A pergunta que não quer calar - depois das versões da Disney, de Luigi Comencini e de Benigni, o cinema precisa de um outro Pinóquio? Não necessariamente, ou a se julgar pelo que foi dado ver, não esse. Garrone tem olho para a beleza, como mostrou em O Conto dos Contos. Mas desde lá, e também em Reality e Dogman, o diretor é atraído por um grotesco que nem sempre dá certo.
Pinocchio está na Berlinale Special, como Persian Lessons, que talvez tenha sido o melhor filme até agora. Mais uma história de Holocausto, esse tema inesgotável que o russo Vadim Perelman logra abordar com originalidade. Um jovem judeu belga tenta sobreviver no campo de extermínio passando-se por persa.
O que ele não sabe é que o comandante busca alguém que lhe ensine o farsí - seu sonho é ser chef, montando um restaurante em Teerã, após a guerra. Movido pelo instinto de sobrevivência, o herói inventa uma língua. Seu desafio é não cair em contradição. Perelman fez um filme com camadas, sobre a linguagem. Tem algo do humor e da fantasia de Jojo Rabit e A Vida É Bela (de Benigni), mas é tragédia pura, com um desfecho forte, emocionante.
O melhor filme da competição no festival alemão, até agora, é First Cow, de Kelly Reichardt. A diretora reabre a vertente da fronteira - o western, o caminho do Oregon. Uma dupla improvável de aventureiros - um chinês e um aspirante a chef. Pensando em termos de gênero (humano), o cinema afirma-se como uma coisa maravilhosa. Uma mulher filma com propriedade um universo essencialmente masculino, e brutal. Talvez seu filme não conquiste o grande Urso (de Ouro), mas a minimalista norte-americana Kelly Reichardt leva jeito de brilhar na premiação final em Berlim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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