O Senado uruguaio aprovou na terça-feira (27) um projeto que descriminaliza o aborto, refletindo a postura liberal desse país católico acerca de questões de cunho ético.
O projeto, que deve ser aprovado na Câmara depois do recesso parlamentar, em fevereiro, permite que a mulher aborte gestações com até 12 semanas.
A medida foi aprovada por 17 a14 votos, após dez horas de um acalorado debate.
"Não temos o direito de aprovar um julgamento moral ao dizer que a mulher que continua sua gestação e tem seu bebê está correta, ao passo que aquela que por alguma razão não faz isso está errada", disse a senadora governista Monica Xavier. "Não somos censores morais, somos parlamentares", acrescentou ela.
O presidente socialista José Mujica já anunciou que irá sancionar a lei caso ela seja aprovada na Câmara e no Senado. Há três anos, o antecessor dele, Tabaré Vázquez, vetou uma medida semelhante, alegando que ela viola o direito à vida.
O senador oposicionista Alfredo Solari disse que o projeto é discriminatório contra os homens. "Como pode que a lei deixe a decisão de encerrar uma gravidez apenas com a mulher? E os homens?"
O aborto foi proibido no Uruguai em 1938, e a atual lei só permite que os tribunais suspendam ou reduzam as penas em casos excepcionais, com os de gravidez resultante de estupro ou que acarrete risco à saúde da mulher.
Quarta-feira, 28 de Dezembro de 2011, 10h:23