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Cidades Terça-feira, 13 de Setembro de 2011, 16:00 - A | A

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Terça-feira, 13 de Setembro de 2011, 16h:00 - A | A

CONTRAPONTO

Enem não é parâmetro de análise de educação, afirmam entidades

Representantes da Seduc, Sintep e UFMT criticam o resultado do Enem no ranking das melhores escolas, que causou comoção pública no país por causa da baixa classificação das instituições públicas

ALIANA CAMARGO
[email protected]

Divulgação

Escolas públicas em Mato Grosso ficaram abaixo no ranking do Enem. Entidades criticam método

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não é parâmetro para a avaliar o quadro real da educação no Brasil porque não se cogita a condições culturais e econômicas dos alunos, de acordo as entidades que estudam e trabalham com a educação em Mato Grosso.

Depois da comoção nacional sobre o ranking das escolas públicas ficarem bem abaixo na avaliação do Enem, no qual a melhor escola do Estado é particular e uma das mais caras, o Sindicato dos Trabalhadores da Rede Pública de Ensino (Sintep), a Secretaria de Estado de Educação em Mato Grosso (Seduc) e o Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) entendem que quando inseridos as quatro categorias de porcentagem de participação (veja baixo), criadas pela Ministério da Educação (MEC) existe uma avaliação que se torna complexa e que não está nos dados do Enem, o perfil humano, econômico e cultural de cada instituição de ensino.

Muitas escolas particulares que ficaram bem colocadas no ranking fazem um treinamento com as provas em série que, para os especialistas não significa conhecimento. A secretária Adjunta de Educação, Fátima Resende interpreta como uma forma ruim de analisar os alunos. “A avaliação pesada em série, com o treinamento através de prova é abominável. Primeiro precisamos de uma avaliação continuada, de forma crítica, no qual o aluno demonstre a construção do conhecimento e não apenas o treinamento”.

O sindicalista Gilmar Ferreira Soares, presidente do Sintep, colocou sua própria experiência para explicar a avaliação do Enem no que diz respeito ao aprendizado que muitos alunos têm fora da sala de aula. “Na década de 80, quando eu estudava, tinha os alunos que tinham poder aquisitivo. Eles estudavam inglês, faziam datilografia, natação, viajavam no final do ano, os meios de comunicação eram acessíveis, os pais assinavam revistas conceituadas e toda essa bagagem cultural fazia uma grande diferença”, refletiu.

Na avaliação do Enem, de acordo com a diretora do IE, Ozerina Oliveira, não se leva em conta o processo de 12 anos para se chegar ao ensino médio. “A comoção que o resultado proporcionou causa uma situação delicada para os que não ficaram bem no ranking. Tudo isso porque não se leva em conta o capital econômico e cultural das escolas”, posiciona-se.

A melhor escola pública de Mato Grosso no ranking do MEC é o Instituto Federal de Educação (Ifet-MT), mas que seleciona os alunos, indicando que para estudar na instituição a escolha é pelos melhores que de alguma forma, já tem uma boa base no ensino fundamental.

Atualmente os alunos das particulares, continuam tendo acesso diferenciado dos muitos alunos que estudam das escolas públicas que historicamente não tiveram investimentos por parte do governo. De acordo com Gilmar Soares, os alunos das privadas continuam fazendo línguas, tem seus notebooks, estão próximos as artes e o acesso à cultura é muito maior.

Os dados do Enem, de acordo com as entidades, não dão conta das particularidades e do abismo que atravessam o ambiente econômico-cultural que existe no Brasil, um país com dimensões continentais.

OLHAR NO ESPELHO

Apesar das três entidades convergirem para a ideia de que o Enem não é parâmetro para a análise, quando questionados outros pontos é visível que as entidades tem posições bem distintas. Uma delas é a questão da formação continuada dos professores e projetos que podem reverter o quadro de deficiências nas escolas públicas.

Fátima Resende, disse que a abordagem da situação da educação no estado é assunto semanal entre professores por meio do projeto de formação continuada, que não é obrigatório a participação, mas atribui pontos aos docentes que podem ter certas regalias como na escolha de salas de aula para lecionar.

Porém, o programa não tem um trabalho de pesquisa científica que indique os resultados ou mudanças no comportamento dos professores diante dos alunos. Em outras palavras, não existe uma auto-avaliação de como os professores estão saindo no desempenho escolar.

“O Estado não avalia os professores porque há uma série de deficiências. Uma delas são salários baixos, falta de condições já que para ensinar o professor deveria ter tempo para se preparar para as aulas. E ainda tem o boicote dos professores que impendem outros de trabalharem. No processo de avaliação tem que se olhar no espelho e ter sempre claro a meta e objetivo de garantir o aprendizado do aluno”, avalia o sindicalista Gilmar Soares.

Para Ozerina da UFMT, ainda falta formação inicial e continuada. “A formação não é suficiente, falta escolarização. O crescimento do acesso às escolas não acompanha o crescimento inicial da formação dos professores. Isso vemos um reflexo nas faculdades que falta alunos para as vagas, já que as novas gerações não estão se interessando pela licenciatura, por conta dos baixos salários da educação infantil à superior”, explica.

PROJETOS PARA MUDAR

A Seduc está implantando até o final de setembro o Programa para o Ensino Técnico (Pronatec). A proposta é oferecer cursos, no total de 82, para que jovens do ensino médio possam se especializar em alguma área. Entre elas a informática, agroecologia, vendas, artes entre outras.

Apesar de se posicionar dizendo que o Enem não é parâmetro, a secretária Adjunta disse que a meta da Secretaria é fazer com que as 725 escolas estaduais de Mato Grosso esteja no mínimo com 600 pontos até 2020.

Para o Sintep, colocar a condição de melhorias para daqui a nove anos, nega a busca por meios mais efetivos. “O ensino de qualidade para 2020 é você justificar o quadro de ausência do Estado. Joga-se lá para frente o que não se cumpre hoje”, afirma Soares.

O sindicalista ainda critica a gestão do MT Preparatório, programa realizado em conjunto pela Secretaria de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (Secitec) e Seduc que inauguraram o sistema que  prepara alunos para o vestibular pelo ensino a distância no valor de R$ 15 milhões.

“Já ouve denúncia que foi um dinheiro absurdo para somente inaugurar. Tem que rever a forma como é investido o dinheiro na educação”, comenta Gilmar Soares. 


Grupos criados pelo Ministério da Educação (MEC) de acordo com a porcentagem de participação no Enem 2010:

Grupo 1: de 75% a 100% (17,8% das escolas)
Grupo 2: de 50% a 74,9% (20,9% das escolas)
Grupo 3: de 25% a 49,9% (33% das escolas)
Grupo 4: de 2% a 24,9% (27,4% das escolas)

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Marcos Negrini/Secom-MT

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