexado ao município de Várzea Grande no dia 31/7/1954, através da Lei Estadual nº 370.
DENOMINAÇÃO
As denominações Passagem de Conceição ou Passagem do Conceição foram utilizadas até 1910, quando chegou à comunidade, em uma caixa de madeira, em uma pequena embarcação conhecida como garité, a imagem de Nossa Senhora da Conceição, doada à população pelo coronel Joaquim Corsino.
A partir daí, os moradores não tiveram mais dúvida sobre o nome do local: Passagem da Conceição, por causa do nome da santa.
Quando a imagem de Nossa Senhora da Conceição chegou a Passagem da Conceição não existia no local nem uma simples capelinha para abrigar a santa. A imagem ficou na casa da dona. Nhara, senhora de escravos. Só na década de 20 foi iniciada a construção da Igreja Nossa Senhora da Conceição.
Marcos Lopes/HiperNotícias |  | Quando a imagem de Nossa Senhora da Conceição chegou a à Passagem, não existia nem uma simples capelinha para abrigar a santa; A igreja foi construída na década de 1920 | |
Mas muito antes do início das obras da igreja da padroeira da comunidade, a população da então Passagem do Conceição ou Passagem de Conceição ajudou a construir a mais antiga das igrejas católicas de Várzea Grande: a de Nossa Senhora da Guia, localizada nas imediações do Ginásio de Esportes Fiotão.
A velha igreja foi construída com adobe – um barro especial, utilizado para a produção de tijolo cru – que era retirado da localidade e levado em lombo de burros ou na cabeça ou nos ombros dos moradores em latas de 20 litros de querosene.
Desse trabalho “formiguinha” participou também os moradores da Guarita, cuja caminhada, embora menor, até o local onde foi erguida a Igreja Nossa Senhora da Guia, carregando o pesado barro, exigia grande sacrifício.
Marcos Lopes/HiperNotícias |  | |
arcos Lopes/HiperNotícias |  | |
Marcos Lopes/HiperNotícias |  | |
Marcos Lopes/HiperNotícias |  | |
Marcos Lopes/HiperNotícias |  | |
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.
edson cassimiro 16/11/2013
Parabens ao HN pelo magnifico trabalho de resgate de nossa história, enquanto vemos muitas notícias tristes. Venham visitar o Santa Amalia.
1 comentários