Os entregadores do IFood realizam paralisação geral neste sábado (5) e domingo, em Cuiabá e Várzea Grande. Dentre outras reivindicações, a categoria questiona a prioridade dada às chamadas Operadoras Logísticas (OL), que terceirizam os serviços de entrega.
Segundo um entregador, que preferiu se identificar como Correia Silva*, a situação piorou depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a lei 14.297 de 2022, que determinou a contratação de seguros para os entregadores e ajuda financeira aos trabalhadores afastados em decorrência da covid-19. Em entrevista ao HNT, o motoboy Correia Silva relatou que, depois dessas medidas, a plataforma intensificou o processo de contratação das OLs.
“O que acontece, no início do ano, o presidente Bolsonaro sancionou a lei que garante proteção aos entregadores e, então, o IFood encheu de empresas terceirizadas e subpraças, que são áreas onde há prioridade”, disse.
Atualmente, segundo ele, 80% das entregas ficam a cargo dos entregadores contratados pelas terceirizadas e apenas 20% ficam disponíveis aos entregadores da modalidade chamada “nuvem”, na qual a prestação de serviços é direta para o Ifood. Além disso, a plataforma instituiu sistema de agendamento, estabelecendo horário pré-determinado para o trabalho dos motoboys.
“O iFood fala que o entregador é livre, mas essa não é a realidade. O IFood implementou o agendamento e muitas vezes você vai agendar e já está esgotado e, se você agenda, não pega muita corrida porque estão direcionadas para as terceirizadas e, se você está agendado e não cumpre o horário, no outro dia já sente o impacto”, lamentou.
“A gente tem que ficar até mais tarde na rua pra tentar fazer um dinheirinho. As vezes, ficamos 10 horas na rua para fazer oito ou nove entregas. Tem entregador que não faz nem cinco agendado e se você não agenda, não consegue pegar corrida. A gente é livre, não temos que ficar agendando, porque direitos trabalhistas eles não pagam”, completa.
Outra reivindicação da categoria é para que a plataforma passe a pagar duas taxas, ainda que os dois pedidos estejam em uma mesma rota. Também é questionado o pagamento das taxas de espera, que são garantidas ao motoboy quando o restaurante parceiro demora mais de 30 minutos para preparar o pedido.
“O iFood faz o entregador pegar dois pedidos, mas paga só um. Quando tem algo promocional, o IFood reduz a taxa do entregador como se fosse uma promoção. Se o entregador fica meia hora esperando o pedido, ele tem direito a meia taxa e a própria plataforma garante isso, mas tem muito estabelecimento que quando o entregador chega para coletar o pedido, sem o pedido estar pronto, lança como se estivesse pronto e o entregador fica ali mais de 30 minutos esperando. Muitos entregadores estão sendo punidos, suspensos por 48 horas, por estarem solicitando aquela taxa que é por direito e não adianta, não tem conversa com representante do Ifood. Somos ouvidos com os ouvidos fechados, não tem nenhum tipo de resultado”, contiu Correia Silva.
A mobilização será mais intensa no domingo, com carreata saindo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) passando pelas principais vias da cidade, até chegar no Shopping Pantanal e, depois, no destino final, que é o Shopping Estação, na avenida Miguel Sutil.
Sem apoio da prefeitura ou do governo, a categoria destaca que são pais e mães de família tentando levar para casa seu sustento.
“A gente não tem apoio do município e do Estado, nós somos pais e mães de família que estão tentando lutar para manter o sustento de sua família. Querendo ou não, muitos de nós dependem desse meio de renda que achamos, mas do jeito que está, está difícil”, finalizou Correia Silva.
Além de Cuiabá, os entregadores de Florianópolis (SC) e Rio Branco (AC) também realizam manifestações neste fim de semana.
AUXÍLIO COMBUSTÍVEL
Para o entregador ouvido pelo HNT, o auxílio combustível, instituído pela IFood em 2021, com investimentos de R$ 8 milhões, não trouxe melhora alguma à categoria.
“Isso foi uma piada. Para você ganhar R$ 40 de auxílio combustível, tem que fazer mais de 200 entregas”, defende.
*O entregador, que está à frente das mobilizações, preferiu não se identificar por receio de retaliações da plataforma IFood. Segundo ele, outros motoboys já foram punidos por cobrarem melhorias à categoria.
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