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Sábado, 01 de Outubro de 2011, 15h:59

Trombetas do caos

Os leitores hão de se lembrar dos tempos nem tão distantes no calendário e quando predominava, no noticiário econômico e nas análises e artigos sobre o assunto, a máxima, repetida à exaustão, de que

MÁRIO MARQUES

 

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Os leitores, por certo, hão de se lembrar dos tempos nem tão distantes no calendário e quando predominava, no noticiário econômico e nas análises e artigos sobre o mesmo assunto – aliás, geralmente longos e chatos -, a máxima, repetida à exaustão, de que um “espirro nos Estados Unidos viraria uma epidemia de gripe no Brasil”, tal a dependência da nossa economia na relação com aquele país.

Esses comentários sobre o tal “espirro” tinham o condão de espalhar o pânico no chamado “mercado” (que até hoje, sinceramente, não sei exatamente o seu significado, tamanha a sua abrangência e aplicabilidade), essa palavra surrupiada do vocabulário pelos economistas e que, dependendo da ótica (ou do interesse) de cada um, pode ser aplicada para denominar de uma quitanda de esquina a um país inteiro com toda a sua população dentro.

Pois bem: os Estados Unidos não só “espirraram”, como quase entraram em coma por conta da crise de liquidez que se abateu sobre eles, e hoje sequer é o maior parceiro comercial do Brasil (posição que perdeu para a China), mas o Brasil (desculpem, “mercado”) não sofreu o cataclisma econômico que se trombeteava antes com todo o prenúncio aterrorizante e furor das 7 Pragas do Egito...

Por essas e por outras é que sempre achei que o noticiário econômico sofre recaídas freqüentes de editoria de policia. Daí o viés, a ênfase que dá às desgraças e manchetes alarmantes. Nesse sentido, até poucos dias atrás, uma “boa” notícia para os repórteres, editores e articulistas de economia foi a ameaça de que o Tesouro norte-americano não iria pagar suas dívidas, deixando de honrar seus compromissos com fornecedores e investidores em seus títulos, dando simplesmente o “calote”, assim como pode fazer qualquer republiqueta de décima quinta categoria. Ou o cidadão comum quando se encontra em sérios apuros financeiros e não tem como pagar suas contas, no prazo acordado. Sem mais, nem menos.

Impensável!, achava eu, quando lia essas besteiras, por não entrar na minha cabeça que os donos da moeda, o dólar, que substitui o ouro e serve de lastro para outras moedas, iriam “queimar” esse papel tão valioso, desmoralizando-o como garantia de estabilidade monetária mundial. Seria o mesmo que dar um tiro certeiro no coração. Rasgar dinheiro, em suma, coisa que nem louco faz!

Mesmo assim, quem se debruçava sobre o noticiário em geral, inclusive dos telejornais globais, tinha a impressão que os Estados Unidos iriam fechar as portas no outro dia, não para balanço, como fazem certas lojas, mas dando o “golpe” na praça, bem ao estilo de estelionatários denominados “laranjas” e que se evadem após consumada a “arapuca”.

Agora, começam a surgir, aqui e acolá, notícias agourentas sobre a hipótese da China vir a quebrar. É de dar calafrios!

Bem, deixa pra lá... A ler esse tipo de “economês” carregado de sinistrose, prefiro passar raiva e “depilar” o fígado lendo certas “churumelas” e outras “babaovices” produzidas por aqui mesmo.

(*) MÁRIO MARQUES DE ALMEIDA é jornalista. www.paginaunica.com.br. E-mail: [email protected]