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A preferência continua sendo por bebês de 0 a 3 anos, mas a Ampara acredita que esse quadro está mudando |
“A sociedade ainda tem muito preconceito em relação as crianças adotadas”. Essa é a opinião de um pai que adotou recentemente e que pediu para não ter o nome revelado por causa do processo, que ainda está em fase de conclusão.
Para terem as identidades preservadas, os personagens serão chamados de Antônio e Lúcia. O casal fez várias tentativas para engravidar e viu na adoção o complemento da família: “olhamos a possibilidade de nos tornarmos completos”, diz Antônio.
Como tantos pretendentes, o casal quis adotar um recém-nascido. A espera para quem tem essa preferência é de pelo menos dois a três anos. Com a Lei 12.010, que passou a vigorar em 2009, todo casal que quer adotar, seja de qualquer idade, deve passar por curso pré-natal com duração de cinco módulos.
Em Mato Grosso, existem 398 pessoas que pretendem adotar. Deste total, 250 preferem crianças com até três anos de idade. A espera do casal foi de muita paciência, e na tarde de uma sexta-feira receberam a ligação de um funcionário da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja): “temos uma criança aqui esperando vocês, querem ver?”.
Mais que depressa o jovem casal foi para o Lar da Criança ver o bebê de poucos dias de nascido. “Entramos em um quarto e esperamos a sua chegada. Quando os funcionários o trouxeram ele começou a rir, ria muito de forma que todos viram que era um comportamento diferente”, disse o pai adotante orgulhoso.
A criança é um menino saudável que estava ansioso por encontrar pais que lhe dessem dedicação e amor. “Ele nos escolheu, foi um encontro de almas, eu e minha esposa ficamos emocionados, choramos, e digo que não há diferença nenhuma porque o amor cresce a cada dia. Vou ao trabalho e quero voltar rápido para estar com meu filho, meu filho de alma e coração. Queremos dar tudo de bom para ele, o melhor pediatra, o melhor médico, a melhor vacina e muita educação”, emociona-se Antônio.
Ele avalia que mesmo no século 21 deve-se tomar cuidado porque as pessoas ainda insistem em ter preconceito. “As crianças que são adotadas no Brasil sofrem preconceito. Desde a Idade Média há uma rasa ideia de que filho adotivo não é a mesma coisa e para mim não há diferença”, argumenta Antônio.
Antônio e Lúcia voltarão para o final da lista de adoção para dar mais um irmãozinho para o pequeno, que hoje, ilumina a casa.
ORIENTAÇÃO
A orientação da Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara) é que os pais, quando adotarem uma criança digam a ela desde cedo que é adotada. O diálogo, baseado em respeito e amor, deve ser feito para evitar qualquer constrangimento da criança em algum estágio da vida.
A Ampara é uma associação que em parceria com a Ceja prepara grupos de pretendentes em cursos chamados de pré-natal da adoção. A associação já preparou quatro grupos, a primeira turma tinha 60 pessoas, os outros três eram formados por 40 pretendentes. Alguns eram formados por mulheres ou homens solteiros.
Antes da lei 12.010 de 2009, que estabelece a obrigatoriedade do pré-natal da adoção, o índice de rejeição dos adotados era preocupante. Pais adotivos não conseguiam se habituar a nova vida e chegavam a devolver as crianças ao Estado.
Para evitar o índice de rejeição foi feito o trabalho intenso de conscientização de que adotar é um ato de amor e que a pessoa deve estar preparada para isso. Lindacir Rocha Bernadon, presidente da Ampara, diz que desde a implantação do pré-natal não há notícias de rejeição de crianças adotadas.
A boa notícia para as crianças que esperam por um lar é que a conscientização também já está revertendo o quadro da preferência. “Depois que iniciou o curso de preparação para mostrar as crianças maiores e deficientes, os pretendentes estão ampliando a escolha do perfil para adotar.
Os pretendentes que preferem crianças com mais de 5 anos não esperam mais que um ano na lista de adoção. Existem cerca de 68 crianças aptas a serem adotadas nestas condições.
APADRINHAMENTO Divulgação A secretária Geral de Comissão Estadual Judiciária de Adoção, Elaine Pereira, diz que no Estado, desde abril de 2008, foi lançado o projeto de Apadrinhamento.
Programa de apadrinhamento, lançado em 2008 pelo Estado, pode ser uma chance para crianças e adolescentes sairem da exclusão
Atualmente, existem 545 crianças assistidas em vários lares de Mato Grosso e que esperam por um olhar de carinho e compreensão.
Para quem se interessar em apadrinhar uma criança ou adolescente, Elaine Pereira explica que o primeiro passo é procurar a Ceja e preencher um formulário e em anexo os documentos pessoais e comprovante de endereço.
O padrinho pode escolher a modalidade que prefere: afetivo, prestador de serviços ou provedor.
Elaine explica que o afetivo geralmente busca no lar e fica o final de semana com o afilhado; o provedor é aquele que investe em cursos para que a criança ou adolescente tenha uma formação, geralmente entra com aporte financeiro; o padrinho prestador de serviços é aquele que tem uma profissão e quer oferecer sua atividade, seja ele dentista, médico, jornalista, desenhista, advogado, etc.
Para quem se interessar entre em contato com o Ceja na Corregedoria-geral de Justiça ou na Ampara pelo telefone 3627.5415.
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