Quando se fala de personagens que durante muito tempo fizeram parte do cotidiano de Cuiabá, vem à memória de aborígines e alienígenas da velha guarda os nomes de Maria Taquara, Antonio Peteté, Zé Bolo Flô, General Saco, Cabecinha...
Mas existiram outros personagens, sim, conforme lembra o cuiabano Benedito Ramiro de Cerqueira, 87 anos, que conheceu muito bem outras figuras lendárias de Cuiabá – Hélio Bastos, que virou Hélio Goiaba, e Hélio Batinga, o Hélio Carrapato, os dois funcionários públicos.
Filho do coronel Batinga, Carrapato era um danado até bem comportado, mas com Goiaba ninguém tirava farinha. Principalmente no trecho onde os dois residiam na Rua do Campo, a atual Rua Barão de Melgaço, vizinhos da também lendária dona Bem-Bem.
Virtuoso repentista, Goiaba não titubeava em improvisar um batuque em uma simples caixa de fósforos e fazer trovas cheias de veneno, especialmente quando queria ironizar alguém.
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No limiar da década de 70, quando João Celestino Correa da Cardoso, o João Balão, construía o Hotel Santa Rosa, na Avenida Getúlio Vargas, o empresário do ramo hoteleiro montou um quiosque ao lado do prédio para vender produtos de sua chácara no Coxipó – ovo caipira, galinha limpa, queijo, refrescos, etc. – para arrecadar dinheiro para investir no seu empreendimento.
Um dia, Goiaba passou passava pela Praça Alencastro e resolveu tomar um refresco no quiosque de Balão. Quando foi pagar, Goiaba levou um susto com o preço absurdo do produto. Na hora, ele tirou a caixinha de fósforo do bolso, batucou, e cantou: "Rosa/ Desse jeito eu não aguento!/ Cada refresco/ É um saco de cimento!"
Quem conhece os meandros da política de Cuiabá garante que João Balão construiu o Hotel Santa Rosa, vizinho do Palácio Alencastro, que era sede do Governo do Estado, para ficar por cima do governador José Manuel Fontanillas Fragelli (15/3/1971–15/3/1975).
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Acontece que João Balão e Fragelli tinham tido uma briga feia por razões políticas, e o empresário decidiu que ia ficar por cima do adversário político. Por isso, instalou seu escritório no último andar do prédio para poder olhar por cima o edifício onde o adversário estava.
Mas não foi só isso: João Balão, que atualmente vive em Chapada dos Guimarães, montou também um jornal só para “descer a lenha” em Fragelli. No entanto, o jornal perdeu a credibilidade quando se descobriu que um dos jornalistas contratados por João Balão tinha vindo para Cuiabá – e ainda hoje está por aqui, mas não na imprensa – fugindo da Polícia do Rio de Janeiro, porque havia dado um desfalque e tanto no Banco do Brasil onde trabalhava na Cidade Maravilhosa...
Certa feita, Hélio Goiaba participava de um programa de calouros na Rádio A Voz D’Oeste, que funcionava na atual Rua 13 de Junho, defronte a Praça Ipiranga. A certa altura, o apresentador do programa recusou-se a divulgar uma composição musical de Goiaba, que fez outra na hora, tirando o ritmo da caixa de fósforos: "Quer tocar, toca/ Num quer tocar, num toca/ Não sou de lero-lero/ Nem tão pouco de potoca".
ATUALIZADA EM 21/04 ÀS 16H23
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marilza bueno 28/04/2014
ME FIZERAM VOLTAR NOS TEMPOS QUE EU ERA FELIZ E NÃO SABIA, O TEMPO BOM QUE NÃO VOLTA MAIS, ESSA IGREJA DA CATEDRAL, COMO ERA LINDA, ASSISTI MUITAS MISSAS NESSA IGREJA, DE VESTIDO RODADO, MEIA BORDADA BRANCA E SAPATO FECHADO BRANCO, CABELO CACHEADOS. FOI ÓTIMO RELEMBRAR. FIQUEM COM DEUS.
Benedito F. de Souza 23/04/2014
Quem chefiava a redação do jornal após ser vendido por Joaquim Leite Neto era Paulo Zaviaski. O jornal funcionou em frente à residência dos governadores, de onde se pode ver o ex-presidente Médici saindo da residência de Pedrossian. Boa e saudosista matéria.
Luiz Paulo Vieira 23/04/2014
A primeira igreja matriz de Cuiaba era muito mais bonita que a atual.
ej b souza 21/04/2014
Excelente iniciativa apresentando fatos de nossa história, também li outra matéria em outro site em que Wilson Santos fala sobre Filinto Muller isso é mto bom p MT que continuem assim.
Julio José de Campos 21/04/2014
Apenas uma retificação: o Empresário João Celestino Correa Cardoso, carinhosamente chamado por nós Matogrossenses, de "João Balão", ainda está vivo e forte, com cerca de 85 anos,morando na Chapada dos Guimarães.Ainda,neste sábado, encontrei com o mesmo,fazendo compra num supermercado de Chapada,e batemos um bom papo. Chegará sem duvida aos 100 anos de vida.
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