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Sexta-feira, 28 de Outubro de 2011, 20h:38

Governo muda estratégia e escala secretário para defender compra milionária

Agora é o secretário Diógenes Curado quem foi incumbido de explicar aquisição de veículos e equipamenrtos sofisticados com dispensa de licitação

DA REDAÇÃO

 

Mayke Toscano/Hipernotícias

Secretário de Segurança, Diógenes Curado, "substitui" Jeferson de Castro, da Secopa, para explicar contratação da Global Tech

 

De forma estratégica o governo do Estado mudou seu interlocutor para assuntos referentes à compra dos Conjuntos Móveis Autônomos de Monitoramente (Comam).

Agora é o secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado, o incumbido de responder aos questionamentos e discussões, cada dia mais recorrente, sobre o assunto.

Até uma semana atrás, cabia ao secretário-adjunto de Projetos Especiais da Secretaria da Copa (Secopa), Jeferson de Castro, tentar explicar a polêmica aquisição sobre os valores e principalmente a funcionalidades desses equipamentos.

Curado, por exemplo, começou sua nova função argumentando que os Comans permitirão a blindagem da fronteira seco entre Mato Grosso e Bolívia (de cerca de 720 quilômetros) e que também serão usados no combate a assaltos a bancos. 

 “O investimento em tecnologia de segurança é fundamental para que o policial consiga dar resultados e agir estrategicamente”, afirma.

A estratégia do governo, pelas primeiras declarações de Curado, é minimizar o desgaste que este investimento polêmico já vem causando junto à opinião pública.

Curado já designou como seu auxiliar nessa “empreitada” o comandante do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), coronel PM Antônio Ibanez, que é quem de fato, apontará a importância dessa tecnologia na fronteira.

A aquisição de sistemas de radar, conforme o militar, marca o primeiro grande investimento histórico em Segurança Pública no Estado para proteger a divisa, que é, segundo ele, umas das mais críticas no Brasil.

“Para acompanhar o deslocamento dos criminosos na área com um binóculo, hoje o policial precisa subir em árvore e ficar ali por horas. Na prática o profissional tem que enfrentar o bandido com no máximo uma arma na mão. Pela primeira vez teremos tecnologia de ponta no combate ao crime em um dos principais corredores da criminalidade no Brasil”, pontua o coronel.

O Comam é composto por um sistema completo de monitoramento. A principal ferramenta do conjunto é o módulo radar. O equipamento permite o rastreamento de alvos.

“Ele rastreia até 300 alvos simultaneamente em um raio de 15 quilômetros. Conseguiremos acompanhar a movimentação de ‘mulas’ e veículos”, explica o comandante. A alta tecnologia do produto, o torna também o de maior valor agregado, com o custo unitário de R$ 493,813 mil.

Após o acionamento do radar, o módulo ótico-eletrônico, composto por câmeras de imagem e sensores térmicos, permite a identificação do objeto em deslocamento. “Em um raio de cinco quilômetros é possível filmar um ser humano e acompanhar sua movimentação. Já um carro de passeio pode ser filmado pela câmera em até oito quilômetros e um caminhão a 15 quilômetros”, pontua. O produto tem valor unitário de R$ 476.562 mil.

O equipamento completo é composto de um console de operação (R$ 46.905 mil cada), um sistema de potência (R$ 31.270 mil), que permite o funcionamento em qualquer frequência com gerador próprio e até oito horas sem rede elétrica, um sistema de navegação GPS (31.270 mil cada), o software (62.540 mil cada) e o sistema de comunicação, por telefone via satélite e rádio digital.

“Há um isolamento das equipes nos 750 quilômetros de fronteira seca pela falta de comunicação. Conversar com os policiais é fundamental para o desenvolvimento do trabalho em equipe e para a realização de flagrantes. Hoje trabalhamos em desvantagem em relação aos criminosos, que possuem sistema digital e conseguem se comunicar”, diz.

PÂNTANO E CABRITEIRAS

O Comam será instalado em veículos Land Rover customizados, especialmente preparados durante a fabricação, para receber o equipamento, com espaço para um policial operador e para mais dois policiais. “Esses carros são os mais resistentes e que exigem pouca manutenção. Chegamos a ficar até quatro dias em campana no meio do mato, sem voltar para a base”, explica Ibanez.

O fato de o carro ser de alumínio também aumenta sua durabilidade. “Andamos só em estradas de chão com buracos, serras, morros e na época de chuva, em regiões de pântano. Precisamos de um carro especial e traçado. Trabalhar na fronteira não é como trabalhar na cidade”, diz Ibanez.

Cada veículo customizado foi adquirido pelo valor de R$ 226,370 mil. O investimento na aquisição de 10 conjuntos foi de R$14 milhões, com acordo formal para transferência de tecnologia. A aquisição foi realizada pela Secretaria Extraordinária da Copa para atender exigências da Fifa de redução de índices criminalidade e o controle da divisa.

ASSALTOS A BANCOS

Além da utilização na fronteira, o Comam será empregado no combate aos assaltos a banco, conforme consta no Plano de Contenção de Roubo a Bancos. “Quando esses assaltos acontecem, os criminosos se escondem no meio de extensos matagais e é muito difícil localizá-los. Com os radares, os bandidos não terão mais onde se esconder. Serão encontrados por meio do rastreamento pelas equipes policiais”, aponta o secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado.

Curado aponta que apesar da defesa de fronteira ser também uma atribuição do Governo Federal, também é uma prerrogativa do Estado, uma vez que afeta diretamente a população mato-grossense. “A visão de que só a União deve combater os crimes de fronteira é ultrapassada. Mato Grosso aderiu ao Plano Nacional Estratégico de Segurança Pública na Fronteira e o Gefron é modelo no país todo”, destaca Diógenes.