Considerada a maior banda independente de rock do Brasil, e completando 30 anos de estrada, ‘Velhas Virgens’ trouxe a nova turnê a Cuiabá nesta sexta-feira (4), com uma apresentação totalmente sem pudor. E quem pensa que as músicas que falam de sexo escrachadamente são voltadas para os homens se engana: a grande maioria do público é feminina.
Para o vocalista Paulão de Carvalho, as músicas prestam um 'serviço social' para as mulheres, pois, apesar dos xingamentos, explicam exatamente como os homens funcionam. Prova disso é que a banda tem uma integrante feminina, em meio ao monte de 'machões': a fantástica ruiva Juliana Kosso.
“As mulheres são boas para cair nas piadas e topam entrar mais no humor. E os homens, às vezes por se sentirem mais machões, falam 'hum, não podemos falar palavrões'. Mas o fato é que eles estão na boca das pessoas na rua, ônibus, serviço e outros lugares. Você não vê ninguém batendo a pontinha do pé e agradecendo a Deus por isso”, comentou Paulão sorridente.
Para ilustrar o 'serviço social', Paulão lembrou a história de uma senhora que o procurou nos bastidores após assistir ao show, só para lhe agradecer: “Parabéns meu filho. Se tivesse uma banda como essa na minha juventude, talvez hoje eu não sofreria tantos complexos. Obrigada por fazer isso para os meus netos”.
Na avaliação de Juliana Kosso, a banda já não sofre mais preconceito por causa de suas composições, especialmente as que falam sobre opções sexuais. Mesmo assim, a cantora lembra que o grupo já chegou a ser banido por causa da música ‘Ninguém Beija Como as Lésbicas’.
“Uma pessoa chegou a comentar no Facebook para tirar a faixa da capa. Mas isso às vezes se torna engraçado, porque o fato é recente e o funk já existe, com composições mais pobres. Além disso, nossa banda já ficou entre as 10 músicas mais tocadas da rádio Jovem Pan”, comemorou Kosso.
O guitarrista Alexandre 'Cavalo' Dias, um dos fundadores da banda, lembra que o começo foi árduo, como para todos que decidem viver do rock'n'roll. Os integrantes do grupo eram os principais pela divulgação, que acontecia basicamente no 'boca a boca' e por meio de panfletos. Foi preciso ralar muito até que a banda chegasse a emplacar suas primeiras músicas no rádio e chamar a atenção da grande mídia.
“Depois de alguns anos de carreira é que fomos convidados para ir a uma entrevista no Programa do Jô, Marília Gabriela e Serginho Groisman. Porém, porque tinha uma pauta e curiosidade. A grande verdade é que para chegarmos aqui, hoje, tivemos criatividade, originalidade, atitude e principalmente coragem”, lembrou Cavalo.
Paulão e Cavalo lembram que estranharam quando uma mulher tirou a roupa pela primeira vez em uma apresentação da banda. Hoje, a história é lembrada sempre que eles saem para relaxar tomando uma cerveja.
“Foi imediato: quando começamos a música, a mulher foi lá e tirou toda a roupa. Agora é uma coisa que ficou comum em nossos shows, as mulheres tirando as roupas”, disse Cavalo.
Mas apesar de todo o clima descontraído de quem está claramente fazendo o que gosta, Paulão revelou que pretende dar um tempo da estrada após terminar a turnê 'Garçons do Inferno'. É que já somam 30 anos de ralação e bateu a vontade de reavaliar o trabalho feito.
“Chegou a hora de dar um passo pro lado e avaliar o que aconteceu nesse período. Preciso pensar se esse discurso ainda funciona e se não virei cover de mim mesmo. A verdade é que gosto de ser pai da minha filha e gostaria de ficar mais tempo com ela. E também pode ser uma crise, ou algumas devem acontecer para eu continuar criando expectativas em outras. Enquanto isso, vou continuar no palco como sempre fiz, porque sempre pode ser o último”, concluiu.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.