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Quinta-feira, 27 de Outubro de 2011, 15h:14

Logística nas exportações

Ouvimos muitas notícias otimistas sobre o Brasil. Tudo indica que há um consenso mundial a respeito da potencialidade econômica do país para as próximas décadas. Porém, também sabemos que ainda é notório muitos problemas, e nossa logística é um deles

FABIANE ARGUELLO

 

Divulgação

 

Ouvimos muitas notícias otimistas sobre o Brasil. Tudo indica que há um consenso mundial a respeito da potencialidade econômica do país para as próximas décadas. Porém, também sabemos que ainda é notório muitos problemas, e infelizmente a logística brasileira ainda é destaque negativo no cenário internacional. Existem boas iniciativas visando minimizar o problema, mas acredito que somente quando superarmos os entraves relacionados à nossa capacidade logística é que seremos realmente um playerglobal.

A importância da logística de transportes e da infraestrutura no Brasil sao questões extremamente significativas para que se tenha um crescimento sustentado de forma competitiva frente aos seus principais concorrentes, bem como a importância da adequada utilização dos modais de transporte para melhor desempenho. Podemos citar como fácil exemplo os Estados Unidos, que apresenta um custo de transporte para escoar a sua safra, em alguns casos, sete vezes menor que os praticados no Brasil. Ou seja, temos um grande desafio para reverter esse quadro, e para isso é necessária a criação de novas alternativas, como a criação de hidrovias e ferrovias, incentivar a utilização destas mesmas, pois é comprovado que são formas eficientes e competitivas para escoar produtos a granéis.

As ferrovias obsoletas do Brasil, a escassez de hidroviárias, as rodovias em péssimo estado de conservação, armazéns e portos sobrecarregados, todos estes são alguns dos desafios logísticos que acabam tornando o escoamento da safra um verdadeiro desastre e prejudicando a competitividade do agronegócio no país.

O agronegócio brasileiro enfrenta o desafio de crescer de modo competitivo e sustentável para atender a demanda interna, conquistar e manter espaço no mercado externo, fornecendo produtos e processos de qualidade, com sustentabilidade e a preços competitivos. O Brasil ocupa lugar de destaque no cenário do agronegócio mundial do complexo soja, é visto como grande produtor e exportador, constituindo-se na maior cultura nacional em termos de área. Mas se pode também dizer que a capacidade de expansão do agronegócio depende diretamente da infraestrutura necessária para o escoamento da produção. Embora sejam feitos alguns investimentos nessa área, ainda não é o suficiente.

Uma notícia publicada na imprensa britânica, jornal Financial Times, repercute os problemas na estrutura de transportes do Brasil. E, apesar de retratarmos aqui apenas o agronegócio, pode-se afirmar também que a situação apresentada se repete em outras atividades do comércio. A notícia britânica traz como título “Transporte ruim atrasa agronegócio do Brasil”. A falta de investimentos na área de transportes é um dos principais obstáculos para o crescimento do "próspero" setor agrícola brasileiro.

Muitos ao redor do mundo estão acompanhando o despontar do Brasil como uma superpotência agrícola. Mas analistas do país dizem que “a produção está chegando a seu limite e que o investimento necessário para o crescimento - especialmente na infraestrutura de transportes - está ficando curto".

Foram entrevistados fazendeiros em Primavera do Leste (MT), que reclamam de ter que desembolsar cerca de US$ 100 por tonelada de produtos a serem transportados por terra aos portos de onde são exportados - o que, segundo eles, custa cerca de US$ 30 nos Estados Unidos. Afirmam os entrevistados “que existem alguns projetos de transporte ferroviário e hidroviário em construção, mas muitas pessoas estão cansadas de esperar”. Além disso, ainda segundo o jornal Financial Times, “o agronegócio brasileiro é atrapalhado por altos impostos, burocracia e uma das mais rígidas legislações ambientais do mundo. "As leis obrigam os fazendeiros a preservar áreas florestais sem receber compensação alguma", diz o jornal. “O setor agrícola também enfrenta barreiras comerciais, e o fortalecimento estável da moeda brasileira - especialmente frente ao dólar - está acabando com a competitividade."

Mas o jornal britânico também ressalta que o Brasil, além de ter se tornado o maior exportador mundial de produtos como soja, açúcar, carne e frango, é um dos maiores produtores com espaço para crescer. "O país tem 72 milhões de hectares sendo cultivados e outros 172 milhões de hectares dedicados à pecuária. Outros 96 milhões de hectares de terras cultiváveis estão disponíveis sem que se precise tocar em áreas de proteção ambiental".

A produção mundial de soja obteve um crescimento muito elevado nas últimas décadas e está concentrado nas Américas do Norte, do Sul e Ásia, os três continentes juntos representam aproximadamente 88% de tudo que é produzido no mercado mundial, entretanto, os continentes Norte Americano e Asiático encontram-se com a produção em tendência de estagnação, enquanto que a América do Sul aumentou nesses últimos anos sua produção com clara tendência de grande expansão.

O Brasil possui área própria para o cultivo disponível equivalente a atual área destinada ao cultivo de soja existente no país, já os Estados Unidos, por exemplo, possuem limites para expansão da área cultivada, isso pode ser considerado uma vantagem competitiva que o Brasil tem perante os demais produtores, podendo assim dobrar a atual produção com totais condições de se tornar lider tanto na produção do produto quanto na exportação do mesmo. Portanto pode se presumir a importância do complexo soja para a economia brasileira nos próximos anos. Destacando-se não apenas a área própria para cultivo existente nos cerrados, como também na capacidade tecnológica para viabilizar a expansão, e claro, um aspecto de vital importância que é a infraestrutura logística no país.

Portanto para que o Brasil cresça de modo competitivo e sustentado, além de produtos e processos de qualidade, com sustentabilidade e a preços competitivos é preciso que estejamos atentos para amenizar os gargalos logísticos, que não estão somente nas nossas estradas e caminhões, como também, na pouca representatividade do transporte ferroviário e hidroviário, na falta de infraestrutura dos pátios dos portos, o que gera tumulto, risco de acidentes e desperdício de tempo, acarretando mais custos ao transporte.

Em suma, o Brasil para galgar o posto de maior produtor mundial de soja, além do aumento de cultivo, tem que investir em novas tecnologias e melhorar seus diversos tipos de vias de transporte, o que traria enormes vantagens para os produtores e para sociedade como um todo.

(*) FABIANE P.B. ARGUELLO POHLMANN é advogada e estudante de Gerenciamento em Logística pela Universidade de Hamburgo, Alemanha