O documento, revelado neste domingo, 21, pelo programa Fantástico, da TV Globo, foi produzido no âmbito de uma investigação sobre integrantes do PCC que comandavam a chamada Sintonia Restrita - setor da facção responsável por organizar resgates e atentados contra agentes públicos.
Segundo os investigadores, as ordens para os assassinatos partiam de dentro dos presídios e eram repassadas a Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo. No celular dele, o Ministério Público encontrou as informações que deram origem ao relatório "Bate Bola", de 2024, cujo item 16 citava diretamente a perseguição a Ruy Ferraz Fontes e ao promotor de Justiça Lincoln Gakiya.
As investigações mostraram ainda que o ex-delegado vinha sendo monitorado havia pelo menos um mês. O sistema de vigilância da prefeitura de Praia Grande registrou o carro branco que perseguiu Ruy no dia do assassinato circulando pela cidade desde 18 de agosto, sempre durante a semana, quando ele cumpria expediente na Secretaria de Administração. As câmeras flagraram o veículo repetindo os mesmos trajetos do ex-delegado, em aparente mapeamento de rotina para a emboscada.
Imagens também revelaram a dinâmica do crime. Antes de Ruy deixar o trabalho, os assassinos já preparavam a emboscada: uma SUV preta parou em frente ao prédio onde ele trabalhava, enquanto, a dois quilômetros dali, câmeras flagraram o carro branco - o mesmo usado no dia do assassinato - aguardando para acompanhar a fuga.
Histórico de ameaças
Na reportagem, o promotor Lincoln Gakiya lembra que o ex-delegado já havia sido ameaçado e jurado de morte pelo PCC desde 2006, quando investigou a série de ataques da facção em São Paulo.
Em 2019, logo após assumir como delegado-geral, Ruy comandou a transferência de 22 líderes do PCC para presídios federais de segurança máxima. Na sequência, a polícia prendeu o grupo conhecido como "Bonde dos 14". Em audiência sobre o caso, o próprio Ruy revelou que seu nome estava em uma lista de alvos dos criminosos.
"Policiais fizeram uma investigação e descobriram que havia no meio do PCC, uma ordem para matar algumas autoridades, e meu nome estaria entre elas. Era uma carta entre eles determinando essas mortes", afirmou o ex-delegado em depoimento à Justiça em 2019.
Apesar do histórico, ele não chegou a pedir proteção. Segundo o governo de São Paulo, a legislação atual não prevê escolta para policiais aposentados, e Ruy também não usava carro blindado no momento do crime.
(Com Agência Estado)
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