Marco Antônio Cavalcanti |
Muro da casa da família de Wellington é pintado por moradores |
Vizinhos e moradores de Realengo contribuíram com a compra da tinta branca. Um cartaz também foi colocado na calçada afirmando que a culpa não é dos parentes de Wellington, e que o bairro de Realengo é pacífico.
"Organizei este ato porque meus sobrinhos que estavam na escola no dia do tiroteio passaram em frente à casa no fim de semana e ficaram muito impressionados com as pichações. Temos que mostrar que esse não é o sentimento dos moradores de Realengo", disse Marcos Gerbatin, de 47 anos, que é cabeleireiro e estudou na Escola Tasso da Silveira.
Vizinhos também colocaram em frente à casa um cartaz pedindo paz. "A culpa não é do estado, a culpa não é dos parentes, a culpa não é das crianças, a culpa não é dos funcionários da escola. A dor é de todos. Nosso bairro é pacífico", diz o cartaz.
Já Comlurb realiza nesta segunda-feira a limpeza da Escola Municipal Tasso da Silveira. O trabalho deve durar até às 14h. Somente depois pais e alunos poderão entrar para pegar materiais que ficaram na escola . Na porta da unidade, um bilhete convoca os responsáveis pelos alunos a participarem de uma reunião às 10h de quinta-feira.
Panfletos com a mesma convocação também estão sendo entregues aos responsáveis que aparecem na porta do colégio.
Ação de vândalos levou medo à vizinhança
Vizinhos da antiga casa onde morou Wellington Menezes de Oliveira com a família, na Rua Cacau, em Realengo, viveram no domingo uma madrugada de medo . Com pedras, vândalos destruíram o portão de alumínio da casa. Uma das janelas da frente também ficou com a vidraça quebrada. Desde o início da manhã deste domingo, carros da PM passaram a fazer escolta na rua, para garantir que não haja invasões e mais depredações.
Assustados, os moradores do local preferiram não se identificar. A maior preocupação deles é com a possibilidade ter a casa ser incendiada. Na manhã de domingo, uma pessoa chegou a passar em uma moto pela rua e gritar: "tem que tacar fogo".
Com medo de represália, os cinco irmãos de Wellington Menezes de Oliveira ainda não decidiram se vão reclamar o corpo do rapaz. Ao mesmo tempo em que sofrem a perda do caçula, os cinco irmãos - dois no Rio e três em Brasília - temem ser reconhecidos e linchados por pessoas revoltadas com o assassinato de 12 alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira.
"A decisão não está tomada. A gente não sabe o que fazer (com o corpo de Wellington). Também não sabe o que fazer com casa, roupa, documentos. Estamos sem pai, nem mãe", disse X., um dos irmãos de Wellington, que vive numa cidade-satélite de Brasília e pediu que não fosse identificado.
O GLOBO conversava com X. no momento em que ele recebeu a informação de que populares tinham depredado a casa onde o assassino morou em Realengo, até a morte da mãe adotiva dele, Nicéia Menezes de Oliveira, no ano passado. Nos fundos da casa, mora uma das duas irmãs de Wellington.
"Pelo que me falaram, invadiram a casa e estão depredando o patrimônio da família. Cadê a polícia? Não tem. É um patrimônio humilde, mas tem valor sentimental", disse X.
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