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Segunda-feira, 24 de Outubro de 2011, 19h:01

Andando para trás

Quando, na marra, o ex-presidente da República, com o apoio geral e irrestrito de todos os governadores da época, solicitou à FIFA para o Brasil sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, falou-se muito em investimentos. Isso despertou nossa auto-estima

GABRIEL NOVIS

 

Steffano Scarabottolo

 

Parece que o Brasil está andando para trás - rumo ao atraso.

Quando, na marra, o ex-presidente da República, com o apoio geral e irrestrito de todos os governadores da época, solicitou à FIFA para o Brasil sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, falou-se muito em investimentos.

Isso despertou a auto-estima da nossa gente. O efeito dessa jogada de marketing foi observado nos resultados das últimas eleições presidenciais e nos dos governadores das cidades sedes - todos da base de sustentação do governo, com raríssimas exceções para confirmar a regra.

Falou-se barbaridade sobre o legado da Copa. Cuiabá, por exemplo, seria transformada em uma cidade moderníssima, com todos os instrumentos materiais e sociais de uma metrópole, sem problemas físicos e sociais.

Passado os anos e, às vésperas da Copa, seria bom que o povo cuiabano se esquecesse das obras do novo aeroporto prometido pelo governo federal. Vamos nos acostumar com o puxadinho, que está de bom tamanho.

Estradas modelo alemão, metrôs, mobilidade urbana, viadutos, duplicação das acanhadas avenidas da cidade de 292 anos, investimentos na infra-estrutura para o turismo e atenção à área social, especialmente saúde e segurança, é melhor deixar para lá.

A grande estrela do legado que Cuiabá receberia, seria o transporte modal VLT, que até o momento não possui o projeto, que é caríssimo, tampouco recursos para a sua implantação.

Em compensação, essa polêmica escolha implodiu a Agência da Copa, criada no governo anterior, como modelo a ser exportado de como se preparar uma cidade para sediar jogos da Copa.

Faltando pouco mais de dois anos para os jogos da FIFA, temos os trabalhos da ex-Agência, e agora super Secretaria, paralisados para explicações.

Os diretores considerados competentes, ocupando pontos estratégicos do organograma operacional, na sua maioria foram substituídos.

Falando sobre futebol, existe uma lenda que diz que, em time que está ganhando não se mexe. Com essas substituições o governo confessa que perdemos dois anos de trabalho.

Agora é torcer pelo novo time quando ele entrar em campo e que tenha um desempenho melhor, segundo a visão do próprio governo.

A FIFA só exige para a Copa um estádio de futebol dentro dos seus padrões e que se respeitem as suas leis, maiores que a Constituição dos países sedes.

O resto foi megalomania de um governo pobre. Mato Grosso ficará com um grande legado por sediar alguns jogos em Cuiabá: uma Arena elefante e muitas dívidas contraídas, não para construir hospitais ou melhorar a segurança pública, e sim, para a grande opção do estádio de futebol.

Enfim, andar para trás é caminhar pelo conhecido. No caso, rolagem de dívidas, e toda sorte de problemas empurrados com a barriga.

Enfrentar novos caminhos sempre foi uma decisão difícil. Então, andemos para trás.

(*) GABRIEL NOVIS NEVES é médico, professor univesitário fundador da UMFT e colsborador de HiperNotcias. E-mail: [email protected]