HiperNotícias - Você bem informado

Sábado, 19 de Agosto de 2017, 17h:00

Bruxo alerta: feitiços não são milagres e têm consequências

JESSICA BACHEGA

A bruxaria está presente no cotidiano das pessoas, por toda parte, mesmo que inconscientemente. Seja por uma forte oração, por um objeto “benzido” ou uma superstição, ela faz parte da realidade em que vivemos das mais variadas formas. “Bruxaria é modificar a realidade por meio da magia”, simplifica o bruxo várzea-grandense Maurício Melo, que desde pequeno alimenta a admiração pela magia, que hoje é sua profissão. 

 

Reprodução arquivo pessoal

bruxo mauricio melo

 Maurício Melo é fundador de grupo de bruxos com mais de 30 mil seguidores

 

Dos primórdios até a contemporaneidade, os feitiços campeões de pedidos são os encantamentos de amor. O desejo de ter a pessoa amada ao seu lado motiva muitas pessoas, principalmente as mulheres, a recorrerem aos feitiços para garantir a conquista. 

 

“Os feitiços podem ser feitos de muitas formas. Podem ser com o nome ou a data de nascimento da pessoa, mas se tiver um objeto da pessoa escolhida o encantamento é mais forte”, conta.  Segundo o bruxo, as mulheres buscam uma pessoa específica, já os homens buscam ter alguém, seguido por pedidos de prosperidade e proteção.

 

Muito comum em cartazes colados em pontos de ônibus, muros e postes pela cidade, a promessa de “trago o amor em três dias” é uma “tentação” para quem está buscando conquistar o ser amado.

 

“Eu não trago o amor em três dias, nem acredito nisso. Mas existem pessoas que dizem que fazem. Exigem um sacrifício animal, em determinado local e hora, além de ser uma magia mais forte e arriscada. Mas tudo depende também da situação em que está o casal, como é a relação”, afirma. 

 

“O bruxo que sabe abençoar, sabe amaldiçoar”

 

Maurício conta que, além das finalidades já citadas, as poções mágicas têm objetivo de cura e bem estar. “Os bruxos, na sua essência, são herbalistas, as ervas e as energias que se colocam nas poções têm grande poder de gerar cura e bem estar. Mas, também, podem ser usadas para o mal, dependendo do pedido do cliente e o bruxo que o realiza”, explica.

 

Para o Maurício, além de nomenclatura, não há diferenciação entre benzedeiras, pais de santo, simpatizantes e  bruxos. “Eles oram sobre a pessoa, benzem o corpo e, geralmente, usam um raminho para que a energia negativa não se converta contra eles. Quando é usado para o bem, eu não vejo diferença”, ressalta.

 

“Bruxos são livres. É possível não adorar a nada, não ter contato com espíritos, com religião. Escolhi a bruxaria pela liberdade que ela tem e pela responsabilidade que eu assumo. A responsabilidade é minha sobre aquilo que faço. Não é de algum espírito ou divindade”, frisa.

 

O bruxo ainda levanta o questionamento sobre a visão, muitas vezes pejorativa, pela qual a prática é vista. “O que vale mais? Um sacrifício animal que uma mãe faz para restabelecer a saúde de uma pessoa, ou aquela mãe que vai na igreja, acende uma vela e ora pelo fim do casamento do filho”, pontua.

 

Nenhuma intervenção na realidade fica impune

 

Desde a antiguidade é pregado por todo o mundo que, de alguma forma, tudo o que se faz acaba retornando para a vida daquele que proporcionou a mudança, seja ela maligna ou benigna. Na bruxaria, vale o mesmo princípio. 

 

“Existe uma regra muito clara dentro da magia: toda ação gera uma reação. Sempre. Se isso vai voltar três vezes, 10 ou 100 vezes, isso depende do universo. Mas se vai mexer com o livre arbítrio de alguém, isso vai voltar para você.  Deixo isso bem claro para meus clientes”, alerta.

 

“Tem clientes que chegam para mim e pedem por vingança contra alguém que fez mal a elas. Eu já alerto. Por que ao invés de pedir vingança, não peça justiça? Dessa forma, o universo já se encarrega de dar àquela pessoa o que ela merece e você não irá sofrer as consequências do mal que quer gerar”, salienta. “Para a pessoa que quer um encantamento de amor, ao invés de agir sobre o ser amado é melhor fortalecer seu poder de atração”. “Quando a gente quer brincar de Deus, ser os ‘senhores do destino alheio', a gente vai pagar o preço”, assevera.

 

Reprodução arquivo pessoal

bruxo mauricio melo

 

Bruxaria tradicional

 

Maurício conta que é seguidor da bruxaria tradicional, mais voltada para a natureza, para o folclore e tenta manter práticas realizadas há séculos. 

 

“O bruxo trabalha com aquilo que ele tem na mão. Antes os rituais eram feitos nas fogueiras, nas florestas. Esse fogo foi levado para a lareira. Antigamente, todo mundo tinha um caldeirão. Essa era a panela deles”, afirma.

 

Prazo de validade

 

“Magia não é milagre. Ela tem data para começar e para terminar. Não existe magia que dure eternamente, ela precisa ser refeita”, explica o bruxo.

 

Os feitiços devem ser refeitos, pelo menos, a cada ano. Eles precisam ser alimentado. 

 

Outro fator que influência no sucesso do encantamento é o valor investido para a finalidade. “Um trabalho que custa R$ 300 não tem o mesmo efeito de um que custa R$ 3 mil. O trabalho é valorizado não só pela material utilizado, mas também pela energia empregada”, afirma.

 

Pedidos inusitados

 

Reconhecido pelo seu trabalho, ele atende pessoas no Brasil e no exterior. Com muitos anos de atuação, Maurício já recebeu pedidos inusitados de seus clientes. Um deles veio via e-mail de uma pessoa que queria ser transformada em lobisomem. “No começo, eu achei que era brincadeira, mas depois falei mais com a pessoa e era de verdade. Mas, não existe possibilidade”, lembra.

 

Maurício conta que sua família tem uma espiritualidade muito forte e que sempre adorou tudo que fosse relacionado a magia. Aos 11 anos, comprou seu primeiro livro que tratava do tema e, desde então, não parou mais de estudar e se aperfeiçoar.  Nascido em Várzea Grande, ele morou por muito tempo em Curitiba (PR) e, agora, está de volta em sua cidade natal.

 

Ele é fundador do grupo Rosa dos Ventos Conclave de Bruxaria que está presente em algumas cidades e tem uma página em rede social com mais de 30 mil seguidores.