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Sábado, 24 de Dezembro de 2011, 15h:47

Crianças estão disponíveis para adoção, mas não se enquadram no 'perfil' dos casais

Em Mato Grosso são 552 crianças vivendo em Instituições de Acolhimento, destas apenas 62 meninos e meninas estão prontos para adoção

HÉRICA TEIXEIRA

Divulgação

Casais adotantes ainda tem preferência por crianças de pele clara e de zero a três anos de idade; opção sexual não é verificada no Estado, os casais são indiferentes na escolha de meninos ou meninas
Apesar de o número de casais que querem adotar ser maior ao número de crianças disponíveis, as 62 Unidades de Acolhimento do Estado tem disponível 552 crianças. Deste total 62 meninos e meninas já estão prontos para adoção, contudo não estão no rol de preferência dos casais adotantes.

A secretaria geral da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), Elaine Zorgetti Pereira, disse que os casais fazem opção por adotar crianças de zero a três anos. Além disso ainda há uma parcela que optam pela cor “branca”.

“As crianças que temos disponíveis tem idades maiores a preferência de muitos casais, e tem aquelas também que tem deficiência física e síndrome de Down. Por isso estes meninos estão prontos para adoção mas continuam nas instituições de acolhimento”, argumentou.

Em Cuiabá o lar da criança tem 92 crianças de zero a 12 anos de idade. Deste número 64 são meninos e 28 meninas. Dos 64 meninos, 17 tem menor de 3 anos. E das 28 meninas, 13 são menores de 3 anos.

Mesmo com as características exigidas pelos adotantes, Zorgetti apontou que um dado melhorou bastante desde o ano de 2008, que é a opção a adoção de crianças com pele clara. A secretaria argumentou que antes o percentual atingia 80% e agora apenas 30%, o que já demonstra um avanço muito grande.

Elaine Zorgetti apontou também um outro dado que ganhou expressão em Mato Grosso, que é a não preferência pelo sexo da criança.

A secretaria argumentou que antigamente os casais tinham preferência por meninas e que agora se dizem indiferente quanto ao sexo da criança. No entanto, 80% querem recém nascidos.

“O fato de os casais não optarem pelo sexo é uma mudança perceptível no Estado. Boa parte dos adotantes são indiferentes na escolha de meninos ou meninas e isso é muito bom”, avaliou.

DADOS

A secretaria do Ceja disse que uma considerável parcela das crianças que estão disponíveis para a adoção são porque os pais não querem mais criar os filhos. A questão também está diretamente ligada a problemas sociais.

Elaine Zorgetti afirmou que a maioria dos pais que abandonam as crianças têm problemas com alcoolismo e drogas. A secretaria pontuou que não é crime os pais não quererem os filhos, mas é crime estes mesmos pais abandonar seus filhos.

“O crime é deixar jogado ou até mesmo provocar a morte do filho. Se não quer (criança) entregue para as autoridades competentes”, frisou.

Cada criança antes de ser colocada disponibilizada para a adoção, a equipe do Ceja faz um levantamento sobre a vida do menor. É verificada a condição da família (pai e mãe), posteriormente familiares extensa (avó e avô). Caso se constate a impossibilidade deste menor voltar ao seu lar, esta criança é colocada para adoção.

INTERESSADOS EM ADOTAR

Elaine Zorgetti disse que até os pais se tornarem aptos para adoção tem que passar por alguns trâmites, que podem chegar até seis meses para a sua efetivação.

O casal interessado deve procurar a Vara da Infância e preencher uma ficha, apresentar documentos pessoais (RG, CPF, comprovante de renda, comprovante de endereço, antecedentes criminais, exame de saúde e sanidade mental) e fazer um curso preparatório para adotar uma criança.

Em todo o Estado os números são de 395 casais pretendentes ativos para adoção, deste número, 348 querem adotar crianças de zero a três anos de idade e 47 casais estão dispostos a adotar crianças entre 3 e 7 anos.