Dependendo da aprovação do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) da Universidade Federal de Mato Grosso, a tese de doutorado sobre a irmandade de São Benedito que o professor de História Marcos Amaral Mendes pretende defender ainda este ano poderá ser feita na própria capela do santo negro, anexa a Igreja Nossa Senhora do Rosário.
Um dos defensores da ideia da defesa da tese ser feita na própria capela de São Benedito é o veterano padre José de Moura e Silva. Para o padre Moura, o deslocamento da banca examinadora para a capela do santo permitiria a velhos devotos de São Benedito acompanharem a defesa da tese sobre o santo que tanto veneram, o que não vai acontecer se a sabatina do professor Mendes ficar restrita ao âmbito acadêmico.
|
– Pode acontecer também de um dos membros da banca examinadora não concordar com o deslocamento ou não se sentir bem fora do ambiente acadêmico e aí a coordenação do Programa de Pós-Graduação não pode fazer nada – afirma um a fonte do ICHS.
Não é a primeira vez que o professor Marcos Amaral Mendes, que é professor efetivo da rede pública de Mato Grosso, mestre em Geografia pela UFMT e licenciado em História pela Universidade de Cuiabá – Unic enfrenta uma banca examinadora. A última foi na dissertação do mestrado intitulada “Identidade e território: estudo sobre a devoção a São Benedito em Cuiabá-MT”, defendida em 2010, depois de dois anos de pesquisas sobre o tema.
Na sequência de seu trabalho, o professor Mendes ultima agora defesa da tese de doutorado com o título ainda provisório de “De capela filial a matriz paroquial: irmandades jesuítas na Igreja do Rosário em Cuiabá”. Se possível, logo depois da realização de uma das etapas da Copa do Mundo de Futebol em Cuiabá.
O culto a São Benedito, que já caminha para três séculos e continua vivo como nunca nos dias atuais, é uma das mais antigas fervorosas manifestações de fé e religiosidade de Cuiabá, conforme registros históricos levantados pelo professor Marcos Amaral Mendes.
Consta que a primeira capela do santo em Cuiabá foi construída por escravos africanos que foram trazidos para Mato Grosso para trabalhar nas minas de ouro descobertas em 1719. A capela foi edificada em 1722, na Rua do Sebo (primeira designação do Largo da Mandioca), mas provavelmente por ter sido utilizado material de péssima qualidade na sua construção, o imóvel desabou.
|
Em um longo artigo para publicação que faz parte do seu trabalho, o professor Mendes escreve: “Com o passar dos anos, por meio de diversas ações e práticas, a Irmandade de São Benedito acabou territorializando o templo de sua hospedeira, de forma que mesmo nos tempos hodiernos, para parte significativa dos habitantes de Cuiabá, é difícil desvincular a Igreja do Rosário do culto a São Benedito, uma vez que pouca gente se lembra que o orago principal do templo é Nossa Senhora do Rosário, cuja imagem ocupa posição de destaque em seu altar-mor”.
A Igreja Nossa Senhora do Rosário, que abriga duas outras irmandades – Nossa Senhora do Carmo e São Francisco de Paulo – foi fundada em meados do século XVIII, provavelmente entre 1740 e 1750. Até então só existia na vila a Igreja do Nosso Senhor do Bom Jesus de Cuiabá, transformada depois em matriz, e a Nossa Senhora do Bom Despacho, que foram demolidas e ganharam a atual arquitetura, com a última passando a ser conhecida também como “Notre Dame” de Cuiabá por causa de alguma semelhança arquitetônica com a mundialmente famosa Notre Dame de Paris.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.
Vanderson 20/01/2014
Parabéns professor. Mostra realmente o quanto é um bom profissional.
1 comentários