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Domingo, 09 de Outubro de 2011, 07h:00

Domingueira

No rol de palpiteiros e técnicos de futebol sempre de plantão, dispostos inclusive a fazer valer suas opiniões na “porrada”, se preciso for, o Brasil é imensamente rico: somos milhões e milhões em ação, neste domingo mesmo nas mesas de bares e botecos

MÁRIO MARQUES

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Assim como certos técnicos de futebol que nunca jogaram bola (ou quando jogaram não se destacavam pelo primor técnico e habilidade em campo), mas dirigem equipes com soberba profissional e ares de “sabe-tudo”, na mesma linha também agem a quase totalidade dos ditos comentaristas esportivos quando se metem a dar “pitacos” em programas radiofônicos ou nas ditas mesas-redondas da TV.

Acho esse tipo de programa o máximo, em termos de humor (a incoerência quando extrapola fica engraçada), é claro. Principalmente quando conta com a participação, como convidado, de um jogador – literalmente, posto na roda para ser o bobo -, com aquela cara de sonso da corte, típica de personagem “boleiro” do bom Chico Anísio, mudo o tempo todo e só balançando a cabeça, feito vaquinha de presépio, quando um dos “bambans” lhe dirige alguma pergunta. Pior, se sujeitando a ficar em situação constrangedora por ter que ouvir, às vezes, críticas dirigidas a ele ou a seus colegas. Sobretudo vindas de “pernas de pau” ruins de cabeça, inclusive. Só “cabeça de bagre”, sem senso do ridículo, para se expor dessa forma!

Nesse rol de palpiteiros e técnicos de futebol sempre de plantão, dispostos inclusive a fazer valer suas opiniões na “porrada”, se preciso for, o Brasil é imensamente rico: somos milhões e milhões em ação, neste domingo mesmo, trabalhando incansavelmente nas mesas de bares e botecos ou beira de campos pelo país afora.

Discussão que avança e prospera em locais menos indicados, como salas de cirurgia (depois eu conto essa) de pronto-socorros e hospitais púbicos, onde as pessoas estão ali (salvo, é óbvio, quem está sendo "esquartejado") supostamente para defender o chamado “leite das crianças” e não para dar palpites sobre o Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Vasco ou qualquer outro time, discordar sobre suas escalações e esquemas táticos. Ou xingar a mãe do juiz mais do que a infeliz velha foi difamada pelas torcidas raivosas nos estádios.

Muito possivelmente, o próprio e distinto leitor que me honra com a atenção dada a estas despretenciosas linhas domingueiras, se ainda não está envolvido até o gorgomilho numa dessas discussões, tenho certeza que em algum ou mais dias já deu sua valiosa contribuição numa dessas rodas que se formam para debater o assunto –aliás, que poderia ser mais sério, se não fosse as muitas denúncias que, ultimamente, nessa onda -e tomara não seja passageira - de passar o Brasil a limpo, trazem nomes de cartolas e juizes de futebol envolvidos em escândalos e malfeitorias.

Por sinal, um motivo a mais para aumentar a sua indignação nas vezes em que se envereda pelo tema. Provocando a já clássica exclamação: “Esse país não tem jeito mesmo!”. Ao que seu colega (espero que não seja o da mesa ao lado do seu local de trabalho ou no andaime da construção), mas durante descontraídos chopinhos ou daquela pinguinha “amiga”, nos momentos de folga, retruca, mais indignado: “Não bastava os políticos para meter a mão, agora tem mais essa!”.

Vôte!, exclamo eu, porém de alegria, por ter chegado ao fim desta coluna. Pronto também para dar meus “pitacos” na primeira roda que encontrar pela frente...

(*) MÁRIO MARQUES DE ALMEIDA é jornalista. www.paginaunica.com.br. E-mail: [email protected]