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Cidades Domingo, 03 de Julho de 2016, 08:31 - A | A

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Domingo, 03 de Julho de 2016, 08h:31 - A | A

MATERNIDADE 2.0

Interação entre mães nas redes sociais promove "criação coletiva" em Cuiabá

RAYANE ALVES

Criar um filho é sempre um grande desafio. São tantas preocupações com o pequenino... se está comendo direito, se está doente, se a escolinha ou a babá são confiáveis... Trocar experiências e pegar alguns conselhos é, e sempre foi essencial.

Arquivo Pessoal

criação coletiva

 

No princípio, as novas mamães contavam apenas com a ajuda das mulheres da família e de uma ou outra conhecida. Na era da internet, de intensas transformações com a sociedade industrial, as dúvidas e experiências se ampliam. E a forma de buscar esclarecimento também. As mães modernas se reúnem nas redes sociais e compartilham muito mais que fotos dos filhos, formando uma espécie de 'criação coletiva' de suas crianças.

 

“Para mim foi muito importante. Era uma forma de eu conseguir conforto, porque conseguia sanar minhas dúvidas. Principalmente porque você acaba de ter um filho e você não tem como sair de casa para ir ao médico e na casa de amigos. Então tem que tirar as dúvidas pelo celular, com quem está mais próximo e vive a mesma realidade que a sua, ou que já passou pelo problema”, contou a jornalista Franchesca Bogo Aguierre, de 34 anos, que tem um filho de um ano e é uma dessas mães conectadas.

 

Reprodução

diario BLW

O diário de BLW de Letícia tomou outras proporções e hoje organiza cursos do tema 

Franchesca participa de dois "grupos de maternagem" em Cuiabá. Quando ainda estava grávida, participou de vários, porque as amigas que eram recém-mães na época foram inserindo-a na rede.

 

Já Nariel Iatskiu, mãe de um menino de três anos, participa de um desses grupos há quatro anos. Ela contou que as conversas vão desde as cólicas de bebês até relacionamento íntimos com os maridos.

 

“Muitas [mulheres] eu acompanhei a gravidez e o parto. Outras nem conheço, mas a gente se fala diariamente. A conversa funciona como uma consultoria, pois sempre tem uma mãe nova querendo saber como foi o mesmo processo com as outras. Então a gente acaba se sentindo na obrigação de contar, porque também passamos por esse momento”.

 

Para simplificar a solução de dúvidas mais comuns, o grupo de Nariel até criou um fórum aberto, com textos e dicas de profissionais sobre diversos assuntos. A medida facilitou o tráfego de informações e tornou as conversas menos repetitivas.

 

Além de reforçar o relacionamento e criar uma rede de amizade entre as novas mães e seus filhos, os grupos servem para disseminar novos conhecimentos. É o caso da servidora pública Letícia Merini Tamura, criadora do 'Diário BLW', que queria divulgar o 'Baby-Led Weaning' -- método de introdução alimentar guiado pelo bebê -- em Cuiabá.

 

Arquivo Pessoal

leticia diario BLW

 

Letícia participou de um  curso sobre o BLW no Congresso Online de Atualização em Alimentação Complementar (Conalco) e percebeu os benefícios do método, amplamente defendido entre as nutricionistas. Quando começou a aplicar o BLW, registrou tudo.

 

“Comecei a registrar a alimentação do meu filho como uma espécie de diário, só que no meu Instagram @diárioblw, com vídeos, fotos e inserindo sempre observações”, comentou.

 

Rapidamente o grupo cresceu e as mães ‘novatas’ começaram a fazer muitas perguntas: "como é feito o preparo das receitas?", "onde comprava os produtos orgânicos?", como apresenta à criança?", etc. Hoje a conversa está no WhatsApp e reúne até brasileiras que  moram em outros países.

 

“Porque não? A troca de informações sempre será muito válida e a internet está aqui para unir pessoas independentes da distância física. Tem mais de 100 mães, todas são ativas, e estamos lá para trocar experiências sobre a introdução alimentar dos nossos filhos. São mães que têm bebês pequenos, a maioria na faixa dos seis meses a 12 meses, mas também temos outras com crianças maiores, que nos ajudam dando dicas de como será a próxima etapa”, destacou.

 

Letícia lembra do caso de uma mulher cuja filha apresentava sangue nas fezes e manchas pelo corpo. A mãe procurou vários pediatras e sempre foi falado que era normal, mas nos grupos percebeu que eram os mesmos sintomas de alergia ao leite de vaca.

