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Artigos Domingo, 20 de Novembro de 2011, 14:56 - A | A

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Domingo, 20 de Novembro de 2011, 14h:56 - A | A

Mato Grosso é Negro!

Os antropólogos chamam a relação das diferenças culturais nos contrastes entre o eu e o outro como alteridade; a relação entre Mato Grosso e a África chamarei neste artigo de intimamente eu, por razões mais que óbvias e cientificamente comprovadas

SUELME EVANGELISTA

 

Divulgação

 

Cuiabá está prestes a completar 300 anos e Mato Grosso 280 anos e me parece que sem reconhecer sua identidade predominantemente afro-indígena.

Existe uma batalha para preservação de certas memórias hegemônicas principalmente depois da colonização sulista nos anos 60/70, que tenta escancaradamente sufragar nossas raízes seculares africanas e indígenas.

Os antropólogos chamam a relação das diferenças culturais nos contrastes entre o eu e o outro como alteridade; a relação entre Mato Grosso e a África chamarei neste artigo de intimamente eu, por razões mais que óbvias e cientificamente comprovadas.

Podemos afirmar que durante o período escravista na colônia portuguesa brasileira foram introduzidos em Mato Grosso pelo menos 20 mil escravos, até 1800, desconsiderando os negros mestiços com índios e brancos, chamados cabras, caburés, pardos e mulatos.

Estes números parecem modestos, mas se considerarmos que o máximo de habitantes que a Capitania de Mato Grosso alcançou foi de 40.876 no ano de 1797, falamos de um percentual na média geral representando mais da metade da população, a presença negra na sociedade mato-grossense sempre representou ao logo de todo o séc. XVIII mais de 50% das pessoas que aqui viviam.
As principais vilas e povoados em número de negros em Mato Grosso na fase de Capitania eram: Cuiabá, Vila Bela da SS. Trindade, Cáceres, Chapada dos Guimarães, Nossa Sra. do Livramento, Diamantino, Poconé, Forte Coimbra e Príncipe da Beira entre outras vilas e povoados que se expandiram.

Existiam pelo menos três rotas comerciais internas na colônia de introdução de escravos em Mato Grosso, duas fluviais e uma por terra.

A primeira e mais importante chamada carreira sul ou traçado monçoeiro sul, partia de São Paulo as margens do rio Tietê até alcançar o rio Cuiabá, esta rota foi a mais importante para o comércio escravagista em Mato Grosso e seria responsável pela introdução de aproximadamente 95% dos escravos que entravam na colônia pelo comércio atlântico nos portos do Rio de Janeiro.

Podemos afirmar que houve um predomínio esmagador de povos da língua Banto advindos da África Central, respectivamente, Congos, Benguelas e Angolas, seguindo mais de longe dos negros do golfo da Guiné chamados Mina e raros nagôs.

Esses grupos eram predominantemente procedentes da África Central, seguidos da África Ocidental, e, em menor quantidade, África Oriental.

Há que se considerar por curiosidade a presença dos Haussás que habitavam o território onde é hoje a Nigéria e que já chegaram a Mato Grosso convertidos ao mulçumanismo.

Neste período é reconhecido pela historia a existência de pelo menos 10 quilombos em Mato Grosso com população que variava entre 30 a 109 pessoas, com destaque ao maior de todos, o da Rainha Negra Teresa de Benguela, que construiu um verdadeiro império negro nos afluentes do rio Guaporé, governando aproximadamente 400 pessoas.

Muitos intelectuais mato-grossenses lutaram em prol da abolição da escravatura em pelo menos seis instituições de profissionais liberais a partir do ano de 1883, com a participação principalmente de advogados. O que sabemos sobre a Sociedade Abolicionista de Mato Grosso de 1883?

Quantas pessoas sabem que uma das primeiras leis abolicionistas do Brasil surgiu em Cuiabá em 1750, assinada pelo Juiz Dr. Antônio Augusto Rodrigues de Moraes que com base na proibição do Tráfico Atlântico de 1750, decretou a liberdade de 112 africanos com idade inferior a 56 anos.

Segundo o censo do IBGE de 2006, Cuiabá é uma das três capitais brasileiras com maior concentração de pessoas que se autodefinem negras, perdendo apenas para o Rio de Janeiro e Salvador e Vila Bela é uma das maiores concentrações de negros do Brasil, onde mais de 70% da população se diz descendente dos africanos.

Como diz a cantiga popular da dança do Chorado durante a Festa do Congo: Eu vou embora só porque eu quero ir! Eu vou embora só porque eu quero ir! Eu vou morar em Vila Bela onde canta a Juriti! Eu vou morar em Vila Bela onde canta a Juriti!

(*) SUELME EVANGELISTA FERNANDES é Especialista em Antropologia e Mestre em História pela UFMT.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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Carla 01/12/2011

Impressionante , como sempre !

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Carla 01/12/2011

Como sempre impressionante!

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Benedito silva 20/11/2011

Ótima matéria, só poderia ser feita pelo meu eterno professor Biela. saudações socialistas amigo e companheiro !! muito axe em sua vida. Ë dessas matérias que os sites deveriam publicar mais de pessoas que tenham a nos ensonar. E viva o Socialismo de verdade.

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Beto 20/11/2011

Parabéns pela aula em forma de matéria prof. Suelme !!!

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4 comentários

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