Vinícius Brasilino, ativista do movimento negro em Mato Grosso e diretor de Comunicação da União de Negras e Negros pela Igualdade
(Unegro Pantanal MT), diz que repúdio ao racismo vai além de notas e deve acontecer também com medidas específicas. A fala acontece em reprovação ao que aconteceu nesta semana com o jogador de futebol Vinícius Júnior, atacante do Real Madrid. O jogador foi chamado de ‘macaco’ pela torcida do time Valencia e, nos últimos minutos do jogo, foi expulso sozinho por revidar um ‘mata leão’ de um jogador rival.
“O repúdio é algo que precisa acontecer, não só com notas, não só com palavras. Mas é necessário que as instituições, especialmente os governos daqui do Brasil, dos países europeus, da Espanha [...] tomem medidas específicas pro combate ao racismo. Não é uma questão de mudança apenas o comportamento dentro de campo, mas de uma mudança de uma cultura e de uma mentalidade que pensa que o negro é inferior”, reforça ele, reforçando que o que acontece com o jogador, de maneira reiterada, é justamente uma demonstração que o povo europeu continua racista.
Brasilino ainda traz um olhar histórico para o fato, lembrando que o europeu foi o grande responsável pela escravização do negro africano e que os reflexos disso ainda são sentidos na sociedade atual. “Tanto aqui pro Brasil quanto pra outros países da América e do mundo. Então, o olhar da escravidão sobre colocar o povo preto, colocar o africano como o povo que não tem direito a ter direitos, não tem direito à condição de sujeito, é algo que hoje ainda reflete nos campos de futebol”, expressa ele.
O militante destaca que os pensamentos racistas não se refletem apenas nos campos de futebol, mas em um contexto geral. “Não só nos campos de futebol, mas a imagem que a gente tem de torcidas inteiras proferindo palavras racistas ao Vinícius Júnior é justamente porque eles mantêm esse imaginário de subalternização do corpo negro. Ou seja, é inconcebível que alguém na idade do Vinicius, com a história de vida que ele tem, ocupe um dos principais espaços em um dos principais times do mundo”, expressa Brasilino.
O militante ainda comenta que tudo isso está muito além de ser apenas uma rivalidade esportiva, como desqualificar o time Real Madrid. “Quando um time faz uma faixa e coloca a imagem de um boneco negro pendurado, como se tivesse em uma forca, com a camiseta do Vinicius, o número que ele utiliza, não se trata de uma rivalidade ao esporte. É uma rivalidade ao corpo negro do Vinicius”, relembra ele outra agressão sofrida pelo jogador.
O militante ainda critica a falta de atuação e ações punitivas de organizações futebolísticas. “E esse racismo expresso e que acontece de maneira exacerbada, de certa forma, ainda é desconsiderado pelas próprias organizações futebolísticas. Mesmo com todas essas ações, essas situações, não existe um posicionamento da FIFA. A Liga se posicionou agora por conta da repercussão, mas esse é o quinto ou sexto caso de racismo que acontece com o Vinicius em campos europeus”, completa ele.
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