 

“Ela começou a evitar o leite, foi cuidando da alimentação dela também para não refletir na criança, até que um dia passou por especialistas que realmente confirmaram o que ela suspeitava. Isso de uma certa forma foi descobrir o problema, porque os sintomas que a criança sentia como desagradável já não passavam mais depois de cortar todos os alimentos que poderiam interferir”, contou.

 

Arquivo Pessoal

criação coletiva

 

E as conversas nos grupos de maternagem vão muito além dos cuidados com os  pequenos. Fala-se de tudo, até sobre o relacionamento com os maridos. Nariel Iatskiu explica que, além da sexualidade, também são compartilhadas experiências quanto às divisões de tarefas e outros desafios do dia-a-dia.

 

“Mas também têm aquelas que perguntam sobre a volta à ativa na relação sexual, pois com a chegada do filho a atenção é voltada toda para ele. Aí surge a dúvida de saber se existe alguma coisa errada, porque não sente mais vontade de praticar [sexo]. Com isso, grande parte dos casamentos acaba no primeiro ano da criança, porque os casais não sentam para discutir a relação”.

 

ALDEIA GLOBAL 

Professor e mestre em Educação, Rafael Marques explica que essas práticas nada mais são do que uma atualização daquilo que já existia. "Quanto mais o mundo muda, mais ele continua igual", resumiu, explicando que, na verdade, a internet catalisa o encontro dessas pessoas.

 

Rompe as barreiras geográficas, já que independente do lugar onde os participantes sempre conseguem falar. É a ‘aldeia global’ conceituada e popularizada nas obras do filósofo canadense Marshall Mc Luhan.

 

“Antigamente os pais recentes procuravam ajuda de quem tinha experiência. Estou falando da maioria da população, que ia procurar a sabedoria popular com os próprios pais, avós ou pessoas mais velhas que já tinham passado pela mesma situação, porque não tinha médicos especialistas e sabiam apenas aquilo que era genérico. Então se a mulher tinha um bebê ela iria procurar ajuda rápida para dar conta da realidade que estava enfrentando naquele momento”, disse o professor.

 

Arquivo Pessoal

criação coletiva

 

Outro ponto importante é que a rede favorece a integração a partir das afinidades, suavisando assim a influência do 'tradicionalismo' da transmissão no conhecimento familiar. Ali, sem uma rígida estrutura hierárquica, as mulheres conversam de igual para igual, questionam-se em conjunto e incorporam novidades. Estimulam a pesquisa em grupo e ampliam a base de conhecimento.

 

"Cada mãe que está ali tem famílias, hábitos, tradições culturais diferentes. É apenas uma troca de experiência que pode ser aproveitada ou não. Não funciona como que o dito deve ser transformado em regras dentro de casa", argumenta Letícia.

 

Mas também é preciso atenção. É o que ressalva a psicóloga Gizelda Capilé, que aponta a tecnologia como um importante instrumento para o mundo moderno, mas recomenda ponderação. O relacionamento online precisa ter ética e, como estão lidando com os bebês, é importante sempre contar com a orientação de um profissional.

 

“Vejo como um instrumento tanto de trabalho como de diversão. Não tem problema de participar de grupos de famílias, escola, amigos e mães que tem crianças pequenas. A grande questão é o bom senso. Os pais nunca se devem deixar levar por aquilo que está sendo dito, mesmo que seja uma simples dor de cabeça. Muitas vezes o que está sendo dito é um alerta e não um diagnóstico. Sem contar que o problema deve ser resolvido por quem tem competência, não no senso comum”, afirmou.

 

Arquivo Pessoal

criação coletiva

 

Isso Franchesca já sabe bem. Após um ano de meio de maternidade, a jornalista alerta que essa ‘criação coletiva’ deve funcionar apenas como uma troca de informações, não como uma receita pronta para a solução dos problemas.

 

“Quero deixar claro que não sou contrária à tecnologia, mas as mães não podem fazer desses grupos um mecanismo de perturbação. Eles foram criados para troca de experiências, mas isso não quer dizer que tudo se passou com alguma criança sirva de exemplo para outras. Cada bebê tem uma fase de desenvolvimento diferente, e isso precisa ser respeitado”, destacou.

 

No fim, tudo se resume à vontade de fazer o melhor por aquele pinguinho de gente  em uma fase primordial ao desenvolvimento humano. “São pessoas que tem objetivos em comum, que é buscar fazer o melhor para seus filhos”, finaliza Letícia.

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