O biólogo, doutor em ecologia e pesquisador da Organização Não-governamental Panthera Brasil, Fernando Tortato, em entrevista a reportagem do HNT TV, atribui à prevenção o caminho que deve sempre ser aprimorado para proteger o Pantanal. Os incêndios no bioma em Mato Grosso iniciaram há cerca de 20 dias e já queimaram mais de 10% da área do Parque Estadual Encontro das Águas, local considerado um dos maiores refúgios de onças- pintadas do mundo, localizado entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço (109 km de Cuiabá).
Na última quarta-feira (25), três aeronaves do Corpo de Bombeiros Militar (CBM-MT) e Defesa Civil Estadual atuaram com 40 militares com ações de rescaldo em pontos de incêndios na região do Parque. Fernando Tortato reconheceu os investimentos públicos destinados à prevenção e ao combate de incêndios no Pantanal, mas reforça que investir em prevenção sempre sairá mais barato do que em ações de combate.
“Eu não me sinto confortável em julgar o trabalho dos bombeiros, se foi ou não eficaz. O que temos são os fatos, queimou um pouco mais de 10% da área do Parque Estadual Parque das Águas. O fogo iniciou em uma propriedade vizinha e a causa mais provável é por raio, devido às chuvas neste período do mês de outubro. O Estado tem investido em equipamentos e prevenção. Mas, sendo propositivo para o futuro, tendo mais investimentos em ações preventivas, principalmente em áreas protegidas, nos parques estaduais... Eles carecem de infraestrutura, carecem de gestão", apontou o pesquisador.
Tortato usou como exemplo o Parque Estadual das Águas, gerido por apenas um servidor. "O parque mesmo, só tem uma pessoa presente, tem que ter mais investimento para ter mais pessoas no local, atuando não somente no incêndio florestal, mas em todo e qualquer crime ambiental para ter mais eficaz e eficiente prevenção. A prevenção é muito mais barata do que o custo que gera deslocar dezenas de pessoas para combater o incêndio florestal. Esse é um caminho que sempre tem que ser aprimorado pelo estado de Mato Grosso em relação ao Parque das Águas”, explicou o Fernando.
O pesquisador explica ainda que os bombeiros atuaram desde o princípio do incêndio, as equipes tiveram suporte de pousadas vizinhas, da Brigada Alto Pantanal, guias turísticos, mas teve uma ventania que propagou as chamas e expandiu muito e criou uma linha grande de fogo. O incêndio no Pantanal em 2020 foi um evento trágico, trouxe aprendizado, a sociedade está mais atenta, como ponderou.
“Todo e qualquer incêndio florestal no Pantanal é difícil de controlar e estamos vivendo essas ondas de calor, esses eventos extremos, as temperaturas em Cuiabá batendo recordes. Isso tudo cria um cenário muito difícil de controlar. Então, é um pouco difícil julgar o quão eficaz ou não os bombeiros foram, eles fizeram o que era possível, baseados nas decisões técnicas, que as vezes não estão alinhadas com a opinião das pessoas locais. Isso acaba gerando ruído e críticas, porque eles não estão vendo as equipes no local que eles gostariam de ver. Mas os bombeiros estavam em linhas de frentes baseados no conhecimento deles de incêndio florestal”, afirmou o pesquisador.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Meio Ambiente para tratar sobre as ações de prevenção no local, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.