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Cidades Sábado, 19 de Setembro de 2020, 13:45 - A | A

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Sábado, 19 de Setembro de 2020, 13h:45 - A | A

NOVOS DESAFIOS

Estudantes afirmam que EAD não é eficiente e relatam dificuldades

THAYS AMORIM

Corredores vazios e silenciosos, salas de aula sem professores e alunos em casa: esse é o novo contexto que a pandemia de coronavírus trouxe ao ensino no Brasil. De acordo com a plataforma Explicaê, com a suspensão das aulas, cerca de 70% dos estudantes tiveram o ensino impactado negativamente com as novas regras sociais e o Ensino a Distância (EAD). Esse é o caso de R.C. M., 17, estudante do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), no Campus Octayde, em Cuiabá. 

Foto: Arnaldo Alves/ANPr

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“O Regime de Ensino Domiciliar (RED) não funciona muito bem no meu caso, é mais uma situação emergencial. Como eu faço eletroeletrônica, ainda mais no terceiro ano, precisa muito de aula prática. Como não tem essa possibilidade, atrapalha muito. As aulas práticas vão ficar para depois da pandemia, provavelmente. Eles pretendem fazer ano que vem presencial já, enquanto esse ano ficamos no EAD”, explica.

O IFMT rompeu com as aulas presenciais em março, logo após o surgimento dos primeiros casos de coronavírus no Brasil. Contudo, o retorno do ensino só teve início em agosto. Segundo a assessoria, o RED demorou a ser implementado porque a escola realizou uma pesquisa com os estudantes para compreender a viabilidade do formato e quantos alunos precisavam de apoio, além de qualificar os professores. A primeira portaria do Ministério da Educação para a realização do ano letivo de forma virtual aconteceu em 22 de abril. 

Para amparar estudantes de classes sociais baixas, a instituição forneceu um auxílio para que 750 alunos adquiram equipamentos como tablets ou notebooks. Além disso, foram disponibilizados pacotes de dados de 6GB, durante 6 meses, para que alunos sem internet consigam acompanhar as aulas virtuais. 

“Nós estamos qualificando professores para trabalhar com o RED, ainda existem dificuldades dos docentes. O sistema não para de ser aperfeiçoado, nós continuamos criando alternativas para que os estudantes e os pais não se sintam prejudicados. Tem professores com várias iniciativas para minimizar os impactos do isolamento social”, declara o IFMT.

Apesar das adaptações, R. afirma que a demora na implantação do ensino virtual causou certa desvantagem aos alunos do ensino público em relação às escolas particulares. 

“Existe muita desvantagem. Eu namoro uma pessoa que estuda em uma escola particular, e ela já está tendo aula desde o início, todos os dias, com os horários certo, com provas e vão finalizar o ano letivo como se estivessem presencialmente. Muita gente não tem acesso à internet como eu, eu imagino que seja mais difícil ainda. Para mim já está sendo prejudicial”.

“Alguns professores dão aula, outros só enviam a matéria, marcam trabalho e aula de reforço. Mas não é como se fosse 100%, é mais você indo atrás do material e estudando”, completa.

Segundo a pesquisa do Explicaê, pelo menos 55% dos estudantes ouvidos alegam que a pandemia impactou a relação com os professores, especialmente no momento de esclarecer dúvidas de exercícios. A maioria dos jovens ouvidos na pesquisa (86,5%) revelou que mantém em casa um espaço para estudar e avalia esse ambiente de forma positiva.

Para H.S., 15, estudante de uma escola particular em Várzea Grande, a principal dificuldade é não poder tirar suas dúvidas presencialmente com o professor. Apesar do apoio do EAD, ela diz que os professores não conseguem atender a demanda.

“No começo foi bem complicado, eram muitos trabalhos, muitas atividades que tinham que ser realizadas em um período muito curto, às vezes não dava tempo. Eu ficava com um monte de dúvidas, eu senti bastante diferença porque quando você está dentro da sala de aula, você consegue tirar todas as suas dúvidas com o professor ali mesmo. No EAD acaba não conseguindo, porque às vezes muitos alunos tem dúvidas diferentes e o professor não consegue esclarecer tudo”, pontua.

A estudante relata que a nova rotina de estudos incluem assistir a vídeo-aula e, posteriormente, tirar as dúvidas com os professores. Apesar de ter sofrido com uma queda no desempenho, H. afirma que foi se adaptando com o tempo.

“A gente acabou se acostumando, os professores deram uma estendida nos prazos, e a gente foi se adaptando nesse novo ritmo. Meu rendimento foi bem lento no começo, eu não consegui tirar nota boa. Mas eu fui me adaptando, me dedicando um pouco mais e fui conseguindo. Eu ainda tenho um pouco de dificuldade de estudar em casa porque presencialmente, os professores podem tirar sua dúvida e te dar todo auxílio. Em casa, não”, relata.

Para J.O., 15, da Escola Estadual Adalgisa de Barros, em Várzea Grande, a principal dificuldade é acompanhar os conteúdos. A estudante, que entrou esse ano no Ensino Médio, diz que as suas maiores dificuldades são em matérias mais práticas como matemática, biologia e física.

“Tem algumas diferenças das aulas presenciais. É meio difícil para entender algumas coisas, às vezes eu fico perdida e não sei o que fazer. Eu, particularmente, acho um pouco difícil. Na hora do ensino, às vezes eu não entendo muito bem, por mais que os professores expliquem, ainda mais pela plataforma online. Eu tenho uma certa dificuldade em algumas matérias, ainda mais porque acabei de entrar no Ensino Médio”, explica. 

“Não foi muito fácil adaptar das aulas presenciais para o EAD, achei que fosse ser um pouco mais fácil. Eu só consegui entrar no grupo da escola depois, quando as aulas já tinham começado, então eu já estava com algumas matérias acumuladas. Isso me deu um pouco de dificuldade. Eu não consigo aprender com facilidade o que eu consigo fazer na escola, lá seria mais fácil”, pontua. 

Nas escolas particulares, que possuem uma estrutura mais desenvolvida do que o ensino público no Brasil, o EAD também não produz resultados atrativos. M. C., 17, afirma que possui dificuldades de aprendizado e faz o básico, como testes e provas, para manter o rendimento escolar. A instituição da estudante retornou as aulas virtuais em abril. 

“O EAD pra mim não está fazendo muita diferença, porque eu praticamente não estou aprendendo nada. Eu já tentei prestar atenção, mas para mim, não dá. Eu não estudo por conta própria, o que eu faço são alguns testes e provas para não ficar sem nota. A escola e os professores têm dado suporte no sistema online, mas para mim não foi muito boa essa adaptação”, ressalta. 

A dificuldade de estudar no ambiente de casa também é um problema recorrente à M., que quando tinha alguma prova, a estudante afirma que não voltava para casa e preferia ficar estudando no próprio ambiente de ensino. “Eu não consigo estudar em casa. No começo do ano eu estava estudando na escola, eu não voltava para casa, eu ficava na escola estudando. Não consigo estudar em casa. Eu vejo a aula mas eu não adquiro nada de conhecimento. Eu não entendo”.

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