A mudança passaria pela crença do secretário de que teria apoio de Jair Bolsonaro (PL) e conseguiria se viabilizar como o candidato bolsonarista na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. O empecilho seria desfalcar ainda mais a chapa bolsonarista ao Senado, que já não contará com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), autoexilado nos Estados Unidos e denunciado por coação. A prioridade do grupo de Bolsonaro é eleger o máximo de senadores para realizar o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Procurada, a assessoria de imprensa de Derrite negou que ele tenha admitido a possibilidade de disputar o Palácio dos Bandeirantes. "O foco dele é o Senado", diz a nota enviada ao Estadão.
Quando Derrite trocou o PL pelo PP em maio, parlamentares bolsonaristas ficaram incomodados porque enxergaram o evento como lançamento de uma pré-candidatura do secretário a governador - a bronca era que isso implicaria que Tarcísio seria candidato a presidente, deixando Bolsonaro em segundo plano.
"A vontade do partido é lançar Derrite a governador, mas isso não depende da gente, depende dele. Com a saída do Eduardo, ele se consolida como senador. É um nome muito forte porque acreditamos que essa eleição será pautada pela segurança pública", afirmou o presidente do PP de São Paulo, Maurício Neves.
Para ele, é preciso primeiro definir o plano nacional - quem será o candidato a presidente do grupo - para depois resolver o plano estadual. O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), o vice-governador, Felício Ramuth (PSD), o presidente da Alesp, André do Prado (PL), e o secretário de Governo, Gilberto Kassab, também são cotados para substituir Tarcísio.
Segundo Neves, o partido desistiu do plano de antecipar a saída de Derrite do governo para o final do ano - pela lei eleitoral, ele teria que deixar o cargo somente em abril. A ideia era que o secretário reassumisse o mandato como deputado federal para relatar projetos de lei sobre o endurecimento do sistema de justiça criminal.
A decisão ocorreu após um jantar na segunda-feira, 22, na casa do advogado Fernando José da Costa, ex-secretário de Justiça no governo João Doria. Chamado por Derrite, o encontro teve as presenças de Tarcísio, do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), do comandante-geral da Polícia Militar, José Augusto Coutinho, do delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, do secretário-adjunto de Segurança Pública, Osvaldo Nico e do próprio Maurício Neves.
Motta indicou que pretende pautar em outubro ou novembro uma série de projetos de lei como limitação das audiências de custódia e o fim da progressão de regime para alguns crimes.
A ideia era que Derrite tivesse papel de destaque nas discussões como deputado, mas, de acordo com o presidente do PP paulista, pesou o fato de que há uma série de entregas previstas para o secretário fazer até o início de 2026, como viaturas e motos e a inauguração de batalhões da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.
"Ele não desistiu de deixar o governo para tocar essa discussão na Câmara. Ele acredita que consegue estar como secretário e colaborar com a discussão sobre o tema", disse a assessoria de Derrite.
"O encontro teve como objetivo discutir ações legislativas efetivas para o enfrentamento do crime organizado, da reincidência criminal e da impunidade no Brasil. Todo o grupo acredita que a redução da insegurança acontecerá a partir do trabalho integrado entre todas as esferas, da sociedade civil ao parlamento", continua a nota.
Outro objetivo do jantar foi demonstrar apoio e respaldo político do governo Tarcísio e do PP a Hugo Motta, que naquele momento estava sendo criticado tanto pela esquerda como pela direita. O encontro ocorreu um dia depois das manifestações tomarem as ruas do País contra a PEC da Blindagem aprovada pela Câmara dos Deputados e a anistia, que teve a urgência aprovada pelos deputados.
Motta também foi criticado pelos bolsonaristas por ter escolhido o deputado Paulinho da Força (Solidariedade) como relator do projeto de anistia. O parlamentar já indicou que, em vez do perdão judicial a Bolsonaro e aos condenados pelo 8 de Janeiro, fará um texto apenas prevendo a redução das penas.
Derrite tem enfrentado desafios à frente da Segurança Pública paulista. O mais recente deles é o assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, em Praia Grande (SP). Segundo o secretário, um dos suspeitos de efetuar os disparos está preso e não há mais dúvidas do envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Além disso, de acordo com os dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, São Paulo foi o Estado com o maior aumento de mortes causadas pelos policiais no último ano. Foram 813 ocorrências em 2024, ante 504 em 2023. Houve ainda uma série de casos de violência policial entre o final do ano passado e o início deste ano que pressionaram Derrite, mas Tarcísio optou por mantê-lo no cargo.
(Com Agência Estado)
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