Os incêndios florestais que avançam há mais de uma semana nos parques Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade (562 km de Cuiabá), e Cristalino II, em Novo Mundo (791 km da Capital), já destruíram o equivalente a 20 mil campos de futebol das áreas de preservação do Estado até esta terça-feira (12). Em conversa com o HNT, o coordenador de monitoramento do Instituto Centro de Vida (ICV), Vinícius Silgueiro, informou que, apesar do vasto número de hectares destruídos pelo fogo, 2023 se encontra em um patamar ‘tranquilo’ em comparação aos anos anteriores quanto aos incêndios florestais.
Isso porque, conforme o último monitoramento feito pelo ICV nesta segunda-feira, mais de 19 mil hectares do Parque Ricardo Franco já haviam sido queimados. A área em questão se encontra em chamas desde 31 de agosto. Já o Cristalino II, até agora com 50 hectares queimados desde o último sábado, tem sido motivo de atenção, não pelo tamanho da área afetada, mas por se tratar de uma região que já havia sido desmatada no ano passado com um incêndio que afetou mais de cinco mil hectares.
“A análise que nós fizemos com base em imagens de satélite de ontem mostram que mais de 19 hectares já foram queimadas. Já no Cristalino II é situação grave, mas não pelo tamanho da área afetada, até agora 50 hectares foram queimados, no entanto, aquela área já havia sido desmatada no ano passado, com um incêndio que afetou mais de cinco mil hectares. Lá é uma área que já está embargada pelos órgãos ambientais. Então, essa é a nossa maior preocupação. O do Ricardo Franco está acontecendo desde o dia 31 de agosto e o do Cristalino, desde 9 de setembro. Para além da conservação, estamos vivenciando o período proibitivo do fogo”, disse o analista.
Apesar do fogo que se alastra há dias, o pesquisador ponderou que Mato Grosso, em comparação a ano anterior, vivencia um ‘patamar tranquilo’ para o período em questão por dois motivos: incidência de chuva acima do esperado nos meses de julho e agosto e pela redução no desmatamento no Estado.
“Esse ano, nós estamos vivenciando um dos anos mais tranquilos relacionado às ocorrências de fogo, principalmente nos últimos quatro anos. Julho, em comparação ao mesmo mês no ano passado, teve uma redução significativa. Agosto foi a menor taxa de focos de incêndio registrada desde 2009, que não tivemos um mês tranquilo como esse ano no Estado. Estamos em um patamar bem tranquilo e isso acontece principalmente pela incidência de chuva acima do esperado e pela redução no desmatamento desde o início do ano”, contou.
Segundo Silgueiro, com a volta do funcionamento do Ibama, só neste ano, houve uma redução de 42% do desmatamento em toda a Amazônia.
“Os dados estão lá e Mato Grosso não ficou para trás, nós avançamos muito nesse aspecto, mas, quando esse tipo de coisa acontece nessas proporções, acende o alerta. Agora é o momento de atuarmos nessas áreas desmatadas, até porque o fogo ainda é muito utilizado em áreas desmatadas, um vez que a gente combate o desmatamento, combatemos o uso do fogo”, reiterou.
O HNT procurou o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CMB) em busca de informações acerca da atuação no combate aos incêndios florestais e quais ações estão sendo adotas para durante o período de estiagem, no entanto, não obteve retorno até o fechamento da matéria.
Apesar disso, no que diz respeito ao combate ao incêndio que consome o Parque Estadual do Cristalino II, o CBM informou que uma equipe atua no local desde o último domingo, além de o Batalhão de Emergências Ambientais de Cuiabá e o Comando Regional 7 de Alta Floresta monitorarem remotamente o incêndio com satélites de alta tecnologia para orientar as equipes em campo.
Já em relação ao Parque Estadual Serra de Ricardo Franco, os militares informaram que duas equipes estão na região desde o início do incêndio, no dia 31 de agosto. Conforme o CBM, aeronaves do Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAer) sobrevoaram a região na última semana para que as equipes pudessem analisar a melhor estratégia de combate ao fogo.
As chamas também seguem sendo monitoradas pela Sala de Situação Central, em Cuiabá, e pelo 5º Comando Regional, em Cáceres (214 km da Capital).
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