Nos depoimentos ao Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado, outro ponto explorado foi a "convocação" de Torres pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para participar de live com ataques sem provas às urnas em eletrônicas, em 2021.
Dos 11 depoentes ouvidos nesta terça-feira, a defesa inquiriu cinco pessoas que disseram ter participado daquela reunião e todas elas negaram algum teor político ou de favorecimento a Bolsonaro no encontro em outubro.
Foram eles o ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Djairlon Henrique Moura; o ex-diretor Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal Caio Rodrigo Pelim; o ex-diretor-geral da Polícia Federal Marcio Nunes; o ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alessandro Moretti e o delegado da PF Marcos Paulo Cardoso.
Todas as testemunhas disseram que a reunião tratou do policiamento no segundo turno e de procedimentos de "praxe" da Polícia Federal. Um deles, Djairlon, foi alvo de contestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Ele lembrou que Djairlon foi indiciado em inquérito que investiga as blitze. Em razão disso, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes disse que Djairlon teria resguardado o direito de mentir sobre esse episódio.
A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) traz uma conversa em um grupo de WhatsApp em que a ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça Marília de Alencar afirmou que nessa reunião de 19 de outubro de 2022 Anderson Torres foi "isento p... nenhuma" e "meteu logo um 22", em referência ao número de urna de Jair Bolsonaro.
A defesa também procurou tirar das testemunhas a informação de que Anderson Torres teria sido obrigado por Bolsonaro a participar da live com ataques sem provas à lisura das urnas eletrônicas, em 2021. Duas delas afirmaram isso: o ex-secretário de Operações Integradas do Ministério da Justiça Braulio do Carmo Vieira e Marcio Nunes, ex-diretor-geral da PF.
Braulio falou que ele teria sido convocado e que Torres ainda teria sentido "desconforto" por ter "desconhecimento técnico" sobre o tema.
Nunes disse à defesa de Torres na tarde desta terça-feira que o ex-ministro foi "convocado" por Bolsonaro para participar daquela live.
Posteriormente, Gonet perguntou a Nunes como ele sabia disso. "Houve comentários. Esse contato (com Torres) era diário", respondeu o ex-diretor-geral. O procurador-geral insistiu e questionou se Torres teria sido formalmente convocado ou se a palavra foi usada no sentido de um mero chamamento. Nunes disse não ter feito essa distinção.
Além dos já mencionados, também depuseram o ex-diretor da Abin Saulo Moura da Cunha, a ex-subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal Cintia Queiroz de Castro, o chefe da Divisão de Repressão a Crimes Eleitorais da Polícia Federal Fabrício Rocha, o ex-ministro da Educação Victor Godoy e o ex-diretor de combate ao crime organizado da Polícia Federal Luiz Flávio Zampronha.
Saulo disse que o órgão só teve condições de cravar a gravidade dos atos do 8 de Janeiro na véspera, Cintia afirmou que tinha conhecimento da chegada de caravanas a Brasília na noite do dia 5, mas não sabia da intenção de depredar patrimônio público.
Victor Godoy negou intenção antidemocrática em reunião ministerial que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno falou em "virar a mesa" antes da eleição presidencial.
Zampronha disse não saber do teor do documento produzido por peritos da PF sobre a lisura das urnas eletrônicas e Rocha falou que é comum a presença ostensiva da PF nos dias de eleição.
(Com Agência Estado)
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